Ontem foi mais um dia de queda na Bovespa, perfazendo cinco sessões seguidas, mesmo com fluxo positivo de investidores estrangeiros, que até 21/1, já haviam alocados recursos da ordem de R$ 22,9 bilhões em janeiro. O dólar é que teve forte queda em função de declarações de Bolsonaro e ata mais dura que esperada do Copom, da última reunião que retirou o forward guidance. Mercados dos EUA também terminaram o dia com quedas brandas.
Hoje, Bolsas asiáticas encerraram com comportamento misto, comportamento misto também para os mercados da Europa nesse início da manhã e para os futuros do mercado americano. Aqui, já está mais que na hora de alguma recuperação no curto prazo ainda que não firme tendência. Mas o dia é complicado pela agenda lotada de eventos com capacidade de mexer com os mercados, safra de balanços do quarto trimestre e preocupação com a covid-19. Aqui, quadro fiscal preocupante.
Na China, foi anunciado o lucro industrial de 2020 com expansão de 4,1%, mas em dezembro, contra igual período, alta de 20,1%. A Alemanha é que puxa os mercados para baixo com a divulgação do índice de confiança do consumidor GFK de fevereiro com queda para -15,6 pontos, de anterior em -7,5 pontos.
Nos EUA, Biden confirmou que vai comprar mais 200 milhões de doses de vacinas contra o vírus e disse que a vacinação está pior que o esperado e vai ampliar em 15% as remessas para os Estados. No Congresso, Schumer, líder democrata, disse que o pacote vai tramitar mesmo com o contra dos republicanos. Já McConnell, líder republicano, voltou a criticar medidas do governo.
Em Davos, na reunião virtual, predomina o discurso sobre multilateralismo, cooperação e a preservação climática. No mercado internacional, dia de petróleo WTI negociado em NY em alta de 0,51%, com o barril cotado a US$ 52,88. O euro era transacionado em queda para US$ 1,21 e notes americanos de 10 anos com taxa de 1,03%. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas em altas na Bolsa de Chicago.
Aqui, o IPC da Fipe da terceira quadrissemana de janeiro acelerou para 0,92%, de anterior em 0,86%. Candidatos a presidentes da Câmara e do Senado defendem extensão do auxílio emergencial, mas deixam para o governo determinar o que teria que ser cortado de gastos para não extravasar o teto.
O presidente do Bacen, Campos Neto, teve postura prudente ontem em evento do Credit Suisse, falando do pouco espaço fiscal, inflação surpreendendo no curto prazo e vento contra da redução dos estímulos podendo gerar primeiro trimestre mais fraco. Em compensação, gestores de recursos se mostraram mais otimistas com o futuro dos mercados.
O dia é cheio de eventos importantes que podem mudar o curso dos mercados, mas a expectativa inicial é de Bovespa tentando recuperar perdas, mas o exterior inibe bastante, dólar mais forte e juros em alta.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado