Dólar sobe em movimento global de aversão a risco e ONU alerta para calor de emergentes, segundo André Perfeito economista-chefe da Necton, veja com mais detalhes.
O Dólar renovou máximas dos últimos dias e bateu R$ 5,80 na manhã desta segunda-feira. Parte deste movimento de alta pode ser creditado a uma maior aversão ao risco uma vez que maioria absoluta das moedas emergentes perde contra a divisa norte-americana. Pode conspirar para este fato o preço do petróleo em queda hoje (possivelmente por conta do fim da crise no canal de Suez, o que faria diminuir os custos de transporte e, logo, no preço final das mercadorias), mas não só.
Segundo André Perfeito e equipe de análise da Necton, chamou atenção a matéria recente no Financial Times onde o secretário geral da ONU, António Guterres, alerta para o fato que as dívidas de países em desenvolvimento pode sair de controle após os esforços de combate a pandemia. Guterres alerta que no último ano seis países deram calotes nas suas dívidas externas (Argentina, Belize, Ecuador, Líbano, Suriname e Zambia).
O risco na mesa é que países que não tem dívida relevante em dólar, como é o caso do Brasil e África do Sul, estão se financiando internamente com taxas muito mais altas que as praticadas nos países centrais. Guterres cita especificamente o Brasil numa questão que estamos alertando há tempo: o prazo médio da dívida vem caindo e isto pode se tornar um problema em potencial. Há uma ilusão de sustentabilidade da dívida segundo ele.
O secretário geral apela para que países ricos reforcem seus aportes no FMI via SDR para tentar evitar maiores problemas no futuro.
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Segundo André, reforçamos nosso call que o BCB deve subir a SELIC em 100 pontos na próxima reunião e que a taxa básica chegará a 6% ao final de 2021. O FOCUS divulgado hoje já deixa bastante evidente que a inflação está cada vez mais “selvagem” por assim dizer. O IPCA projetado para o final de 2021 era de 3,87% há um mês, hoje já está em 4,81%. O IGP-M perde cada vez mais o controle. Há um mês a projeção dos economistas era que o índice geral fechasse 2021 em 8,88%, agora a projeção já é de 12,20%.
Há um risco real de se perder o controle da dinâmica da dívida caso não se estabilize mais rapidamente as impressões sobre o governo federal que está sofrendo crises reiteradas. A crise desta semana é a eventual saída do chanceler Ernesto Araújo e a discussão sobre isso sem dúvida eclipsa a agenda de reformas e outras medidas.
