A psicanalista e poetisa Clarissa Pinkola Estés reverencia à maturidade feminina e faz uma comovente e profunda homenagem àquelas mulheres que souberam acumular sabedoria ao longo de suas existências no livro A ciranda das mulheres sábias (edição brasileira da Rocco de 2017).
O livro tem uma linguagem metafórica, que se assemelha às antigas histórias contadas de mães para filhas. Clarissa Pinkola Estés parte de um doce convite à leitora para que se acomode ao seu lado e deguste com ela a bebida – o livro A ciranda das mulheres sábias – que foi reservada para ‘uma situação especial’, a fim de que possam conversar sobre ‘assuntos que importam de verdade’ a duas mulheres, com a garantia de que ‘aqui sua alma está em segurança’.
Seduzida por uma linguagem terna, emocionante e poderosa, em A ciranda das mulheres sábias, a autora apresenta os encantos deste ‘arquétipo misterioso e irresistível da mulher sábia, do qual a avó é uma representação simbólica’ e que ‘não chega de repente, perfeitamente formado e se amolda como uma capa sobre os ombros de uma mulher de determinada idade’. O aspecto mais sedutor do livro reside, justamente, na representação simbólica contida nas avós. Das matriarcas da mitologia às avós dos contos de fadas, passando por aquelas anônimas de suas vivências profissionais, a autora chega às avós de suas tradições familiares, descrevendo de forma magnífica a chegada à América das ancestrais que passaram a fazer parte de sua vida familiar, aquelas ‘quatro velhas refugiadas que saltaram de enormes trens pretos para o nevoeiro noturno na plataforma onde nós as aguardávamos com grande expectativa’.
Ao final de A ciranda das mulheres sábias, as nove preces de gratidão – por todas as idosas do mundo, pelas mulheres mais velhas matreiras, pelas avós nas cozinhas, pelas tias perspicazes, pelas filhas que estão aprendendo, por todas as filhas e velhas – representam um perfeito arremate ao prazer da leitura destas páginas plenas de luz, melodia, emoção e encantamento.
Fonte: Amazon