A Mosaico detém hoje a maior plataforma online de análise e originação de vendas e fluxo de clientes para varejo eletrônico no país. Sua oferta pública inicia de ações ocorreu logo no início desse ano e demonstrou grande interesse pelo ativo, levando a uma alta de quase 100% no dia de sua estreia em bolsa. A empresa vem sendo beneficiada pela forte tendência de transformação digital iniciada em 2020, com o aumento da disseminação de casos de Covid-19 e ainda planejando sua entrada em novos negócios, como fez recentemente, quando passou a oferecer a funcionalidade de cashback. Iniciamos a cobertura em MOSI3 com recomendação de compra e preço-alvo em R$ 40,00.
Histórico da empresa
A Mosaico foi fundada em 2010, mas antes disso, seus sócios criaram a Bondfaro em 1999; que por sua vez se fundiu com a Buscapé em 2006 e o conjunto das empresas foi vendido para a Naspers em 2009. A companhia é hoje a maior plataforma digital para criação de tráfego e vendas em sites de diferentes varejistas. Sua operação hoje comporta os websites e aplicativos, e entre as marcas principais estão a Zoom (criada em 2011), Buscapé e Bondfaro, as quais reuniram cerca de 705 milhões de visitas entre os meses de janeiro e setembro de 2020, sendo que 86% deste tráfego decorreu da utilização de dispositivos móveis e 41% a partir dos seus aplicativos para sistemas Android e iOS. A Mosaico captura uma quantidade significativa de dados relacionados a forma como os usuários se engajam com seus sites e aplicativos, e isto torna viável a testagem de novas funcionalidades e a efetividade das já existentes, além de outras melhorias, visando o aumento da eficácia de seu produto. Com relação a abordagem em marketing, desenvolveram ferramentas que capturam dados em massa sobre seus anúncios, os ajudando a calcular o retorno das campanhas de performance em tempo real.
Sua operação
A companhia atua com o objetivo de gerar tráfego para suas plataformas. E isto pode ocorrer pelo tráfego não pago, quando os consumidores espontaneamente acessam os websites e aplicativos da Mosaico seja pela força da marca ou pelo conteúdo disponível dentro de cada um destes, ou pelo pago, no qual a cia realiza seus anúncios em plataformas de terceiros (como Google e Facebook). A maior parte da receita da companhia (96% da receita bruta durante o período de 9M20) é proveniente da ferramenta Product Ads, que nada mais é que a cobrança por cliques realizados pelos consumidores nas plataformas da Mosaico que evoluíram para visitas e/ou compras nos sites das varejistas parceiras. Neste modelo a companhia está agregando valor ao clique comprado (ou ao clique orgânico) dos principais canais de busca (Google principalmente) e revendendo este clique com uma conversão mais alta para as varejistas. Outro modelo de negócio da companhia é o serviço de intermediação (referente a 3% da receita bruta no mesmo intervalo), no qual além da publicação de ofertas sobre os produtos, também é realizada a etapa de finalização da compra. Este último atrai pequenos e médios lojistas, ainda, por se tratar de um negócio mais completo, é cobrada uma comissão sobre o valor da compra.
Oportunidades do case
Algo relevante, que é bastante observado pelas companhias de varejo no momento de realizar alguma parceria com plataformas como a Mosaico, é o custo de aquisição de clientes (CAC) e os investimentos em marketing, pois estes são cruciais para atrair maior fluxo de consumidores para os seus sites no dia-a-dia. E nesse caso, a conversão do CAC em receita, contabilizado pela Mosaico por número de cliques, é extremamente elevada, o que torna suas marcas ainda mais valiosas aos olhares das grandes companhias de varejo digital e justifica sua ampla exposição ao setor. Outro fator interessante é a sua estrutura asset light, que permite à empresa aproveitar o crescimento do e-commerce, sem exposição aos riscos de gestão logística ou mesmo a realização de investimentos elevados em estoques. Ainda, ressaltamos a relevância do projeto de cashback que vem sendo desenvolvido através de uma parceria de cinco anos com o Banco BTG Pactual, com potencial de aumentar substancialmente a fidelidade dos seus clientes na plataforma, pois aumenta o incentiva de recompra com a utilização dos saldos de cashback. Esta parceria ainda pode evoluir para algo ainda mais robusto, com o potencial do BTG Pactual passar o a oferecer produtos e serviços financeiros aos clientes Mosaico e futuramente tornando a estrutura da companhia em um o marketplace para o banco, semelhante ao movimento adotado pelo Inter Shop (marketplace do Banco Inter), que foi lançado ao longo do último ano e transacionou (GMV) cerca de R$ 630 milhões no 4T20.
Fatores que requerem um ponto de atenção
O case da Mosaico é bastante interessante, no entanto, como qualquer outro, existem riscos envolvidos. Um destes é o fato de atualmente, a companhia apresentar uma concentração excessiva da sua receita (70%) em apenas quatro clientes. No entanto, acreditamos que essa concentração tende a se reduzir em função: (i) entrada da Mosaico em novos mercados além do segmento de eletrodomésticos; PCs e smartphones, (ii) maior investimento de varejistas de outros segmentos (vestuário, fitness, calçados) no canal digital; (iii) crescimento do número de sellers nos grandes marketplaces.
Nosso posicionamento
Nossa visão sobre o case é bastante positiva. Acreditamos que as oportunidades do investimento superam os riscos descritos acima. Entre alguns pontos de destaque estão: (I) a companhia possui um grande fluxo orgânico de clientes em suas plataformas, ou seja, gerado sem custos para a empresa, o que mostra o forte nome das marcas no mercado; (II) seus clientes mostram bastante recorrência, em setembro de 2020, 46% dos usuários entrou dentro desta categoria, e quando observamos apenas o fluxo dentro do aplicativo, esta taxa sobe para 68%; (III) parcerias de longo prazo com os clientes mais relevantes do setor, visto que a Mosaico possui um acordo de mais de dez anos com a B2W, Amazon, Magazine Luiza e Via Varejo; (IV) modelo de negócio asset light; (V) destinação dos recursos de seu IPO é quase inteira para crescimento e aumento de participação de mercado. Diante destes pontos, projetamos um crescimento em torno de 65% para 2021 e 40% para 2022. Acreditamos que a parceria de cashback com o BTG pode trazer grandes oportunidades à companhia, assim como suas futuras aquisições, no entanto, na nossa visão, aguardar um cenário no qual ambos os fatores já estejam em estágios mais desenvolvidos, poderá nos ajudar mensurar com maior precisão o valor que será possivelmente agregado a companhia. Sendo assim, nossa recomendação é de Compra, com preço alvo em R$ 40,00.