Prof. Rodrigo Antonio Chaves da Silva

Contador-analista, auditor, consultor gerencial e empresarial, ganhador do prêmio internacional de contabilidade financeira Luiz Chaves de Almeida, profrodrigochaves.com.br

Uma das atividades agrícolas comuns de se plantar em climas frios é a do café.

As regiões frias que tem tais traços econômicos pertencentes ao agronegócio, investem na plantação, colheita, e venda do café.

Hoje o café é um produto “perigoso”, chamamos o mesmo de commodity. Porém, o que é isso? É um produto com altas e baixas frequentes no mercado, absolutamente flexível e volátil, de modo a ter uma influência direta.

Mas, por que um produto igual a este tem tanta volatilidade? No Brasil existiu até uma época que o café era a principal produção de exportação, era o principal produto, todos o produziam, vendiam, todavia, uma economia dependente de apenas um produto é muito perigosa, esta dependência foi absolutamente negativa.

Como um derivativo (bens que sofrem alteração direta do mercado), o café é altamente influenciado pela oferta e procura em uma comunidade econômica.

Nos lugares de interior, igual a Vermelho Novo, Caratinga, Sericita, Pedra Bonita, Manhuaçu, e Abre Campo, grande parte dos produtores rurais tiveram uma leva muito grande de alteração da sua plantação, por causa do “clima” desfavorável da economia, ora deixando ela toda em estoque, ora mesmo vendendo ela a preços baixos, de maneira a ter que manter uma situação insatisfatória; no todo, o comum “tomar prejuízo”, pois, haviam os custos, insumos, e dívidas a pagar consideravelmente.

Era comum a regra que se falava comumente: “ano passado não se teve produção, mas teve preço, agora este ano não se tem preço, mas se tem produção”.

A produção vendida a preços baixos, mitologicamente, não compensa ao produtor, o que faz levar o café todo a estoques; tentar se guardá-lo para ano que vem esperar uma safra boa, pois, o café guardado e bem seco não se perde.

Então, no passado como comentamos, já houve o “pecado patrimonial” de se acreditar que produzindo um único bem, resolveríamos todo o problema econômico e de produção agrícola da nação, a resposta foi lamentavelmente errada e negativa.

Quando a produção era para ser muito maior, com a reforma agrária, e ampliação da produção do pequeno produtor, nos auspiciosos tempos da ditadura militar, se firmou na idéia cultivada pelos “técnicos” que manter a produção rural não seria a solução, e sim tecnizar o homem do campo. Esta tese até hoje conta com necessidade de comprovação e não encontra credibilidade na prática.

A realidade é que a produção econômica do Brasil, mesmo sendo relevante (assumindo em sua metade a soma dos produtos nacionais da América do Sul), não é ainda satisfatória com relação a toda extensão de terra que nos temos, milhares de fazendas, e ainda, a concentração de renda existente para concentrar mais a produção do agronegócio.

Junto a isto outros problemas aparecem como a falta de incentivo sem base econômica leva a desperdício de capital, e a ausência de valoração mercadológica, faz o seu preço se tornar pouco conveniente, considerando os custos gastos.

Em época de economia ruim, o mais interessante para o produtor de café, é respeitar o seu Ponto de equilíbrio, ou seja, o nível de vendas que deveria possuir para absorver, ou bancar todos os seus custos. Este tipo de análise é técnica, e a maioria dos produtores rurais deve contar com tal orientação para não prejudicar os seus estoques e o seu resultado.

Guardar o café nem sempre é a melhor solução, isso se está comprovando por um trabalho excelente, realizado pelos meus orientados da Faculdade de Caratinga, Lucas Silveira e Nicolas Antônio, que analisando um estudo de caso de importante fazenda de um município da região, perceberam que se o dono vendesse toda a plantação, sobraria ainda mais ou menos $ 70.000,00 de lucro, agora mantendo todo o café em estoque, houve um gasto sem recuperação de praticamente $ 500.000,00.

Qual dos dois é melhor o lucro ou prejuízo? O resultado menor ou o custo empatado? Claro que as primeiras opções!

Em épocas nas quais, mesmo o empresário tem prejuízos com a atividade cafeeira, antes o mesmo prejuízo ser pequeno, do que manter estoques potenciais de venda, com prejuízos enormes, que fazem a paralisação desse bem na empresa não ser produtivo, danificando toda a estrutura do capital.

Por este motivo reza o antigo ditado: “mais vale um pássaro na mão que dois voando!”, que segue para a atividade cafeeira: “mais vale vender e bancar todos os seus custos, do que manter e assumir a soma de prejuízos, pois, estoque parado é lucro imobilizado, ou resultado que não consegue se efetivar com vendas possíveis, mesmo em mercados desequilibrados”.

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