Ontem, a Bovespa só engrenou alta mais forte depois do vencimento de dezembro do mercado de derivativos. Até lá, ficou meio travada. No entanto, o motor principal foi mesmo a decisão do FOMC do FED de ampliar o QE (Quantitative Easing) e a coletiva de imprensa suave do presidente Jerome Powell. Resultado disso, a Bovespa chegou a vazar a faixa de 118.000 pontos (na máxima em 118.178 pontos), enquanto a Nasdaq teve novo recorde histórico de pontuação. Com isso, a Bovespa já acumula alta de 1,9% no ano.
Hoje, os mercados ainda absorvem isso, tendo a expectativa de pacote fiscal nos EUA, e Brexit sobre algum acordo entre a União Europeia e o Reino Unido, enquanto aguarda a decisão do BOE, que sai por volta de 9:00 horas. Os mercados da Ásia terminaram o dia com altas, Europa operando em alta e se mantendo perto das máximas do dia, e futuros do mercado americano com valorizações. Aqui, se o fluxo de recursos continuar a ser dirigido para a Bovespa, haverá absorção de lucros recentes e o objetivo de atingir 120.000 pontos estará mantido.
No exterior, os EUA anunciaram sanções contra a China e Emirados Árabes, por envolvimento com petroleira do Irã. A Austrália melhorou a expectativa para a economia e também para a situação fiscal, enquanto a Coreia do Sul indicou que o PIB de 2021 pode crescer 3,2%, depois de cair 1,1% no ano em curso. O presidente da França, Macron, testou positivo para Covid-19, mas vai seguir trabalhando de forma isolada.
Na zona do euro, a deflação anualizada de novembro foi de 0,3%, com núcleo em -0,5%, bem longe da meta do BCE. Já Jerome Powell, do FED, em coletiva, prometeu usar mais ferramentas para apoiar a economia — caso necessário —, mas disse que em algum momento terá que colocar as ferramentas novamente na caixa.
No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em NY, mostrava alta de US$ 0,69%, com o barril cotado a US$ 48,19. O euro era transacionado em alta para US$ 1,222 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,92%. O ouro e a prata mostravam altas na Comex, enquanto as commodities agrícolas apresentavam altas na Bolsa de Chicago.
Aqui, o Senado liberou gastos proibidos de socorro para Estados e Municípios, além da contratação em universidades e hospitais. Os Estados terão alívio de R$ 217 bilhões com novos empréstimos e renegociações, mas terão o compromisso de ajuste de contas. A Fipe divulgou o IPC da segunda quadrissemana de dezembro em 0,88%, vindo de 0,97% A FGV anunciou a segunda prévia do IGP-M de dezembro com inflação desacelerando para 1,18% (de 3,05%) e, no ano, mostrando alta de 23,41%.
O Bacen começa a divulgar dados do relatório trimestral de inflação e, nos EUA, ainda teremos a construção de novas residências de novembro e permissões, o índice de atividade de Filadélfia e os pedidos de auxílio desemprego, além da decisão do BOE (BC inglês) sobre política monetária, tendo que incorporar previsões sobre Brexit.
A expectativa é de Bovespa em alta, dólar fraco e juros também.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado