A vacinação é um imperativo para a retomada da vida (quase) normal e, por isso mesmo, para a recuperação da economia. Menos mal que o governo tenha mudado sua posição e, agora, trabalha em favor da proteção da saúde. Boas também são as notícias oriundas do Instituto Butantan. Na mesma medida sabemos que muito tempo foi perdido e que o atraso nas vacinas prejudica a vida de todos, por isso não dá pra saber se o nível de crescimento vai ser o necessário para suportar as necessidades do país.
Há projeções positivas, mas os economistas também erram; todos sabemos. Depois do tombo de 4,1% em 2020, jogando o PIB a R$ 7,4 TRI, a expectativa de recuperação para este ano aumentou. É preciso gerar empregos. O Brasil, e boa parte do planeta, está literalmente sufocado.
Até aqui temos previsões acima de 3% para o período. De acordo com o Ministério da Economia, o PIB deverá crescer 3,2%; o Relatório Focus aponta 3,47% e o Banco Central arrisca 3,6%. Sobre uma base de – 4% não é grande coisa, mas dada a conjuntura nacional e internacional, frente a pandemia, são números muito bem-vindos, porque em cima desta há que se aplicar outros índices positivos para 2022.
O fato é que a máquina não pode parar e a roda precisa girar, pra frente. É certo que muitas vidas ainda ficarão pelo caminho, para tristeza da Nação. A pandemia é cruel. E neste momento o governo central e os governos locais precisam ser rápidos. E precisos. Um coveiro não pode trabalhar mais que um operador de máquinas ou um agricultor. Urge refazer esta equação. Os milhões que passarão por esta hecatombe precisarão celebrar a vida – e isto só será possível com trabalho e comida na mesa.
VAREJO
A consolidação do varejo no Brasil deu um passo importante com a aquisição do BIG pelo Carrefour. Com presença em 19 estados, por meio de 387 lojas, o BIG saiu barato pelas contas do mercado (R$ 7,5 BI) e vai reforçar a presença dos franceses nas regiões Sul e Nordeste do país.
Por trás desse movimento todo do Carrefour existe um nome importante: Abílio Diniz. Desde o IPO da companhia, em 2017, na B3, até esta compra do BIG (ex-Walmart), o líder da Península (que tem 7,2% das ações do Carrefour Brasil) mira a consolidação do varejo, algo que parecia muito difícil em sua época de Pão de Açúcar.
PAPEL
A Suzano inaugurou, na semana que passou, a fábrica de papéis sanitários de Cachoeiro de Itapemirim, sul do Espírito Santo. Com investimentos de R$ 130 milhões, a unidade tem capacidade para produzir 30 mil toneladas anuais de papéis higiênicos, o que equivale a 1 milhão de rolos por dia.
Além desta unidade capixaba (sua 11ª fábrica), a companhia possui quatro unidades de bens de consumo que atendem principalmente os mercados das regiões Norte e Nordeste e estão instaladas em Mucuri, Imperatriz (MA), Belém (PA) e Maracanaú (CE).
DAY
No “Suzano Day”, dia 24 último, o presidente Walter Schalka reiterou os compromissos assumidos pela companhia – “investir em pessoas, criar e compartilhar valores e só é bom pra nós se for bom para o mundo” – e comentou as ações na pandemia com doação de respiradores, construção de hospitais e engajamento na vacinação.
Falou também do recuo no 2º TRIM do ano passado e a “recuperação em V”, no 2ºSEM. Seus diretores, na sequência, abordaram tecnologia, inovação e logística (com 32 projetos em andamento para melhoria das plantas, reunindo investimentos de R$ 2 MM até 2024) e a política de diversidade e inclusão adotadas pela companhia.
SANEAMENTO
Com presença em 37 municípios de cinco estados brasileiros – Alagoas, Mato Grosso, Santa Catarina, São Paulo e Paraná – a Iguá Saneamento anunciou readequação do seu plano estratégico a fim de priorizar as questões ESG.
Membro do Pacto Global da ONU, a empresa assumiu compromissos públicos como universalização do saneamento até 2030; ser carbono neutro até 2030; aumentar para 45% a participação de mulheres em cargos de liderança e elevar para 50% a presença de negros em toda a organização até 2025; bem como aprimorar o aproveitamento hídrico e implementar estudos de impacto das mudanças climáticas em seus mananciais; e adotar processo de homologação de fornecedores até dezembro deste ano, replicando as premissas sustentáveis da companhia em sua cadeia de suprimentos.
ESG AJUDA
Em um cenário de incertezas causadas pela pandemia, os empresários brasileiros não têm dúvidas quando o tema aborda a importância das práticas ESG nas organizações. É o que demonstra o resultado da pesquisa global da Grant Thornton. Para 89% dos entrevistados, o ESG é importante para os negócios. Mais de 90% deles também afirmam que as práticas ambientais, sociais e de governança podem melhorar a imagem da empresa no futuro (43% concordam e 48% concordam fortemente).
