CENÁRIO EXTERNO
Na balança
Mercados
Na Ásia, mercados encerram a sessão de lado, sem grandes destaques. Em seguida, índices europeus amanheceram sem tendência bem definida, com o Stoxx 600, índice que abrange uma gama de ativos de risco da região, rondando cerca da estabilidade até o momento. Em NY, índices futuros operam com leve viés baixista, registrando perdas próximas a 0,1%, enquanto o dólar (DXY) volta a se desvalorizar contra os seus principais pares. Na fronte das commodities, ativos também se movimentam sem direção única. O preço do petróleo (Brent crude) opera estável, negociado próximo dos US$ 47,90/barril na expectativa de investidor com reunião que trará uma maior definição com relação à extensão (ou não) do período de produção reduzida da commodity pela OPEP (falamos disso na 2ªfeira).
Na balança
Bolsas internacionais voltaram a oscilar próximas do zero a zero, com ligeiro viés negativo na manhã desta 5ªfeira. Enquanto o otimismo derivado da expectativa com a distribuição das vacinas contra o coronavírus e a intensificação das conversas por mais estímulos nos EUA mantém o ambiente favorável à tomada de risco, a piora da posição técnica do mercado (valuations de alguns ativos já estão ficando esticados), a contínua deterioração do quadro sanitário nos EUA – Los Angeles anunciou um lockdown – e a aparente perda de tração econômica na zona promovem pausas na sequência de ganhos.
45′ do segundo tempo (2)
Em busca de avançar na discussão por mais uma rodada de estímulos fiscais antes do fim do ano, os Democratas de Biden e Nancy Pelosi passaram a mostrar seu apoio de forma mais clara pela proposta bipartidária de US$ 908 bilhões apresentada ontem. Segundo as lideranças democratas, o acordo serviria como base para a retomada das conversas, uma vez que pode ser considerada um “meio termo” entre a sua proposta de US$ 2,4 trilhões e os US$ 500 bilhões propostos pelos republicanos. Segundo o novo presidente eleito, os membros do Congresso têm que deixar o jogo político de lado e aprovar ajuda aos trabalhadores desempregados e aos pequenos negócios imediatamente, colocando a bola no campo dos republicanos de Donald Trump. Nesta fronte, o democrata também admitiu que tem pouca influência antes de assumir, e que o apoio do presidente incumbente seria a chave para o progresso em torno do tema.
Economia europeia
Enquanto as vendas no varejo europeu avançaram mais 1,5% em outubro, o PMI Markit do setor de serviços na zona do euro voltou a mostrar uma deterioração da confiança dos produtores em novembro. Com uma leitura de 41,7 (50,0 marca o limiar entre um resultado que aponta para expansão e contração), a pesquisa mostrou que o setor de serviços continua encontrando grandes dificuldades para retomar os níveis de atividade na manutenção da crise sanitária na zona do euro. Enquanto a indústria e o varejo se mantêm resilientes, a reintrodução de medidas de distanciamento impediu o mesmo movimento para os serviços, com queda generalizada entre todas as economias que fazem parte da pesquisa (França, Itália, Espanha, Alemanha e Irlanda). A despeito do resultado negativo, o subíndice que trata das expectativas em relação ao futuro próximo (6 meses) registrou uma melhora, reflexo direto de uma expectativa mais forte de crescimento com a distribuição de vacinas.
Na agenda
As atenções devem se voltar para os EUA no restante do dia, onde saem o número de novos pedidos de auxílio desemprego da semana passada (10h30) e os PMIs de serviços do Instituto Markit e do Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês) às 11h45 e 12h, respectivamente.
CENÁRIO BRASIL
Rodrigo Maia promete não buscar reeleição à oposição
Maia promete não concorrer
O deputado Rodrigo Maia (DME- RJ) prometeu que não concorrerá a um quarto mandato como presidente da Câmara dos Deputados, mesmo que o STF julgue a favor da sua legalidade. A promessa foi feita durante um jantar com líderes da oposição ao governo. Maia conquistou a presidência da Câmara pela primeira vez em julho de 2016, após a renúncia do então deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ). Desde então, o demista foi reeleito à Mesa Diretora duas vezes. Mais cedo na semana, o demista comentou que o ideal seria encontrar um nome “que ainda não presidiu a Câmara”. A reeleição será realizada assim que os deputados retornarem do recesso parlamentar do fim do ano (02/2021).
Maia contra o governo
Mesmo que uma recondução de Maia esteja fora de cogitação, o candidato que receber o seu apoio deve se tornar o principal nome a enfrentar o candidato do governo, Arthur Lira (PP-AL). No momento, Baleia Rossi (MDB-SP), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Elmar Nascimento (DEM-BA) são os nomes mais citados do entorno de Maia.
Vacina da Oxford chega em janeiro
Segundo o ministro Eduardo Pazuello (Saúde), o Brasil deve receber as primeiras 15 milhões de doses da vacina da Astra Zeneca entre janeiro e fevereiro. O imunizante produzido em parceria com a Universidade de Oxford e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é a principal aposta do governo federal para imunizar o público Brasileiro. Durante o restante do S1 de 2021, outras 100 milhões de doses devem aterrissar no Brasil ao custo de R$ 1,9 bi.
Oxford durante o S2
Outras 160 milhões de doses devem ser produzidas pela Fiocruz durante o segundo semestre, caso a fundação brasileira tenha acesso aos R$ 2 bilhões necessários para implementar o seu plano de produção. Segundo o ministro, o imunizante da Astra Zeneca está entre os mais econômicos, custando US$ 3,75 por dose, enquanto outras vacinas têm custo unitário próximo a US$ 20.
Alerta do FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou, por meio de um relatório divulgado ontem, que o governo do Brasil precisa se preparar par manter vivo os estímulos econômicos instalados durante a pandemia, como o auxílio emergencial. Segundo o fundo, um fim abrupto destes programas prejudicaria a retomada econômica do Brasil, já que os efeitos da pandemia ainda afetarão o Brasil no médio prazo.
Outras sugestões
Em relação a política monetária, o FMI sugere que o BC considere novos cortes à Selic, que já se encontra em nível historicamente baixo de 2%. Segundo o fundo, a taxa de inflação do Brasil deve se manter estável até 2023 em razão das altas taxas de desemprego e ociosidade da capacidade da indústria. O fundo também enfatizou a necessidade de aprovar uma reforma tributária, realizar privatizações, finalizar acordo comerciais, reduzir gastos obrigatórios, flexibilizar o Orçamento, manter o teto de gastos e até reformar a previdência novamente.
Desmatamento condiciona acordo com UE
Segundo o embaixador da União Europeia, Ignácio Ybáñez, o Brasil precisa mostrar resultados no combate ao desmatamento para destravar o acordo de livre comércio entre a zona do euro e o Mercosul. O embaixador elogiou uma resposta recente enviada pelo governo brasileiro referente às preocupações levantadas pela UE, mas alertou que o tratado só poderá ser firmado depois que o país registre avanços concretos nesta frente. Na semana passada, dados de satélite divulgados pelo governo mostraram um aumento de 9,5% na área devastada em 2020, em comparação com o mesmo período em 2019.
Na agenda
O IBGE divulga o tão esperado resultado do PIB no 3º trimestre de 2020, que deve refletir a forte retomada da atividade que acompanhou a reabertura da economia no período. Nesta fronte, esperamos uma alta de 8,13% da atividade no trimestre, resultado que configuraria uma contração da ordem de -4,30% na comparação com o 3º trimestre de 2019. Em seguida, após do sucesso na captação de US$ 2,5 bilhões em emissão de títulos externa, o Tesouro realiza mais um leilão tradicional de LTN, LFT e NTN-F, com início previsto para às 11h30.
E os mercados hoje?
Ativos de risco voltaram a amanhecer sem direções claras, com ligeiro viés negativo na Europa e nos EUA. A deterioração da posição técnica após altas consecutivas nas últimas semanas e a avaliação de alguns riscos do cenário promovem uma pausa nos ganhos. No Brasil, o leilão externo bem sucedido do Tesouro é motivo para comemorar, uma vez que sinaliza o acesso do governo ao mercado de capitais internacional e melhora o colchão de liquidez do Tesouro, que tem vencimentos relevantes no curto prazo. De qualquer maneira o problema não está resolvido e nem com solução encaminhada até o momento. Desta maneira, a espera continua por anúncios do governo em torno da agenda fiscalista nas últimas semanas do ano. Para hoje, esperamos mais uma sessão de viés neutro/positivo, com a manutenção de um ambiente favorável (dólar fraco e commodities em alta) apesar da pausa dos ganhos no exterior.
