Ontem, foi dia de mercados em alta em todo o mundo, recorde histórico de pontuação para o Dow Jones acima de 30 mil pontos, Nasdaq também acima de 12 mil pontos e a B3 se aproximando dos 110 mil pontos que vínhamos cravando como importante a ser superado. Mas a B3 ainda está negativa no ano, em 5,07%. No encerramento de ontem, a B3 marcou valorização de 2,24%, com índice em 109.786 pontos e o dólar encerrou com queda de 1,28% e cotado a R$ 5,37, seguindo exterior mais fraco.
Hoje mercados ainda não aprumaram tendência, com as Bolsas asiáticas fechando com comportamento misto (mais é certo viés ainda positivo), Europa abrindo em alta e já fraquejando e mercados futuros americanos com comportamento misto. Aqui, precisamos passar o patamar de 110 mil pontos do Ibovespa para tentar ficar na faixa entre 111 mil e 116 mil pontos, como novo objetivo. Vamos precisar ainda do concurso dos investidores estrangeiros que em 20/11, voltaram a retirar recursos.
O dia mantém o otimismo com vacinas desenvolvidas, sua eficácia e rápida aplicação nas populações (já em meados de dezembro), guarda boas expectativas com a transição de governo nos EUA e também Janet Yellen (ex-presidente do FED) na secretaria do Tesouro americano. Mas também fica de pé atrás com as negociações do Brexit que encerra na virada do ano, com duras negociações entre a União Europeia e o Reino Unido. A União Europeia declarou que está preparada para Brexit sem acordo
Também interfere o importante feriado americano do dia de Ação de Graças amanhã que, na prática, já vai começando hoje, seguido da grande liquidação da Black Friday no dia seguinte. Isso mexe com os mercados e retira muita liquidez. Mas temos que considerar que o petróleo segue em seu mini rali de alta na sessão de hoje.
Segundo o noticiário, o atual secretário do Tesouro pode dificultar a vida do próximo (Yellen ainda não foi confirmada na posição), ao transferir recursos no montante de US$ 455 bilhões para um fundo que só pode ser autorizado e usado pelo Congresso americano. E o presidente Biden diz querer resolver a pandemia e, ao mesmo tempo, fazer o país crescer, o que pressupõe mais estímulo fiscal.
No mercado internacional, dia de petróleo WTI em alta de 1,07% em NY, com o barril cotado a US$ 45,39. O euro era transacionado em alta para US$ 1.19 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,87%. O ouro e a prata tinham altas na Comex e commodities agrícolas também em alta na Bolsa de Chicago.
Aqui, a questão fiscal segue deixando investidores nervosos, mas a pressão vai aumentando para definições. Jair Bolsonaro diz esperar não ser preciso prorrogar o auxílio emergencial, enquanto a equipe econômica desabafa que tudo que é proposto de ajustes o presidente não aceita. Na B3, o volume médio do mês de outubro ficou em R$ 28,5 bilhões/dia, em expansão de 71,4% sobre igual período de 2019, o número de investidores cadastrados subiu 106,9% para 3,2 milhões e o valor de mercado das empresas listadas ainda mostra contração de 1,2% sobre mesmo período, em R$ 4,18 trilhão.
A agenda do dia está lotada de eventos tanto aqui, como no exterior, e com capacidade de interferir na tendência de curto prazo, principalmente com o potencial de realizações de lucro. A agenda acumula dados americanos dos próximos dias de feriado, inclusive o PIB do terceiro trimestre e ata da última reunião do FED.
A expectativa é que a Bovespa possa manter tendência de alta (seria o terceiro pregão seguido), dólar ainda fraco e juros pressionados, notadamente os longos.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado