CENÁRIO EXTERNO

Covid ameaça mais um verão europeu

Covid ameaça mais um verão europeu

Ativos de risco globais estão iniciando a semana sem direção única, com a pandemia voltando ao destaque do noticiário após um final de semana que trouxe poucas mudanças relevantes para os mercados. Enquanto futuros de NY operam mistos, bolsas europeias têm desempenhos predominantemente negativos, com papéis de empresas ligadas ao turismo capitaneando o movimento na medida que a imposição de novas restrições para conter o alastramento da variante delta do coronavírus ameaça o fluxo de viajantes em pleno verão europeu. Na Ásia, onde os principais mercados já encerraram negociações, bolsas tiveram desempenhos mistos, com destaque negativo para alguns países do sudeste asiático que ainda enfrentam lockdowns generalizados. No pano de fundo, o dólar oscila entre ganhos e perdas frente aos seus principais pares (DXY) enquanto verificamos um novo fechamento dos juros futuros nos EUA. Para as commodities, o dia tem início mistos, com ativos agrícolas subindo enquanto metálicas registram desempenhos predominantemente negativos.

Na agenda

Hoje, sem grandes destaques na agenda de indicadores, investidores se atentarão a mais um discurso do presidente do Fed de Nova Iorque, John Williams, às 10h; e a sondagem industrial de junho realizada pelo Fed de Dallas.

Para os próximos dias

Apesar do início morno, a agenda econômica da semana promete uma série de indicadores relevantes nas principais economias do mundo. Amanhã (3ªfeira), a comissão europeia divulga o seu indicador de confiança na economia, o escritório de estatísticas nacional da Alemanha (GFSO) solta o índice de inflação ao consumidor preliminar de junho, o Conference Board divulga o seu índice de confiança do consumidor nos EUA e o escritório nacional de estatísticas da China (NBS) apresenta o PMI oficial de junho. Na 4ªfeira, sai a leitura preliminar da inflação ao consumidor na zona do euro, o ADP divulga os dados de emprego no setor privado nos EUA e a Caixin divulga o PMI industrial de junho na China. Na 5ªfeira, o dia ficará marcado com a divulgação dos PMIs industriais pelo Instituto Markit na Europa e nos EUA, o ISM industrial nos EUA e o os novos pedidos de auxílio-desemprego no mercado de trabalho americano. Por fim, na 6ªfeira; o mercado recebe junto com o relatório de emprego de junho nos EUA o resultado da balança comercial americana no mesmo mês e as encomendas à indústria em maio.

No campo dos eventos

Além de uma agenda de indicadores movimentada, a semana traz diversos eventos de interesse para o mercado: o encontro de líderes da OCDE em Paris promete um acordo sobre a proposta de um imposto global (4ªfeira), o presidente da China, Xi Jingping, discursa no evento que comemora 100 anos de Partido Comunista na China (5ªfeira) e a OPEP+ têm reunião ministerial agendada para esta 5ªfeira.

CENÁRIO BRASIL

Mercado ainda lida com indigestão causada pela 2ª etapa da reforma tributária

Reforma tributária

O mercado ainda digere a apresentação da 2ª fase da reforma tributária ocorrida na sexta-feira. Durante a presente semana, integrantes da equipe econômica e parlamentares aliados do governo devem esclarecer e defender as alterações previstas pelo projeto. A proposta trouxe poucas surpresas e, mesmo assim, desagradou o mercado.

FIIs

Um dos pontos mais mal recebidos foi a taxação dos rendimentos distribuídos pelos Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs). A apresentação e a íntegra do projeto, divulgadas pela equipe econômica, citam uma alíquota de 15%, mas uma nota emitida pelo Ministério da Economia revelada pela consultoria política Arko Advice gerou confusão ao esclarecer que “Lucros e dividendos são distribuídos por pessoa jurídica. E esse não é o caso de Fundos de Investimentos imobiliários (FII), já que não são assim considerados”.

Mais tributária

Além do projeto que traz alterações ao Imposto de Renda, a Câmara dos Deputados deve discutir o projeto que visa criar um novo imposto sobre valor agregado que a equipe econômica batizou de CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). A tentativa de criar uma única alíquota para os vários setores da economia (serviços, indústria, agro, etc.) causou entidades que representam esses setores a defenderem alíquotas menores ou rebaterem propostas que preveem alíquotas diferenciadas para os vários setores.

CPI da Pandemia

A mídia deve manter como foco as reuniões da CPI do Covid, que ouviu na última sexta-feira os depoimentos do deputado Luís Miranda (DEM-DF) e do seu irmão Luís Ricardo Fernandes Miranda, funcionário do Ministério da Saúde. As discussões em torno dos possíveis indícios de corrupção e outras supostas irregularidades nos contratos de compra do imunizante indiano Covaxin elevou a temperatura da CPI para uma nova máxima. A reação do presidente Bolsonaro ao ser confrontado com esses indícios pelo deputado Miranda em março e a sua suposta atribuição do “rolo” ao deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados, ainda devem ser debatidos exaustivamente.

Autonomia do BC

O STF retomou a análise da constitucionalidade da autonomia do Banco Central na última sexta-feira. O ministro Ricardo Lewandowski, relator do caso; já havia se posicionado a favor da ação apresentada pelo PSOL e o PT que apontava um vício de iniciativa do projeto que foi apresentado por um senador. Porém, na sexta-feira, o ministro Luís Roberto Barroso divergiu do relator e votou a favor da validade do projeto. Logo em seguida, o julgamento foi suspenso após a apresentação de um destaque que transferiu a análise da ação do plenário virtual para o plenário físico (presencial). O ministro Luiz Fux ainda não marcou nova data para que o assunto seja retomado, mas, como o judiciário entra em recesso no dia 01/07; o mais provável é que o assunto só seja pacificado em agosto.

Na agenda

A agenda da semana começa com o relatório Focus do BCB, às 8h30; seguido pela nota de política monetária e de operações de crédito também divulgada pela autoridade monetária, às 9h30. Na mesma hora, o mercado recebe o Caged e o resultado mensal da dívida pública em maio. Amanhã, o destaque fica com o IGP-M de junho e o IPP de maio na fronte da inflação. No mesmo dia, o Tesouro divulga o seu resultado em maio e realiza um leilão tradicional de NTN-Bs. Na 4ªfeira, o IBGE divulga a taxa de desemprego (PNAD-Contínua) em abril e o BCB solta a sua nota à imprensa de política fiscal com o resultado primário do governo em maio. Para fechar a semana, o mercado recebe o resultado da balança comercial em junho na 5ªfeira; e a produção industrial (PIM) em maio, na 6ªfeira – a 1ª pesquisa setorial para o mês.

E os mercados hoje?

Mercados globais abriram a semana sem tendência bem definida após mais um fim de semana de poucas novidades. Como destaque do noticiário, a reintrodução de restrições na zona do euro para conter o alastramento da variante delta da covid-19 se coloca como ameaça para o fluxo de viajantes durante o verão europeu. Na agenda, investidores acompanham o encontro de líderes da OCDE, que pode definir a proposta por um imposto mínimo global, além do relatório de emprego de junho nos EUA, que trará mais informações relevantes sobre onde se encontra a economia americana e qual serão os próximos passos do Federal Reserve. No Brasil, a apresentação da 2ª fase da tributária segue sendo repercutida pelo mercado, que já mostrou não ter gostado nem um pouco da proposta no final da semana passada, enquanto a CPI da Covid mantém as tensões em alta em Brasília. Desta forma, antecipamos uma abertura de viés negativo para ativos de risco locais; que não poderão contar nem com um impulso do exterior na manhã desta 2ªfeira.

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