Posse de Biden e sem vacinas
Ontem foi dia de a Bovespa andar na contramão do mercado americano, mostrando contração de 0,50% e índice em 120.636 pontos, após ter passado logo cedo a barreira dos 122 mil pontos. O Dow Jones registrou alta de 0,38% e o Nasdaq com +1,53%. Aqui, o dólar teve dia de valorização de 0,77%, com a moeda cotada em R$ 5,345, mesmo com comportamento mais fraco no exterior.
Os investidores locais estão preocupados com declarações recentes de Bolsonaro que ainda reverberam, a falta de vacinas para imunizar a população e temores com o quadro fiscal e expectativa de ampliação do auxílio emergencial e tributação de CPMF e sobre dividendos.
Hoje mercados miram a posse de Joe Biden que ocorre a partir das 14 horas e medidas que serão tomadas logo após, isso depois de boas declarações da futura secretária do Tesouro, Janet Yellen, ontem em audiência no Congresso americano.
O dia terminou na Ásia com Bolsas em alta, exceto Tóquio com -0,38%, Europa operando em alta nesse início de manhã e futuros do mercado americano também om altas. Aqui, a Bovespa pode tentar recuperação e precisa passar inicialmente a faixa de 122.500 pontos. Precisa ainda de noticiário mais tranquilizador e de manutenção do fluxo de recursos canalizado, principalmente dos investidores estrangeiros.
Nos EUA, Biden deve lançar logo após a posse algumas novas medidas, e tem como desafio aprovar pacote contra a pandemia. Já o líder republicano, McConnell, afirmou que a invasão ao Capitólio foi provocada por Trump. Na Alemanha, o PPI de dezembro foi de 0,8% e na comparação anual ficou em 0,2%. No Reino Unido, o CPI de dezembro foi de +0,3% e o PPI também com +0,3%. Na zona do euro, CPI de 0,3% e na comparação anual deflação de 0,3%.
Na Itália, o primeiro-ministro Giuseppe Conte, obteve o voto de confiança do parlamento para seguir governando e tem que escolher novos ministros na coligação. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 0,98%, com o barril cotado a US$ 53,50. O euro era transacionado em leve queda para US$ 1,215 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,09%. O ouro e a prata mantinham altas na Comex e commodities agrícolas em queda na Bolsa de Chicago.
Aqui, o Brasil está sem vacinas depois daquele lote distribuído de 6 milhões (quase nada), pois a Fiocruz adiou entrega para março por falta de insumos e o Brasil não figura na lista de exportações para os seis países da Índia. Além disso, há dificuldades com a China no fornecimento de insumos por conta dos ataques de nossa representação e filhos do presidente.
A Fipe anunciou o IPC da segunda quadrissemana de janeiro com aceleração para 0,86%, vindo de 0,79%. Já a Light anunciou operação de follow-on a R$ 20 por ações, o que garante R$ 1,37 bilhões para o caixa da Cemig.
Na agenda do dia teremos o fluxo cambial da semana anterior e a decisão do Copom após pregão encerrado, com consenso absoluto de manutenção da Selic em 2%, mas podendo retirar o forward guidance e abrindo espaço para elevações futuras, mas não na próxima reunião.
Nos EUA, a posse de Biden e a confiança do construtor de janeiro.
Expectativa para o início do dia é de Bovespa tentando recuperação, dólar ainda forte por aqui e juros em alta.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado