Apesar dos desafios trazidos pela pandemia e pela mudança profunda no cenário de juros brasileiro, os Fundos de Previdência esperam ter alcançado algum crescimento em 2020 em relação ao ano anterior – os dados ainda não foram consolidados. De acordo com previsão da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), a meta é ter chegado ao último dia do ano passado com um patrimônio total de R$ 1 trilhão – incremento sobre os R$ 959 bilhões no encerramento de 2019.
Em projeção à Agência Brasil, o diretor-superintendente da associação, Luís Ricardo Marcondes Martins, disse que em setembro os fundos passaram a recuperar o déficit acentuado no início da pandemia. Não sem uma dose extra de risco, o qual muitos gestores – e investidores – evitavam na época de juros básicos altos. “A gente já vinha, desde 2019, com muito estudo e informação técnica, tendo que correr atrás de uma diversificação maior e tendo que correr mais riscos”, explica Martins, reforçando o caminho para encontrar ganhos maiores.
Uma pesquisa realizada pela Mercer e a Abrapp sobre Impactos da Covid-19 para a previdência complementar mostrou que 82% dos gestores tomaram medidas para reagir ao impacto da pandemia, seja reformular as políticas de investimento, revisar a posição atuarial ou rever a estrutura do plano e suas regras. Uma das prioridades apontadas pela pesquisa passou a ser o monitoramento constante da solvência, liquidez e riscos dos planos de benefícios.
“As aplicações mais conservadoras continuam com taxas de juros muito baixas e, portanto, não são mais tão interessantes para os planos de previdência como horizonte de investimento de longo prazo”, avalia João Morais, líder de previdência e investimentos da Mercer Brasil. Apesar de todos os transtornos provocados pela covid-19, a pesquisa sugere que a previdência complementar sairá fortalecida:
“Esse momento de crise deve acelerar a implementação de ajustes necessários que já vinham sendo debatidos, como a flexibilização de regras e incentivos para o aumento da poupança no sistema”, avalia Martins, da Abrapp.
De acordo com Ricardo Balistiero, economista e coordenador do Curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, o investidor não precisa necessariamente enxergar os fundos de previdência ao pensar em aplicação para uma aposentadoria.
“O tesouro direto continua sendo uma das aplicações de renda fixa mais atraentes para reservas. Além do rendimento, as taxas de administração são as mais baixas do mercado”, compara.
Apesar disso, Balistiero aponta que daqui por diante, os planos de previdência privada devem se tornar mais interessantes, já que podem ser um caminho para as pessoas que não pretendem esperar pela previdência pública. Ao mesmo tempo, Ricardo alerta que alguns cuidados são necessários nesse tipo de investimento, como escolher e entender as diferenças entre os planos VGBL e PGBL.
Contribuintes que usam o tipo completo de declaração do Imposto de renda podem utilizar o Plano Gerador de Benefícios Livres. Quem escolhe o PGBL pode reduzir um valor de até 12% em sua renda bruta na hora de declarar seu Imposto de Renda anual. Por outro lado, no momento de realizar o regaste único ou receber a renda, será calculada a incidência de imposto em cima do valor total. Isso inclui todas as contribuições que foram feitos e também seus rendimentos.