Ontem os mercados passaram quase que todo o dia entre positivo e negativo, ou somente negativo, mas acabaram firmando alta no finalzinho do pregão. A B3 encerrou com alta de 0,52%, aos 106.669 pontos, dólar em queda de 1,24%, cotado a R$ 5,30, Dow Jones com +0,15% e Nasdaq com +0,87%. No final do dia surgiram notícias que o Reino Unido e a União Europeia poderia ter acordo pós-Brexit anunciado na próxima segunda-feira, além da notícia de que Republicanos e Democratas queriam retomar discussões sobre aquela novela do pacote de estímulo fiscal.

Hoje, os mercados absorvem essas notícias e também a declaração da União Europeia, de que pode liberar a distribuição de vacinas da Biontech/Moderna já no mês de dezembro. Resultado disso, Bolsas da Ásia encerraram majoritariamente em alta (Tóquio com -0,42%), Europa com mercados em alta, até acelerando desde o início da manhã e futuros do mercado americano com comportamento indefinido. Aqui conseguimos manter o patamar de 106.000 pontos, e aquele objetivo de tentar buscar 110.000 pontos permanece válido.

Na China, o PBOC manteve a taxa de juros básica inalterada pelo sétimo mês seguido e lá o PIB cresce em ritmo mais rápido desde meados de 2017. Em compensação, no Japão, o índice de atividade PMI composto (indústria e serviços) de novembro encolheu para 47 pontos, o que mostra maior desaceleração. Lá foi anunciada deflação pelo CPI (consumidor) em outubro de 0,4% e núcleo com -0,7%, conforme previsto.

Nos EUA, o presidente eleito Biden descartou lockdown nacional, mas disse que os Estados precisam de ajuda. Já o secretário do Tesouro, Mnuchin, comunicou ao FED que não vai prorrogar o programa de apoio ao crédito, o que deixou os mercados por lá mais frouxos.

Na Argentina, ontem aprovaram imposto sobre grandes fortunas, o que gera mais desconfiança e o efeito — principalmente lá — deve ser razoavelmente inócuo. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 0,65%, com o barril cotado a US$ 42,01. O euro era transacionado em queda para US$ 1,186 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,84%. O ouro e a prata operavam em alta, enquanto as commodities agrícolas também apresentavam alta na bolsa de Chicago.

Aqui, o ministro Paulo Guedes disse que se houver segunda onda de contágio agirá da mesma forma que da primeira e luta por flexibilizar o orçamento com desindexação, desvinculação e desobrigação de despesas públicas. Disse também que pode até usar reservas para reduzir dívidas, o que seria a destinação mais correta. O Senado é que aprovou projeto de compensação aos consumidores do Amapá prejudicados pelo apagão.

O presidente Bolsonaro anunciou que desistiu de informar os países que compra madeira extraída ilegalmente da Amazônia, em sua diplomacia de pirraça, e sem medir eventuais estragos já feitos. A Justiça vai na mesma linha de extrapolar, com o afastamento das diretorias da Aneel e ONS em atitude rebelde que também traz danos.

Na agenda do dia nenhum indicador com grande capacidade de mexer com os mercados. Teremos o relatório de receitas e despesas no quinto bimestre pelo Tesouro, a confiança do consumidor da zona do euro de novembro e discursos de Powell e Lagarde. Assim, a expectativa inicial é de B3 podendo manter alta, dólar ainda fraco e juros em queda.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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