A Rumo divulgou seu números referente ao 4T20 na noite anterior. Estes vieram no geral abaixo da expectativa do mercado, especialmente seu Ebitda e Lucro Líquido. Vale ressaltar que o quarto trimestre é comumente menos positivo para a Rumo, mas o 4T20 veio especialmente mais fraco. O grande justificativa é o aumento de custos no segmento de elevação, que subiram mais do que o volume devido a despesas extraordinárias com demurrage, e despesas financeiras decorrentes do impacto não caixa de marcação a mercado (MTM) e das outorgas das Malhas Central e Paulista, que incorreram em mais meses em 2020 do que em 2019. Ainda assim, destacamos o aumento no volume transportado, superando a marca atingida em 2019. Entre outros pontos, destacamos:

• O volume transportado pela Rumo em 2020 atingiu 62,5 bilhões de TKU, 3,9% acima de 2019. Na Operação Norte, o volume cresceu 7,0%, influenciado principalmente pela performance de açúcar (+87,1%) e fertilizantes (+36,4%), que ajudaram a compensar um volume de grãos menor do que esperado, afetado: (i) pela entrada no ano com menor nível de contratos de take or pay; (ii) pela maior competição decorrente da pavimentação da BR-163 e dos preços de combustível mais baixos e; (iii) pelo fato do produtor ter segurado as exportações de milho;

• A receita líquida totalizou R$ 6.966 milhões, -1,7% vs. 2019, refletindo a queda na receita de transporte ferroviário, principalmente em função da menor tarifa; parcialmente compensada pelo aumento de 26,2% na receita líquida de elevações e de 73,7% na de solução logística;

• O EBITDA atingiu R$ 3.533 milhões, com queda de 8,4% frente a 2019, principalmente devido a um cenário de maior competição, que pressionou as tarifas e o volume;

• O custo variável ferroviário caiu 4,3%, ante o aumento do volume de 3,9%, refletindo principalmente à redução de 5,2% no consumo de combustível. Os custos no segmento de elevação subiram mais do que o volume devido a despesas extraordinárias com demurrage. Já os custos com solução logística aumentaram 46%, enquanto o volume cresceu 62%;

• Os custos fixos e despesas gerais e administrativas subiram 6,3%, em razão do aumento de: (i) SG&A, principalmente em função de maiores gastos com segurança da informação e; (ii) outros custos de operação, impactados pelo mix de produtos e segmentos, com maior volume de açúcar, solução logística e elevação portuária. Como consequência, a margem EBITDA ajustada caiu 3,7 p.p., atingindo 50,7%;

• Seu lucro líquido foi de R$ 305 milhões, vs. 786 milhões em 2019, influenciado pelo menor EBITDA e pelo aumento das despesas financeiras em função: (i) do aprimoramento da estimativa de mensuração do valor justo dos instrumentos financeiros (MTM), que trouxe efeito não caixa no valor de R$ 273 milhões e; (ii) das maiores despesas das outorgas das Malhas Central e Paulista, dado o reconhecimento em um maior número de meses em 2020;

• Com relação ao mercado de soja, em 2021, segundo as projeções da Agroconsult, o Brasil deverá ter uma safra recorde de 132 milhões de toneladas de soja – aumento de 7,0 milhões de toneladas em relação a 2019 – dos quais 84 milhões devem ser exportados. Com relação ao milho, as projeções da Agroconsult indicam safra recorde; com aumento de 6 milhões de toneladas, e as exportações também devem aumentar –aproximadamente 2 milhões de toneladas;

Impacto: Marginalmente Negativo. A empresa teve seu desempenho impactado pelo aumento de custos no segmento de elevação, que subiram mais do que o volume devido a despesas extraordinárias com demurrage, e despesas financeiras decorrentes do impacto não caixa de marcação a mercado (MTM) e das outorgas das Malhas Central e Paulista, que incorreram em mais meses em 2020 do que em 2019. Ainda, destacamos um cenário de maior competição, que pressionaram suas tarifas e volumes de venda. Estes fatores ocasionaram em um menor ebitda e lucro líquido. Entre os destaques positivos, seu volume transportado em 2020 atingiu 62,5 bilhões de TKU, 3,9% acima de 2019. Para esse ano, vemos uma cena mais favorável a companhia, com expectativa de fortalecimento do volume de exportado; alívio na competição com aumento do preço do diesel, e ainda a possível concessão da BR-136 entre 2021 e 2022.

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