Se um rio estiver cheio, com capacidade máxima em sua vazão, e cair uma boa chuva por uma hora, o que acontece? E se uma determinada instalação estiver com toda a sua capacidade sendo utilizada e você adicionar uma extensão, ligando novos aparelhos e puxando mais energia? A isto tecnicamente chamamos de sobrecarga. Com o planeta é a mesma coisa, guardadas as devidas proporções. A Terra tem uma certa capacidade de se regenerar dos acidentes naturais e das (muitas) bobagens que fazemos com o nosso habitat. Ao contrário do que pregavam os predadores do passado, hoje temos a certeza de que os recursos naturais são limitados sim. Portanto, o que exceder ao limite será sobrecarga.
Este será o tema central da COP26, a Cúpula Climática que vai ocorrer em novembro próximo em Glasgow, Escócia. Organismos internacionais calculam o Dia da Sobrecarga da Terra em 29 de julho (desde 2006 a Global Footprint Network trabalha junto com a organização ambiental WWF para se chegar na data, consubstanciada em dados da ONU sobre recursos diversos como florestas, terras de cultivo, pastagens, áreas de pesca e áreas urbanas. Entram nesse cálculo de demanda dos recursos naturais, entre outros, itens como alimentos de origem animal – gado –, vegetal, peixe, madeira e a capacidade das florestas de absorver emissões de dióxido de carbono). Logo, o que passar disso entrará “no vermelho”, tal e qual o assalariado que vê seus proventos desaparecerem lá pelo meio do mês e entra no cheque especial do banco.
O Brasil, este ano, antecipou a sua cota em dois dias, entrando em sobrecarga a partir de 27 de julho. Terrível, não é mesmo? Pois falta quase meio ano e nosso estoque acabou. Mas o que dizer da austera Alemanha, berço do Partido Verde, que cruzou essa perigosa linha em 05 de maio? E da Suécia, da simpática ativista Greta Thunberg, que entrou em emergência em 6 de abril? E se tudo isso está ruim, descompassado, com os ditos países desenvolvidos consumindo muito mais que os pobres, o que pensar da América do Norte, em que Estados Unidos e Canadá esgotaram a cota dia 14 de março?
No campo corporativo começam a surgir movimentos para atender este grito rouco do planeta. Se ainda não são suficientes, ao menos deram a partida. Na última quinta-feira, 29, o novo presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), Gary Gensler (que assumiu o cargo em 17 de abril), avisou que vai requerer o reporte dos riscos climáticos por parte das companhias abertas como item obrigatório já no ano que vem. Ele admitiu que os investidores estão exigindo mais informações sobre as mudanças climáticas e que a regra anterior da SEC, prevendo publicação facultativa deste aspecto, não serve mais já que as divulgações têm sido inconsistentes.
Abaixo da linha do Equador a preocupação é a mesma, até porque uma parte dos investidores de lá são os mesmos daqui. Na recente reforma da Instrução CVM 480, a Comissão de Valores Mobiliários reforçou o conceito ESG (em inglês, ambiental, social e governança) propondo às empresas listadas na Bolsa brasileira “maior destaque à divulgação de riscos sociais, ambientais e climáticos”, exigência de posicionamento sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relevantes para o seu negócio e as empresas que não divulgarem Relatório de Sustentabilidade ou não adotam indicadores-chave de desempenho nas questões socioambientais que expliquem o motivo de não fazê-lo (o conhecido “pratique ou explique”). A regra vale a partir de 22.
Na política se diz que “agosto é mês de desgosto” (em referência à morte de Getúlio e à renúncia de Jânio, ocorridas dias 24 e 25, respectivamente, do mesmo mês). Na vida esportiva, agosto de 2021 começa como um mês de ouro, em razão da conquista de medalha da menina Rebeca Andrade, no Salto, na Olimpíada de Tokyo. E, no embalo desta conquista, não custa proclamar o mantra: “que agosto seja do nosso gosto”.
SUPER IPO
Joint venture entre a Shell e a Cosan, a Raízen é uma empresa integrada de energia, que desperta o apetite de investidores há algum tempo. E esta avidez está próxima de ser satisfeita.
O IPO da companhia deverá ocorrer no dia 5 próximo (5ª-feira) e ser o maior da temporada, em um mundo que clama cada vez mais por energia e, de preferência, limpa.
Mercado aposta que as ações serão todas vendidas, com preço máximo, o que alcançará a movimentação de R$ 10 bilhões.
ANTIFRAUDE
A ClearSale (CLSA3), empresa digital focada em produzir soluções antifraude, movimentou pouco mais de R$ 1 BI ao concluir seu IPO na última sexta-feira. Deste quantum, 55% foram captados em oferta primária e o restante em oferta secundária.
LOGÍSTICA
Com o IPO realizado no dia 27, a Armac Locação Logística e Serviços (ticker ARML3) captou R$ 1 BI em oferta primária e outros R$ 530 MM na secundária – em números redondos.
TELE / ETD
Na semana que passou a B3 registrou ainda o IPO da Unifique Telecomunicações, que movimentou R$ 818 milhões, e o lançamento do ETF com referência no Ibovespa B3.
O novo ETF (Exchange Traded Fund) já está disponível para negociação, sob o ticker IBOB11.
VAREJO
A AMMO Varejo, controladora das marcas MMartan, Casa Moysés e Artex, registrou pedido de IPO na CVM no último dia 28. A data de estreia ainda não está definida.
A gigante em produtos de cama, mesa e banho, teve receita bruta de R$ 735 MM em 2020.
DEBÊNTURES
No fechamento de mercado da semana passada, a CSN Mineração divulgou Fato Relevante anunciando a aprovação, pelo Conselho, de R$ 1 BI em debêntures.
A emissão se dará em duas séries. A primeira pagará juros, com base no IPCA, mais 4,8790% a.a. e a segunda terá IPCA mais 5,0210% a.a.
BRA
No dia 3 próximo (3ª) o Banco Bradesco anunciará resultados, logo após o fechamento de mercado. No seguinte, 4, realizará teleconferência, às 10h30.
SAN
Como anunciou o Portal Acionista no fechamento da semana, o Santander terá um novo CEO a partir de janeiro de 22. Deixará o cargo o executivo Sérgio Rial – com elogiável desempenho do banco no mercado – e assumirá Mário Opice Leão.
AQUISIÇÃO
A Professional Emergency Resource Services (PERS), empresa especializada em atendimentos de emergência, localizada em Ogden, Utah, nos Estados Unidos, é a mais nova integrante do Grupo Ambipar.
A Central de Emergência opera com um time técnico de 44 especialistas, atendendo em qualquer idioma. Com isto, a Ambipar integra suas centrais de atendimento na América Latina, América do Norte e Reino Unido, “assegurando aos clientes o mais alto nível de segurança em modais de transporte”, diz a companhia.
Esta é a 21ª aquisição desde o seu IPO em julho de 2020.
ABAG
Às 9h da segunda-feira, 2, começa o 20º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado pela ABAG em parceria com a B3. Evento será online, via site da associação, tendo como tema “Nosso Carbono é Verde”.
Abertura será com os ministros Tereza Cristina, da Agricultura, e Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura, que estarão ao lado dos anfitriões Marcello Brito (ABAG) e Gilson Finkelsztain (B3).
5G
A WEG, tradicional empresa da Bolsa de Valores brasileira, já está conectada à internet 5G. Segundo o Estadão, está sendo realizado o teste de conectividade na matriz, em Jaraguá do Sul (SC). Este é um passo enorme em conexões, já que a tecnologia 5G é muito mais veloz que os sistemas utilizados no Brasil atualmente.
DE OLHO
Mercado começa a crescer o olho na rede Venâncio de drogarias. Em audiência com o governador Cláudio Castro, a alta direção da rede anunciou a abertura de 30 novas lojas no Rio, nos próximos dois anos. Atualmente a Drogaria Venâncio tem 95 lojas, na capital, Niterói, Duque de Caxias, Nova Iguaçú e Petróplis.
Segundo o ranking da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, esta é a 9ª colocada em vendas.
APP
Com a pandemia, o delivery e o varejo farmacêutico cresceram. Segundo dados do Farmácias APP, aplicativo online de saúde e beleza, as transações na plataforma cresceram 56,4% no primeiro semestre deste ano, contra o segundo semestre do ano passado.
HIDROVIA/SUL
O governo argentino vai abrir o segundo processo de concessão da Hidrovia do Rio Paraná. Somados os 25 portos e terminais em seus 1.200 Km de rio, por ali circulam cerca de 92 milhões de toneladas de grãos produzidos na Argentina.
A brasileira DTA Engenharia vai disputar a concessão, de alto interesse dos exportadores da região sul do Brasil.
FERROVIA/NORTE
A VLI, empresa de logística, e a Companhia Operadora Portuária do Itaqui (COPI) formalizaram parceria com o objetivo de desenvolver uma nova estrutura logística para atender à crescente demanda do setor produtivo agricultor por insumos fertilizantes no Norte do país.
No acordo estão previstos a criação de um novo ramal ferroviário, conectado à malha do Corredor Centro-Norte e interligado ao Terminal da COPI no Porto de Itaqui (MA) por meio do qual os insumos serão carregados e transportados por quase 1.000 quilômetros, até um novo terminal intermodal que será construído em Palmeirante, no Tocantins.
As obras terão início neste mês de agosto e o investimento será de R$ 200 milhões. A capacidade inicial de movimentação será de 1,5 milhão de toneladas ao ano.
PORTO/NORDESTE
O Complexo Portuário de Suape filiou-se ao Iclei (Governos Locais pela Sustentabilidade), organização global que conta com 2,5 mil gestões públicas locais e regionais comprometidas com o desenvolvimento urbano sustentável do planeta. Na América do Sul já são mais de 80 governos municipais e estaduais associados (entre os quais o governo de Pernambuco e as Prefeituras de Recife e de Caruaru).
Suape tem 59% do território de 13,5 mil hectares inseridos na Zona de Preservação Ecológica (ZPEC).