A Yduqs divulgou na noite de ontem seu resultado do 4T20. No release, a cia destaca um forte avanço de sua atuação no online, com a base de alunos do ensino digital crescendo 64% no período e mais que dobrando de tamanho em dois anos (110% vs 2018). Com relação aos resultados financeiros, além dos efeitos diretos da pandemia, como descontos lineares em função de leis e liminares, estes exerceram pressão nos itens não recorrentes e a redução da oferta de financiamento público, pelo FIES. As perdas com o programa, que chegaram a R$ 302 milhões em 2020, escondem o crescimento da base e afetam o perfil do alunado; o que tem impactos sobre provisões, entre outros fatores. O ano de 2020 foi, segundo a cia, o último a ter impacto significativo do FIES; o que dará visibilidade ao real nível de crescimento que temos conquistado. Entre outros destaques, estão:

• O segmento presencial encerrou o 4T20 com 335 mil alunos, representando um crescimento de 8,5% a/a, resultado das recentes aquisições da Companhia. Excluindo o efeito dessas aquisições, a base de alunos de graduação teria reduzido em 7,4% a/a, em função da queda da base de alunos FIES. O Ensino Digital segue mostrando sólidos resultados; fechando o 4T20 com 427 mil alunos, o que representa um crescimento expressivo de 64% a/a da base de alunos. Esse aumento é consequência das aquisições recentes, e principalmente do forte ritmo de expansão e maturação dos polos, que cresceram 62% vs 4T19. Excluindo as aquisições, a base de alunos ainda teria crescido expressivos 49,8% em relação ao mesmo período do ano anterior;

• A receita líquida da companhia apresentou um crescimento de 14,4% no 4T20 e de 8,1% no ano. As aquisições (+R$ 493,5 milhões em 2020), Medicina (+17,0% a/a ex-aquisições) e o Ensino Digital (+34,7% a/a ex-aquisições) continuam sendo as alavancas do forte crescimento da receita líquida, mais do que compensando a perda do FIES de R$302,3 milhões (ex-aquisições) em 2020;

• As despesas comerciais apresentaram aumento de 64,3% no 4T20 e de 50,4% em 2020; impactadas pelo aumento da PDD e maiores esforços com publicidade para atração de novos alunos. As despesas com PDD aumentaram 89,2% no 4T20, e 73,7% a/a em 2020, resultado impactado pelos seguintes fatores: (I) Mudança no mix da base de alunos (redução de 22% a/a da base de alunos FIES) quando comparado com o ano anterior; (II) Crise econômica decorrente da pandemia da Covid-19;

• As despesas gerais e administrativas apresentou um crescimento de 79,8% no 4T20 e 52,5% em 2020, devido a: (I) impactos da Covid-19; (II) Aumento de R$ 99,4 milhões em 2020 com provisão para contingência; (III) Aumento de R$ 78,5 milhões em 2020, com despesas de pessoal;

• O EBITDA da companhia apresentou redução de 50,8% no 4T20 e de 29,0% em 2020, impactado negativamente pelos seguintes fatores: (i) perda de R$ 302,3 milhões de receita FIES (ex-aquisições), em função da queda da base de alunos (-22% a/a); (ii) aumento de R$215,2 milhões em 2020, das despesas comerciais (ex-aquisições), principalmente com PDD e da crise econômica decorrente da pandemia da COVID-19 e (iii) aumento em R$ 164,3 milhões em 2020, das despesas gerais e administrativas (ex-D&A e aquisições), nas linhas de pessoal, provisão de contingência e serviço de terceiros;

• O resultado financeiro da companhia registou uma piora no 4T20 (+10,7% a/a) e em 2020 (+44,9% vs 2019), em função do aumento dos juros e encargos pagos referente às captações de recursos no ano, além do efeito do arrendamento mercantil sobre imóveis (IFRS-16), que cresce em função das recentes aquisições;

• O lucro líquido foi afetado pelo resultado do desempenho do EBITDA; aumento da depreciação e amortização em função das aquisições e pelo efeito do IFRS-16 (-R$ 51 milhões em 2020). Excluindo-se o impacto dos itens não recorrentes no EBITDA, no resultado financeiro (R$ 21,0 milhões no 4T20), referente aos custos com carta conforto dos bancos (intenção de compra da Laureate) e ajustando o imposto e contribuição social, o lucro líquido ajustado teria alcançado R$ 76 milhões no 4T20 (-34% a/a) e R$ 567 milhões em 2020 (-24% vs 2019).

Impacto: Marginalmente Negativo. A empresa tem focado seus esforços no desenvolvimento e aperfeiçoamento das plataformas digitais através de crescentes investimentos em tecnologia e inovação, o que tem sido fundamental para o atingimento dos resultados extremamente positivos do segmento, que inclusive é comprovado pelo aumento significativo na taxa de retenção da graduação do ensino digital, ex-aquisições, de +3 p.p. fechando o 2S20 em 82%. No entanto, a queda na base de alunos do FIES, aumento das despesas comerciais, especialmente devido ao crescimento de provisões, aumento das despesas gerais e administrativas e ainda uma piora do resultado financeiro, acabaram compensando os efeitos positivos e tornando o trimestre menos favorável a companhia. Segundo a empresa, 2020 foi o último ano em que o FIES incidiu de forma negativa. Na nossa visão, acreditamos que o fato de as provisões ainda estarem pressionando os números da empresa, devido a piora das condições da pandemia no Brasil, sugerem um atraso no processo de recuperação da empresa, que na visão do mercado já estaria em estágio mais avançado no momento atual. Apesar do momento complicado para o setor, acreditamos que a Yduqs é a companhia com maior potencial para uma rápida recuperação; ainda que o 1T21 e o 2T21 sejam mais negativos, seguindo a tendência do cenário.

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