No que se refere ao relacionamento com clientes e fornecedores, 54% concordam e 38% concordam fortemente que pode melhorar. E quando questionados se as práticas ESG podem efetivamente abrir novos acessos às fontes de financiamento a taxas menores, 53% concordam e 31% dos empresários concordam fortemente.
CAIXA
O BNDES vai ajudar o caixa do governo central. Depois do Conselho aprovar, a direção acertou com o Ministério da Economia a devolução de R$ 62 bilhões ao Tesouro, até dezembro próximo.
Lembrando que em janeiro último o TCU decidiu que os aportes feitos pelo Tesouro, entre 2008 e 2014, agrediram a Constituição. Com isto, Gustavo Montezano, presidente do banco, se prontificou a devolver o quanto antes os valores aportados.
RECOMPRA
Reunido na última sexta-feira, o Conselho de Administração da COSAN aprovou um novo programa de recompra de ações. A companhia poderá adquirir 3,6% do total dos papéis emitidos – equivalentes a 17 milhões de ações.
ESPORTE
Detentor da Centauro, Fisia (distribuidora exclusiva da Nike no Brasil) e NWB (canais digitais Desimpedidos, Acelerados e Falcão 12, entre outros) o Grupo SBF anunciou a alteração do seu ticker na B3.
O código de negociação de papéis CNTO3 será alterado para SBFG3, na B3, a partir de 31 deste mês. De acordo com a companhia, a mudança “segue a estratégia de ser um ecossistema do esporte no Brasil”.
FUNDOS
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) prorrogou para 15 de abril o prazo para recebimento de sugestões à Audiência Pública (SDM 08/20) que trata da regulação dos Fundos de Investimento. Interessados poderão encaminhar seus comentários pelo email [email protected]
SOLAR
O estado de São Paulo ultrapassa a marca de 75 mil consumidores atendidos com energia solar fotovoltaica em telhados e pequenos terrenos. Informação é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), acrescentando que foi atingida a marca de 602,4 megawatts (MW) operacionais em geração distribuída.
Atualmente são 64.168 sistemas em operação, abastecendo 75.057 consumidores em 633 cidades; ou seja, um total de 98,1% dos 645 municípios paulistas já possuem pelo menos um sistema solar fotovoltaico em funcionamento.
ARTIGO
Como aplicar a economia circular em seu negócio
(*) Gabriel Estevam Domingos
A economia circular está sendo inserida nos processos das grandes empresas cada vez mais, já que a meta de redução do aumento de temperatura global e das desigualdades são compromissos de diversas empresas e instituições que assinaram o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e se comprometeram a alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O setor privado tem um papel significativo nessa agenda por deixar de extrair, produzir e descartar e passar a reutilizar e reciclar, diminuindo a utilização de matérias-primas virgens. Por isso, a economia circular é tão importante, afinal, ao reintroduzir resíduos na cadeia produtiva é possível diminuir as emissões na atmosfera, gerar emprego e renda e utilizar menos recursos naturais.
Além de ser um grande benefício para o meio ambiente, as empresas conseguem gerar receita com o próprio resíduo. Há indústrias que transformam os materiais gerados em novos produtos para serem utilizados dentro da própria planta, para realizar ações sociais com colaboradores ou comunidades e, até mesmo, vende-los ao mercado.
A Ambipar possui um Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para auxiliar as companhias a entenderem o que é possível fazer com cada tipo de resíduo gerado, contribuindo com essa agenda de desenvolvimento. O laboratório visa desenvolver soluções na área de tratamento e reutilização de resíduos, através de soluções que integram as necessidades do desenvolvimento, da segurança, da sociedade e do meio ambiente de forma sustentável e econômica.
O objetivo é mostrar que os materiais podem ser transformados em novos produtos, tecnologias ou serem vendidos para outras empresas utilizarem como uma matéria-prima de baixo custo. Separamos alguns cases para você entender como pode inserir a economia circular em seus negócios e ainda ganhar com isso.
- Indústria de papel e celulose
As indústrias de papel e celulose geram grandes quantidades de resíduos de diversos tipos. Ao invés de serem destinados aos aterros sanitários, é possível reutilizar ou transformar em novos produtos.
Nas grandes fábricas, os resíduos são transformados em artefatos cimentícios, como blocos e pavers (pisos intertravados). Os materiais podem ser vendidos ao mercado como um novo produto sustentável, contribuindo com o meio ambiente e ficando em sintonia com as ações voltadas ao ESG (Environmental, Social, Governance, na sigla em inglês). Além disso, os produtos podem ser destinados às construções públicas, como praças parques, escolas postos de saúde e também utilizados em reformas na própria indústria para fazer novas estruturas ou as estradas internas da companhia.
