A Suzano divulgou, na noite de ontem, os números referentes ao seu desempenho durante o 4T20. A companhia teve uma sólida performance, superando as expectativas do mercado principalmente por conta do volume de exportações de celulose e o inesperado aumento de preços da commodity.

O período foi marcado por reduções da oferta, principalmente entre os produtores de fibra longa, que devido as paradas de produção estendidas e substituição da produção por celulose não branqueada ou celulose solúvel, disponibilizaram menor volume no mercado do que em trimestres anteriores. Estes movimentos, que contaram também com problemas do lado logístico, relacionados a restrição de disponibilidade de containers e congestionamento nos portos; associados a uma forte demanda, suportaram a implementação dos aumentos de preço anunciados tanto na fibra curta quanto na fibra longa a nível global. Ainda assim, a empresa de papel e celulose conseguiu manter um forte volume de vendas e ainda aumento de algumas linhas de produção.

Entre outros pontos importantes, destacamos:

• No trimestre, a celulose foi comercializada pela Suzano a um preço líquido médio de US$ 456/ton, estável em relação ao 3T20 e US$ 13/ton (-3%) inferior em relação ao 4T19 resultante da correção do preço da celulose no mercado global. O preço médio líquido no mercado externo ficou em US$ 459/ton (frente a US$ 458/ton no 3T20 e US$ 471/ton no 4T19);

• O preço líquido médio do papel foi de R$ 4.136/ton no 4T20, apresentando um aumento de R$ 292/ton (+8%) em relação ao 4T19; em função de ganhos de preço no mercado doméstico (+4%), e em função do efeito cambial sobre os preços das exportações. Na comparação com o 3T20, a elevação de R$ 55/ton (+1%) ocorreu em função da recuperação dos preços tanto no mercado doméstico como nos mercados internacionais (em US$), além do efeito cambial nas exportações;

• A receita líquida consolidada da Suzano no 4T20 foi de R$ 8.013 milhões. sendo 81% gerada no mercado externo (vs. o 80% no 4T19 e 82% no 3T20). Em relação ao 4T19, o aumento de 14% da receita líquida ocorreu em função principalmente da valorização de 31% do USD médio vs. o BRL, parcialmente compensados pela queda de 8% no volume vendido de celulose e papel e do preço médio líquido da celulose em USD. Redução dos estoques de celulose de aproximadamente 1 milhão de toneladas em 2020;

• EBITDA e Geração de caixa operacional: R$ 4,0 bilhões e R$ 3,0 bilhões, respectivamente. A elevação de 4% t/t no Ebitda foi decorrente, principalmente da valorização do USD médio frente ao BRL de 31% e menor CPV base caixa; parcialmente compensados pelo menor volume vendido (-9%), maior SG&A e menor preço médio líquido em USD (-3%);

• EBITDA /ton de celulose em R$ 1.326 /ton (+79% vs. 4T19), devido a desvalorização cambial e pelo fator custo, parcialmente compensada pela elevação nas despesas administrativas e despesas de vendas; e pela queda no preço médio líquido da celulose em USD;

• EBITDA /ton de papel em R$ 1.227/ton (+7% vs. 4T19);

• Em 31 de dezembro de 2020, a dívida bruta era de R$ 72,9 bilhões, sendo 97% dos vencimentos no longo prazo e 3% no curto prazo. A dívida em moeda estrangeira representou 80% da dívida total da Companhia e em moeda nacional era de 20%. O percentual da dívida bruta em moeda estrangeira, considerando o efeito do hedge de dívida era de 95%. A dívida bruta apresentou queda em comparação ao 3T20 de 7% (R$ 5,6 bilhões); em função das movimentações relacionadas ao Liability Management e a variação cambial da dívida no período;

• Custo caixa de celulose sem paradas de R$ 622/ton (-1% vs. 4T19);

• Captura de sinergias operacionais concluída e acima do previsto;

• No 4T20, a Companhia registrou lucro de R$ 5.914 milhões, contra lucro de R$ 1.175 milhões no 4T19 e prejuízo de R$ 1.158 milhões no 3T20. A variação em relação ao 4T19 é explicada pelo melhor resultado financeiro; por sua vez decorrente da variação cambial sobre a dívida e pelo resultado de operações com derivativos; bem como pelo aumento no resultado operacional. Em relação ao 3T20, a variação positiva de R$ 7.072 milhões no resultado líquido reflete principalmente a variação positiva no resultado financeiro (variação cambial positiva sobre a dívida e derivativos).

Impacto: Positivo. A Suzano surpreendeu o mercado com seus fortes números referentes ao 4T20. Destaque para a execução de 100% do plano de desalavancagem, aumento do volume exportado e do preço praticado de celulose e ainda para as questões ESG que novamente comprovaram o comprometimento da empresa com o ambiente e as pessoas que sua operação impacta. Ainda, o resultado foi impulsionado por ganhos cambiais e também com as operações de derivativos. Avaliamos que a companhia deve continuar seu processo de desalavancagem financeira para níveis mais confortáveis, aumento o seu valor de mercado.

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