Ontem os mercados reverteram bom comportamento ao longo da manhã e realizaram forte na parte da tarde. A Bovespa terminou o dia com queda de 1,06% e índice de volta para 112.064 pontos, dólar em alta de 2,25% para R$ 5,64 e o Dow Jones praticamente estável e Nasdaq com forte pressão nas ações de tecnologia, em queda de 2,01%.

Aqui, forte preocupação com o quadro fiscal deteriorando, ainda mais pela necessidade de manter e criar novos estímulos (como o do Simples), país ultrapassando 300 mil óbitos, vacinas ainda com atraso e Bolsonaro muito pressionado, além de chance de corte de cabeça de ministros. Empresários cobrando mais ações de governo.

No exterior, a preocupação com a terceira onda de covid-19 e variantes mais potentes, extensão de isolamento e lockdown, causando atrasos na recuperação da economia global; além de reflação e também alta de juros, ainda que temporária. Nem mesmo o encalhe de navio no canal de Suez trouxe algum efeito, exceto na recuperação do barril de petróleo no mercado internacional.   

Os EUA distorcem um pouco o quadro com perspectiva mais forte de crescimento, principalmente ao longo do segundo semestre, mas o mundo com covid-19 traz preocupação maior. Lá, a inflação parece mesmo ser temporária e pode andar acima da meta de 2%, por algum tempo sem susto. Charles Evans, do FED de Chicago, pensa dessa forma, e tem preocupação com cicatrizes no emprego.

Na Alemanha, o índice GFK de confiança do consumidor de abril subiu para -6,2 pontos, de previsão de ficar em -12,3 pontos. O Japão e a Coreia do Sul relataram que a Coreia do Norte fez testes balísticos com dois mísseis de curto alcance, como os EUA já tinham detectados desde a semana passada.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 1,39%, com o barril cotado a US$ 60,33. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,18 e notes americanos voltando a oscilar bastante, com juros em 1,607%. O ouro e a prata tinham quedas na Comex e commodities agrícolas com quedas na Bolsa de Chicago.

Aqui, o governo acuado por pressões da sociedade e Congresso, discurso duro de Arthur Lira ontem, montou gabinete de crise já começando com algumas máculas pelo presidente e sua aversão a máscaras e tratamento precoce preconizado, e foi interpretado pelo governador Dória como de bajulação ao presidente. O governo também anunciou mudanças no Simples com deferimento de tributos por três meses e pagamento posterior em seis meses.

A Fipe anunciou o IPC da terceira quadrissemana de março com alta para 0,64%, vindo de 0,40% e a FGV o INCC fechado de março com alta de 2%, vindo de 1,07%. O Bacen começou a mostra o RTI (Relatório Trimestral de Inflação) encolhendo o PIB de 2021 para 3,6% (anterior em 3,8%) e ainda deve cair mais. Projeta PIB agropecuário em +2%, industrial em +6,4% e serviços com queda para 2,8% (de anterior em 3,8%). Investimento direto no país otimista, com +US$ 60 bilhões, consumo das famílias subindo para 3,5% e de governo com queda para 1,2%.

Ainda teremos indicadores que podem mexer com o mercado, como a prévia de inflação pelo IPCA-15, revisão do PIB americano, atividade de Kansas de março e novamente muitos discursos de dirigentes do FED; além dos pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior.

Expectativa para o dia é de Bovespa com espaço para recuperar, mas dependente do exterior, dólar e juros pressionados.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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