Quando falamos em grandes investidores, pensamos apenas em referências masculinas, como Warren Buffet, George Soros, Ray Dalio, James Simons e Luiz Barsi. Os motivos para não lembrarmos de mulheres são diversos, entre eles, podemos citar:
(a) herança cultural, já que as mulheres apenas começaram a ter CPF para abrir uma conta bancária em 1962;
(b) desigualdade salarial, que ainda é uma realidade no país, as mulheres recebem 20% a menos que os homens;
(c) realidade familiar, apesar das mulheres receberem menos que os homens, a grande maioria é chefe de família e precisam arcar com todas as despesas da casa;
(d) aversão ao risco, aqui entra um aspecto de finanças comportamentais, que está intimamente ligada à necessidade humana de sentir-se seguro, uma das necessidades mais básicas de acordo com a pirâmide de Maslow.
Por fim, podemos citar a existência de um tabu, pois mulheres não costumam (ou não costumavam) falar sobre dinheiro, negócios e economia e, portanto, acabam não se interessando sobre esses assuntos.
E isso pode ser comprovado em números, segundo estatística da B3 (Bolsa de Valores brasileira) as mulheres representam cerca de 25% dos investidores no país. Apesar desse número já ter crescido consideravelmente nos últimos anos, ainda assim há muito a crescer. E foi por esse motivo que escolhi falar sobre o assunto na primeira vez que escrevo para o Acionista.
Para animar e motivar, há mulheres que são exemplos no mercado financeiro, vamos citar algumas:
– Christine Lagarde: a primeira mulher a se tornar presidente do Banco Central Europeu;
– Kristalina Georgieva: a primeira mulher de um país com economia emergente (Bulgaria) a se tornar diretora geral do FMI;
– Jane Fraser: a primeira mulher a tornar-se CEO de um grande banco, o Citi Group;
– Janet Yellen: ex-presidente do FED – Sistema de Reserva Federal dos EUA, é a primeira mulher a ser indicada como Secretária do Tesouro nos EUA, cujo mandato começou em 2021;
– Sallie Krawcheck: uma das mulheres mais bem-sucedidas de Wall Street. Foi CEO da Sanford C. Bernstein, CFO do Citigroup e presidente da divisão de investimentos do Bank of America.
No Brasil, também temos alguns belos exemplos:
– Eufrásia Teixeira Leite: a primeira mulher a investir na Bolsa de Valores brasileira, em 1873. Inclusive, investiu tão bem que multiplicou a fortuna que havia herdado de seus pais, e tornou-se sócia de inúmeras empresas no Brasil e no exterior.
– Cristina Dias de Souza: uma das primeiras mulheres a trabalhar na bolsa brasileira. Hoje é diretora da sua própria corretora e foi a primeira mulher a ser conselheira da Associação Nacional das Corretoras.
– Maria Helena dos Santos Fernandes de Santana: foi presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários no Brasil). Hoje, é integrante da Bolsa Espanhola.
– Cristina Junqueira: co-fundadora do Nubank, hoje é vice-presidente do maior banco digital independente do mundo.
– Zeina Latif: economista-chefe da XP Investimentos. Doutora em economia pela USP, hoje é uma das maiores autoridades do mercado financeiro no Brasil. Já ocupou esta mesma posição em outras 5 instituições financeiras ao redor do mundo e é constantemente consultada pela imprensa e governo sobre questões atuais.
Percebemos que, aos poucos, essa realidade está mudando e mais mulheres são incentivadas a gerir melhor as suas finanças e investir na Bolsa de Valores, esse é um processo que demanda tempo e paciência, mas com certeza logo teremos mais exemplos para nos inspirar e orgulhar!