Os resíduos de papel e celulose também podem ser transformados em condicionador de solo (adubo orgânico) e corretivos do solo para serem utilizados na própria plantação de eucaliptos e pinus ou em hortas comunitárias para os colaboradores. Este produto também pode ser doado aos produtores rurais da região fomentando assim a produção e utilização de alimentos orgânicos. Essas ações fortalecem muito o índice social dentro dos critérios ESG, dando maior credibilidade à empresa perante os investidores.
- Indústria de Fármaco
A indústria de fármacos utiliza o colágeno para envolver as cápsulas de vitaminas, óleo e alguns medicamentos. Antes, esse resíduo era levado aos aterros sanitários, mas o Centro de PD&I da Ambipar encontrou uma solução inovadora para as companhias. Através de estudos e análises foi possível desenvolver matérias primas para produção de sabonete e shampoo, a partir do Colágeno.
Os produtos mostraram à indústria farmacêutica a viabilidade técnica e econômica dessa nova forma de reutilização do colágeno, a fim de reintroduzi-lo à cadeia produtiva, sendo possível dar uma destinação correta e promover a economia circular. O produto foi dermatologicamente testado e aprovado.
A equipe envolvida no projeto descobriu que esse tipo de resíduo é uma excelente matéria prima para as indústrias de cosméticos, que podem comprar o colágeno para fabricar produtos sustentáveis. Além disso, as indústrias de fármacos deixam de gastar com o transporte e a destinação final destes resíduos e passam a ganhar dinheiro com a ação.
Aliás, tanto as empresas de fármacos, ao vender, como as indústrias de cosméticos, ao comprar, são beneficiadas em relação aos critérios ESG, já que promovem a economia circular e agregam valor à própria imagem, criando uma linha de produtos sustentáveis.
- Indústria de Cosméticos
Durante a fabricação de cosméticos, como perfumes, óleos corporais, sabão, shampoo, desodorantes, protetor solar, entre outros, são geradas grandes quantidades de resíduos e subprodutos. Os principais são os popularmente conhecidos como “bulk de cosméticos”, que são misturas de cremes e outros rejeitos da cadeia produtiva. Esses produtos, em sua grande maioria, têm como destino final o coprocessamento ou, então, as Estações de Tratamento de Efluentes (ETE), gerando, assim, custos de disposição final.
Diante desse cenário e da necessidade de empresas em atender aos aspectos legais, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a Ambipar realizou um minucioso trabalho, para desenvolver uma alternativa de reutilização desses produtos. A equipe de PD&I realizou estudos, por quase um ano, até chegar ao amaciante de roupas produzido a partir do bulk de cosméticos.
Ao utilizar os resíduos para produzir amaciantes, as empresas podem lançar um novo produto sustentável ao mercado ou realizar ações sociais a partir de doações para colaboradores ou comunidades. Assim, a companhia coloca a economia circular em prática e promove os cuidados com o meio ambiente.
- Porto de Santos
Em época de pandemia, o álcool ganhou forte valorização. Além de ficar mais caro, a procura pelo produto aumentou exponencialmente. As prateleiras de lojas, supermercados e farmácias chegaram a ficar vazias e faltou álcool para a população. A partir desse cenário, a equipe de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) da Ambipar, realizou diversos estudos para produzir um álcool sustentável.
A solução foi encontrada no porto de Santos, onde os resíduos das cargas de soja, milho, trigo, arroz e outros grãos eram destinados aos aterros sanitários. Mas, através de pesquisas, realizadas em laboratório, a Ambipar concluiu que seria possível utilizar o resíduo do equipamento de varrição para produzir álcool a partir de um processo de fermentação. Uma solução sustentável, que beneficia a todos, e viável, pois o álcool tem valor institucional.
Ao utilizar o resíduo do porto e inseri-lo novamente na cadeia produtiva, como álcool 46, há também um benefício financeiro para as empresas, que deixam de pagar pela destinação dos resíduos para os aterros. Além disso, o Eco Álcool auxilia as corporações a atenderem os aspectos ESG.
O Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação é considerado um exemplo de empreendedorismo de sucesso, graças ao seu histórico de crescimento, a velocidade de expansão e seu modelo de gestão. Nesses quase 10 anos de atuação, conquistou um renomado histórico de mais 25 prêmios, dezenas de tecnologias desenvolvidas para grandes empresas e 14 patentes registradas. Isso demonstra excelência em serviços, a credibilidade de seus valores e a capacidade dos pesquisadores e gestores da empresa, que traz em seu DNA, um novo conceito em P&D e inovação verde.
(*) Gabriel Estevam Domingos é diretor de P&D da Ambipar