Em algumas horas o colegiado do Banco Central, o COPOM, irá anunciar a nova taxa SELIC. Mantemos nosso call de alta de 75 pontos base nessa reunião e com a taxa fechando o ano em 6,25%. Obviamente vamos rever esta projeção à luz do comunicado da Autoridade Monetária, mas podemos adiantar que devemos rever para 6,50% para o final de 2021.

O ambiente é amplamente desafiador para o Banco Central. Que persista a leitura disseminada entre bancos centrais pelo mundo que a inflação recente é derivada de choques transitórios no preço de commodities alimentícias e energéticas sabemos bem que há mais em jogo no Brasil que isto. Os principais pontos de atenção são:

  1. O IPCA muito provavelmente irá fechar 2021 acima da meta;
  2. A alta do IGP-M retroalimenta um perverso mecanismo de inércia inflacionária;
  3. Está claro para todos que a crise hídrica terá um impacto severo na energia elétrica.

No sentido contrário, ou seja, que aponta para juros menores podemos apontar:

  1. Resultados fiscais melhores que o esperado;
  2. Massa Salarial ainda frágil;
  3. Nos parece provável que de fato a alta de commodities se amaine no segundo semestre.


No meio deste empate técnico entre motivos para alta e motivos para queda o impasse se revela. É da minha opinião que dado que a inflação recente é de OFERTA e não de DEMANDA que não há muito o que fazer via SELIC uma vez que a única variável que esta pode auxiliar seria indiretamente via a valorização do Real atenuando no curto prazo os efeitos mais deletérios da alta de commodities.

Expectativas

Estamos hoje com expectativas melhores para a moeda brasileira, ou seja, a percepção que o Brasil ficou barato em dólares está fazendo de maneira benigna o que seria o “trabalho sujo” da alta da SELIC em atrair divisas americanas. O volume de estrangeiros na B3 deixa isto evidente.

Contudo, um risco me chama atenção. Não é razoável supor que as condições monetárias globais permaneçam tão favoráveis por tanto tempo. Muito provavelmente deveremos ver no meio do segundo semestre alguma correção nos juros de 10 anos nos EUA e isto pode exigir mais prêmio de economias como a Brasileira. A curva de juros já está bastante inclinada – já esteve mais, é verdade – e isto é um sinal perigoso.

Especialmente numa economia altamente indexada como a nossa.

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