O dia foi de alta nos mercados asiáticos, começou assim na também na Europa, mas terminou com quedas e mercados americanos oscilando entre positivo e negativo durante quase todo o dia. Aqui, tivemos raro momento negativo ao longo da sessão, mas a alta mantida durante todo o dia não chegou a empolgar, até por conta da fraca performance da líder Vale.

Ainda existem muitas incertezas, e isso ficou expresso não só em declarações de dirigentes, como também pelas preocupações com a expansão do covid-19 e suas variantes encontradas em diferentes países. A primeira ministra da Alemanha, Angela Merkel, sugeriu lockdown até o mês de abril. Na Espanha, tivemos recorde de contágio e aqui estamos super atrasados em tudo e com mortes e infecção crescentes.

Nos EUA, Janet Yellen deve ser confirmada no Tesouro em 19/01, véspera da posse de Biden. Os EUA e o Reino Unido iniciam negociações sobre cooperação em serviços financeiros. Mike Pompeo, secretário de Trump, anunciou sanções contra líderes do Irã por ligações com a Al Qaeda, com transito livre no país.

Também tivemos vários dirigentes regionais do FED versando sobre expectativas da economia e, na visão de James Bullard, presidente de St. Louis, a perspectiva de recuperação de 2021 segue forte, com queda de desemprego para abaixo de 5% e inflação movendo para cima em 2021 e 2022. Já Loretta Mester, do FED de Cleveland, entende que a fraqueza da economia e incertezas impõem pressão na inflação.

Rosengren, do FED de Boston, disse que a política de compra de ativos deve ser mantida até que a economia restabeleça. Schumer, líder pelos democratas, disse que o primeiro trabalho será aprovar pacote fiscal, com aqueles US$ 2.000 para cidadãos necessitados.

Na Itália, só para variar um pouco, a expectativa é que a crise política piore e Conte tenha que renunciar para formação de novo governo. No mercado internacional, o petróleo WTI teve dia de alta de 1,74%, com o barril cotado a US$ 53,16, o euro tinha alta para US$ 1,22 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,14%. O ouro praticamente estável e a prata em alta na Comex e commodities agrícolas majoritariamente em alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China (Qingdao) registrou leve alta de 0,31%, com a tonelada em US$ 172,67, mas não foi suficiente para manter as ações da Vale em alta.

No segmento local, tivemos a divulgação da inflação oficial de dezembro pelo IPCA, com alta maior que a prevista de 1,35% (anterior em 0,84%), acumulando inflação em 2020 de 4,50%, também maior que a esperada. O índice de difusão também ampliou para 72,1%, de anterior em 66,6%. Habitação, alimentação e transportes foram responsáveis por 80% da variação do mês, enquanto alimentos e bebidas registraram alta em 2020 de 14,09%.

Houve alta da inflação em todas as regiões pesquisadas. Bolsonaro voltou a discursar em evento de ciência e tecnologia, voltando a defender a liberação de armas, dizendo que povo armado não será escravizado (?).

Já o diretor do Bacen, Bruno Serra, disse não haver percepção de que a economia global esteja entrando em crescimento forte e disse que por aqui há alguma desaceleração com a redução do auxílio emergencial. Diagnosticou que o câmbio está nesse nível por conta do quadro fiscal preocupante, do “overhedge” de final do ano e diferencial de juros.

Falando de câmbio, hoje o dia foi marcado por fraqueza do dólar no mercado internacional e também aqui. No fechamento dos mercados, o dólar mostrava queda de 3,29%, cotado a R$ 5,32. Bom mesmo tem sido a performance dos investidores estrangeiros na Bovespa. Até 08/01 já tinham ingressado com R$ 10,75 bilhões, continuando com os aportes iniciados em outubro.

No mercado acionário dia de queda na Bolsa e Londres de 0,65%, Paris com – 0,20% e Frankfurt com – 0,08%. Madri e Milão com quedas de respectivamente 0,14% e 0,33%. No mercado americano, dia de Dow Jones com + 0,19% e Nasdaq com + 0,28%. Na Bovespa, fechamento em alta de 0,60% e índice em 123.998 pontos, destaque negativo para Vale, com -2,74%.

Na agenda de amanhã teremos o IPC da primeira quadrissemana de janeiro, o volume de serviços prestados em novembro, levantamento da produção agrícola e fluxo cambial da semana anterior. Nos EUA, sairá a inflação medida pelo CPI (consumidor) de dezembro, os estoques de petróleo na semana anterior, o resultado fiscal de dezembro, dados do Livro Bege (síntese da economia) e discursos de dirigentes do FED.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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