🌎 CENÁRIO EXTERNO
China, Bitcoin e balanços
Mercados
Mercados asiáticos abriram a semana em tom positivo, com destaque para bolsas chinesas após o órgão regulador financeiro do país aliviar preocupações com um evento de crédito ocorrido na semana passada. Bolsas europeias também voltaram a abrir negociações no verde, com o Stoxx 600, índice que abrange ativos de toda a região, registrando alta de 0,2% até o momento. Nos EUA, índices futuros de NY se movimentam na contramão (S&P 500 fut: -0,2%), com investidores buscando novos drivers para elevar ativos acima dos patamares atuais. Paralelamente, o dólar (DXY) têm manhã nova manhã de fragilidade (-0,5%) e o juros futuros operam próximos à estabilidade nas economias desenvolvidas (rendimento das treasuries de 10 anos: 1,57% a/a). Por fim, na fronte das commodities, ativos têm manhã predominantemente positiva. Como destaque negativo, o preço do petróleo (Brent Crude – ICE) registra leve baixa de 0,1%, negociado próximo dos US$ 66,70/barril.
China, Bitcoin e balanços
Bolsas europeias e índices futuros de NY estão operando sem direções claras após uma sessão positiva na Ásia, onde o órgão regulador chinês aliviou preocupações em torno da saúde da China Huarong Asset Managemente Co., que havia perdido o prazo de divulgação dos seus resultados e gerado receio de contágio no mercado de crédito da região. No final de semana, o destaque ficou com a forte realização no mercado de criptomoedas, com o Bitcoin chegando a perder 15,0% do seu valor no sábado após a euforia com a oferte pública da Coinbase Global Inc. elevar o valor do principal ativo do segmento a quase US$ 65 mil dólares ao longo da semana passada – a moeda abre a 2ªfeira negociada próxima da casa dos US$ 57 mil. Por fim, olhando prospectivamente, o investidor deverá manter a temporada de resultados corporativos no radar, com os lucros da Coca-Cola, P&G, Johnson & Johnson, Netflix, Intel e Amex previstos para esta semana.
Na agenda
Além dos lucros corporativos, a agenda de eventos relevantes da semana reserva reuniões de política monetária do Banco Central Chinês (PBoC), na 3ªfeira, e do Banco Central Europeu (ECB), na 5ªfeira. Na fronte dos indicadores, o investidor recebe o Índice de Atividade Nacional do Fed de Chicago de março (CFNAI); os novos pedidos de auxílio-desemprego semanais nos EUA e a confiança do consumidor europeu na 5ªfeira. Na 6ªfeira, o destaque fica com as leituras preliminares de abril dos PMIs nos Estados Unidos e na zona do euro.
CENÁRIO BRASIL
Lira vence queda de braço com Guedes e preserva emendas no orçamento
Resumo da semana
Após meses de atrasos, intrigas e acusações, a saga do Orçamento de 2021 chegará ao seu fim na quinta-feira – data limite para que o presidente sancione a peça orçamentária. O mercado aguarda o momento com grande antecipação, em busca de sinais do compromisso do governo com o teto de gastos e para melhor entender as prioridades do Planalto em um ano com tantas demandas e tão pouco espaço de manobra. Enquanto isso, no Senado, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia deve ser instalada. O colegiado elegerá um presidente que nomeará o relator.
Veterano das batalhas do Orçamento
Em 2020, a batalha pelo Orçamento foi travada entre o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o seu antecessor, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Eventualmente, o desejo de Lira prevaleceu e a sua colega de partido e atual ministra da Secretaria do Governo; a deputada Flavia Arruda (PL-DF), assegurou a vaga de presidente da CMO (Comissão Mista de Orçamento). Agora, o rival é o ministro Paulo Guedes (Economia), mas o vitorioso deve ser o mesmo.
Crime de responsabilidade
Guedes passou semanas insistindo que a sanção do Orçamento representaria um crime de responsabilidade – fato que tornaria Bolsonaro vulnerável a um eventual processo de impeachment – e que seria necessário vetar todas as emendas parlamentares ou, ao menos, reduzi-las para um patamar próximo de R$ 10 bi. Enquanto isso, Lira garantia que o presidente não corria perigo se sancionasse o Orçamento como ele se encontra, mas estava disposto a retomar o volume acordado antes das alterações feitas pelo relator geral da proposta, o senador Marcio Bittar (MDC-AC), que adicionou R$ 10 bi ao espaço orçamentário controlado pelos parlamentares.
Congresso supera equipe econômica
No momento, os rumores que surgem dos bastidores de Brasília sugerem que o entendimento de Lira deve prevalecer e que um veto parcial deve restaurar os R$ 16,5 bi em emendas originalmente previstas pelo projeto orçamentário. Esse entendimento deve evitar que o presidente se indisponha com o Congresso antes da sessão de análise de vetos marcadas para hoje – um momento onde os parlamentares poderiam se vingar derrubando as canetadas presidências.
Gastos eficientes
Durante a mesma sessão, o Congresso também deve fazer alterações à LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para permitir a criação de novas despesas sem a necessidade de contingenciamentos ou aumento de tributos. Desta vez, a equipe econômica não deve se opor à medida custosa, já que a alteração permitirá o retorno do BEm, um programa de manutenção de empregos que estancou o diluviou de demissões ocorridas em 2020.
CPI da pandemia
Na semana passada, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), prometeu instaurar a CPI da pandemia até esta quinta-feira. A reunião inaugural do colegiado só deve ocorrer na semana seguinte; mas ainda não há um acordo em relação a maneira como os trabalhos serão conduzidos (de forma remota ou presencialmente).
Composição da CPI
Na quinta-feira passada, os senadores firmaram um acordo que definiu os 11 titulares e 7 suplentes que integrarão a CPI. Durante a instalação da CPI que ocorrerá esta semana, a expectativa é que o senador Omar Aziz (PSD-AM), considerado um independente, seja eleito presidente da comissão e nomeie o senador Renan Calheiros (MDB-AL) – que geralmente vota com a oposição, mas também dialoga com o governo – como relator. As maiores pedras no sapato do governo entre os 11 titulares do colegiado serão os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ambos assíduos críticos do governo.
Na agenda
O Banco Central protagoniza a manhã desta 2ªfeira, com divulgação do boletim Focus, às 8h25, seguida pelo IBC-Br de fevereiro (Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil), às 9h. Com relação à nossa proxy mensal para o PIB, esperamos uma alta da ordem de 1,0% na margem (0,0% a/a); reflexo do bom desempenho verificado em grande parte das pesquisas setoriais no mês. Não obstante, o dado deverá ser levado em conta mais como uma foto do passado do que como um indicativo de melhora futura, uma vez que a reintrodução de medidas agressivas de combate à covid-19 em março preconiza uma forte piora para a atividade no mês. Por fim, a Secint fecha a agenda do dia com o resultado da balança comercial semanal, às 15h. No restante da semana, encurtada pelo feriado de Tiradentes (4ªfeira), não serão divulgados indicadores relevantes em âmbito local.
E os mercados hoje?
Mercados globais iniciaram a semana de maneira mista, com alta das bolsas asiáticas e europeias e queda dos índices futuros nos EUA. Em manhã de agenda econômica fraca, as atenções deverão se voltar a divulgação de lucros corporativos nos EUA; que poderão servir como drivers para maiores valorizações. No Brasil, a dinâmica forte das bolsas e a recente fraqueza do dólar que beneficiaram o Ibovespa e o real na semana passada dão sinais de continuidade. Não obstante, o ambiente em Brasília segue de alta incerteza, com promessa de um desfecho para o orçamento já nesta 2ªfeira; início da CPI da pandemia prevista na semana e a conclusão do julgamento do STF sobre a suspeição do ex-ministro Sérgio Moro. Com tudo isso no radar, esperamos mais uma sessão de viés neutro/positivo para ativos de risco locais que, assim como na semana passada, poderão continuar se beneficiando da forte dinâmica positiva que se instalou nos mercados – principalmente pela alta forte das commodities –, mas com maior dificuldade em função da manutenção de diversas fontes de ruídos em Brasília.