Para responder a essa pergunta e entender melhor esse cenário, vamos voltar um pouco no tempo. No início de 2020, mais precisamente em março, uma pandemia se instalou no mundo impactando muitos países, inclusive o Brasil.

O índice Bovespa, mais importante indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na Bolsa, estava em 116 mil pontos no mês de fevereiro e em março o índice despencou para 63 mil pontos, a maior queda mensal em 22 anos. 

Contudo, na contramão de tudo isso, em outubro de 2020 o número de contas na B3 (bolsa de valores brasileira) ultrapassou a marca de 3,2 milhões. E o índice Bovespa em novembro zerou suas perdas, fechando dezembro acima de 119 mil pontos. Conforme o JPMorgan, o Ibovespa deve encerrar 2021 aos 134 mil pontos ou 20% acima do nível registrado no início de dezembro de 2020.

Retrospectiva feita, agora é o momento de entender o cenário da taxa básica de juros da economia – Selic, e como ela impacta diretamente os investimentos em Renda Fixa. Estamos vivendo um cenário de taxa de juros baixa, o que há pouco tempo atrás era inimaginável. Em 2016 a Selic estava próxima de 14% ao ano, de lá pra cá ela veio sofrendo vários cortes até chegar, em agosto do ano passado, a 2%. Essa taxa se mantém até o presente momento e a projeção feita pelo Boletim Focus do Banco Central é de que a Selic chegue até 3,5% ao final de 2021.

Para se ter uma ideia, a caderneta de poupança, pelas regras atuais, rende 70% da Selic e fechou 2020 com uma perda acumulada de 2,30%, descontando a inflação. Já os investimentos em Renda Fixa como CBD, LCI, LCA, além do Tesouro Direto possuem suas rentabilidades associadas também à Selic. E com isso vem tendo sua rentabilidade diminuída.

Com a Renda Fixa desvantajosa, pelo juro baixo, e a recuperação gradativa da bolsa, o total de investidores só cresce. No estudo realizado pela B3 que analisou 2 milhões de investidores que entraram na bolsa entre 2019 e 2020 diz o seguinte: “Novo investidor é jovem (média 32 anos), sem filhos (60%), com renda mensal de até R$ 5 mil (56%) e com trabalho em tempo integral (62%). Apesar da maioria (74%) ainda ser formada por homens, chama a atenção o crescimento das mulheres (26%) investindo na bolsa, saltando de 179.392 pra 809.533 em 2020.  O valor do investimento inicial tem caído (R$ 660,00 em média) e o investidor tem visão de longo prazo, mantendo suas posições mesmo no auge da volatilidade do mercado.”

Então, o que de fato tem influenciado os investidores a ingressarem na bolsa de valores? Três fatores basicamente são os responsáveis por esse movimento de alta.  Em primeiro lugar, a educação e o conhecimento financeiro têm papel fundamental nessa mudança de comportamento. Hoje existe um acesso muito maior à informação, com influenciadores, blogs, artigos e sites de corretoras e bancos falando desse assunto.

Em segundo lugar está a taxa de juros baixa e a rentabilidade em investimentos tradicionais e mais conservadores menos atrativa, e em alguns casos sendo até negativas quando descontada a inflação, como é o caso da caderneta de poupança.

Em terceiro lugar está a transformação digital trazida pelo avanço da tecnologia, o que tem gerado grande oferta de corretoras e bancos digitais facilitando o acesso das pessoas físicas com pouco conhecimento e com investimentos baixos para ingressar na renda variável.

Enfim, o que vem sendo observado desse aumento na bolsa de valores é uma mudança de mentalidade que está começando com os mais jovens e trazendo uma mudança geracional na forma de investir. Sem falar nas mulheres que estão ganhando espaço no mercado financeiro de forma mais segura e sustentável.

E você, já está investindo na bolsa também?

Até Breve!

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