Conselhos administrativos ou consultivos foram fundamentais para as ações de reação à crise da Covid-19. Contar com a presença de executivas influenciou na forma com que a alta liderança tomou as decisões para reduzir os impactos da pandemia. É o que aponta levantamento feito pelo Women On Board (WOB).
“Ninguém sabia muito bem para onde as empresas iam no começo da pandemia, mas a presença de mulheres ajudou a fazer uma aproximação maior do conselho com a liderança, a construir melhor essa ponte”, diz Carol Conway, cofundadora do WOB, em entrevista ao Valor Econômico, sobre o estudo.
Uma das empresas participantes do levantamento do WOB afirmou que “o cuidado da liderança feminina foi fundamental para pautar decisões que envolviam o retorno das profissionais mães aos escritórios considerando um cenário de escolas fechadas”. Outra apontou, ainda, que “as conselheiras ajudaram a trazer flexibilidade às políticas adotadas que precisaram ser tomadas de forma muito rápida”.
Programas querem aumentar o número de mulheres conselheiras
Estudo feito pela Teva Indices no segundo trimestre de 2020, com 275 organizações, mostra que apenas 1,3% das companhias possui duas mulheres no conselho, 32,4% têm apenas uma representante, e 48,4% não possuem nenhuma. A análise indica, também, que há uma grande concentração de conselheiras em empresas localizadas na região Sudeste.
“Neste último ano, em especial depois da pandemia, vimos a ascensão da agenda ESG, e a pressão por maior diversidade entra nessa conta. Mas essa é uma discussão que está circunscrita a alguns setores, e mais ao ambiente de negócios de São Paulo”, conta Patrícia Marins, do WOB.
Para avançar na agenda e trazer um olhar interseccional, como a inclusão de mulheres negras em conselhos, foi criado o programa Conselheiras 101. A iniciativa surgiu de um coletivo de mulheres com o apoio da KPMG e da Women Corporate Directors (WCD).
Vinte executivas negras, de vários locais do Brasil, participaram dessa primeira edição. Elas tiveram encontros virtuais com profissionais do alto escalão como Ana Paula Pessoa, Fernando Carneiro, Andrea Chamma e Eduardo Gouveia, para troca de aprendizados sobre governança e fatores que fazem parte da dinâmica de um conselho.
Foram abertas também em 2020, as inscrições para o Programa Diversidade em Conselho (PDeC), iniciativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa com a B3, International Fiance Corporation, Spenser Stuart e WCD.
Houve um aumento de 231% no número de inscrições se comparado com a edição de 2019. Quarenta candidatas que ocuparam ou ocupam cargos de liderança foram selecionadas. Elas receberão mentoria por doze meses, contados a partir de outubro deste ano, e terão acesso a um curso sobre governança corporativa e o mercado de capitais, além de participar de eventos de networking e debates.
Com informações do Valor Econômico.