A JBS (JBSS3), segunda maior companhia de alimentos do mundo, se comprometeu na terça-feira (23) a zerar o balanço de suas emissões globais de gases de efeito estufa até 2040.
Segundo a Reuters, a gigante de proteína animal afirmou que é a primeira grande empresa global do setor a assumir tal compromisso. Nos próximos 10 anos, a JBS disse que vai investir US$ 1 bilhão em soluções para reduzir as emissões de carbono em suas operações.
“Sabemos que é muito difícil conseguir isso”, disse o presidente-executivo da JBS, Gilberto Tomazoni, em entrevista à Reuters. “Vai desafiar toda a empresa.”
JBS
Segundo o executivo, todos os negócios da JBS levarão em conta a meta de redução das emissões de gases, inclusive as alocações de investimento e eventuais fusões e aquisições.
Dados da companhia mostram que em 2019 suas fábricas geraram 4,6 milhões de toneladas de emissões de carbono, enquanto 1,6 milhão de toneladas vieram do uso de energia.
Os resultados indicam quedas em relação a 2017, quando suas emissões estavam em 5,5 milhões de toneladas e as vindas do uso de energia eram de 1,8 milhão de toneladas.
2030
Até 2030, a JBS pretende reduzir em pelo menos 30% suas emissões nos chamados “escopos 1 e 2” –que integram as áreas industriais e utilização de energia, respectivamente– em comparação com as emissões de 2019.
Mas isso ainda representa uma pequena parte das emissões atreladas à empresa. Cerca de 90% das emissões da JBS vêm de sua cadeia de fornecimento, disse Tomazoni, sem precisar um número. Ele disse ainda que a pecuária tradicional emite 40-45 toneladas de carbono equivalente por tonelada de carne produzida.
O Brasil detém um dos maiores rebanhos comerciais do mundo, e fazendas de gado são vistas como catalisadoras do desmatamento na floresta amazônica, um ativo ambiental essencial contra a mudança climática.
O metano, subproduto natural da digestão em vacas e outros ruminantes, também é uma importante fonte de emissões de gases de efeito estufa. Cerca de um terço das emissões de gases de efeito estufa da produção agropecuária, excluindo mudanças ligadas ao uso da terra, vem do metano liberado pelos bovinos, segundo o World Resources Institute.
A meta anunciada pela JBS vem em meio a uma reação crescente de consumidores e investidores que ameaçam boicotar de empresas que contribuem para o desmatamento no Brasil.
Em resposta, empresas do setor agropecuário têm se engajado cada vez mais em ações que evitem a degradação do meio ambiente.
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Trading
Nesta terça, a trading e processamento de commodities agrícolas ADM anunciou metas de sustentabilidade como forma de proteger florestas e a biodiversidade, definindo 2022 como o prazo final para ter rastreada a origem de todas as suas compras indiretas de produtos como soja e milho.
Já o compromisso da JBS também envolve o pagamento de ações de reflorestamento e restauração florestal.
A JBS prometeu ainda “alcançar uma cadeia de gado –incluindo os fornecedores de seus fornecedores– livre de desmatamento ilegal na Amazônia até 2025.” Nos demais biomas brasileiros, a meta seria atingida até 2030.
“A companhia tem como meta, ainda, zerar o desmatamento em sua cadeia de fornecimento global até 2035”, acrescentou.
No longo prazo, a JBS disse que a tendência de adoção da pecuária mais intensiva, em substituição ao método extensivo mais usual no Brasil, irá ajudar a reduzir as emissões.
A empresa disse também que usará 100% de energia renovável em todo o mundo até 2040 e que a remuneração variável dos executivos será medida em relação à capacidade de cumprir metas ambientais.
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