Um dos múltiplos mais utilizados pelos analistas para se ter uma ideia sobre o valor de uma ação é o P/L (Preço sobre Lucro). Hoje falaremos sobre como calculá-lo, sua importância, como realmente utilizá-lo e as empresas que mais se destacam nesse múltiplo das nossas Principais Ações.
Primeiramente, o que é P/L?
Preço sobre Lucro é o múltiplo que indica o número de anos que o investidor receberia de volta o capital investido, considerando que os lucros se mantivessem constantes.
Isso significa que se você investir em uma empresa com P/L 20, e a empresa não aumentar seu lucro, você só receberá o dinheiro investido daqui 20 anos.
Para calculá-lo, basta dividir o preço por ação da empresa pelo lucro por ação. Esses dados, assim como o P/L já calculado, você encontra facilmente em sites como Fundamentus, StatusInvest e Suno Analítica.
A importância do P/L
O P/L é muito utilizado pelos investidores, casas de análise e gestores na análise do valor de uma empresa.
Com esse múltiplo, aliado a outros fatores que veremos abaixo, pode-se ter uma ideia se uma ação está acima ou abaixo de seu preço justo, assim como as expectativas envolvendo determinada empresa.
Isto é, nem sempre um P/L alto significa que a empresa está cara, mas sim que as expectativas do mercado sobre a mesma, ou até sobre o setor como um todo, são elevadas.
Como utilizar o P/L
A primeira coisa que você precisa ter em mente é que o P/L só deve ser utilizado para ajudar em uma análise, e nunca sozinho. Ele é sempre utilizado junto de vários outros múltiplos como ROE (Rentabilidade sobre o Patrimônio), margem líquida (percentual de lucro sobre a receita líquida), geração de caixa, dívida líquida, etc.
Ou seja, não tome sua decisão só pelo P/L de uma empresa estar 5 e o da outra estar 10, isso por si só não significa que você está comprando a empresa mais barata.
Vários fatores podem influenciar no P/L, como lucros ou prejuízos não recorrentes, uma alta do dólar em empresas com dívida em moeda estrangeira (o que faz com o lucro seja reduzido pelo maior gasto na dívida). Esse ano, por exemplo, vários bancos estão com P/L maior pelo lucro ter sido reduzido graças a diversas provisões que eram necessárias serem feitas, então fique sempre atento ao contexto que cerca a empresa.
Assim, para a melhor utilização desse múltiplo, sempre o utilize como um suporte para a sua análise, junto a outros indicadores, para uma melhor contextualização do momento que a empresa vive.
Com isso em vista, tem duas formas principais de análise que são muito úteis para lhe ajudar a decidir por uma ação ou outra.
Comparação com o setor
A primeira forma de analisar se uma empresa “está barata” (lembre-se, diversos fatores influenciam no P/L, e o mesmo pode não representar efetivamente o estado da empresa), é comparar o P/L dessa empresa com seus pares de mercado, justamente para evitar distorções advindas de um setor específico (exemplo dos bancos acima).
Exemplificando: se você tem interesse em analisar a Raia Drogasil, seria interessante comparar os múltiplos da mesma com outras farmacêuticas. Se você quer analisar o Santander, é interessante comparar com os múltiplos de outros bancos.
Comparação com a média histórica
A comparação com a média histórica, é a utilização dos múltiplos da própria empresa, só que de anos anteriores. Isso é efetivo pois o mercado costuma ficar “confortável” com uma faixa de múltiplo para cada empresa, nunca saindo disso, a menos que um grande aumento/redução no lucro aconteça.
Funciona assim: digamos que analisando uma ação você perceba que nos 5 anos anteriores a ação sempre negociou entre 15 e 25x P/L, entretanto, hoje a mesma está negociando a 10x P/L. Isso pode representar uma oportunidade de investimento, justamente pelo mercado ter essa tendência a ficar mais confortável em uma determinada faixa de preço para cada empresa, o que levaria esse múltiplo de 10x P/L a ser “corrigido” e voltar a negociar na faixa entre 15 e 25 novamente.
Entretanto, fique sempre atento, pois esse P/L menor também pode representar um pessimismo sobre a ação, ou até mesmo estar defasado devido a um lucro não recorrente que inflou o divisor do múltiplo.
Antes de investir, pesquise tudo que você conseguir sobre a empresa, justamente para não cair em “ilusões” causadas pelo múltiplo mais alto ou mais baixo.
As empresas que se destacam das nossas Principais Ações
3º lugar – Bradesco (BBDC4) – 15,02 P/L
2º lugar – Itaúsa (ITSA4) – 13,17 P/L
1º lugar – Banco do Brasil (BBAS3) – 6,20 P/L
Em um ano de grande volatilidade no Ibovespa, os bancos ficaram para trás na recuperação que a maioria das ações apresentou após as quedas. Parte disso pela ameaça das fintechs, que o mercado teme que aconteça o que aconteceu com a Cielo (guerra de preços no setor de maquininhas reduziu muito os lucros da empresa), e parte disso pelas grandes provisões que os mesmos tiveram que fazer durante a pandemia, reduzindo os lucros e deixando o mercado assustado.
Desse modo, os bancos são um dos setores onde se apresentam os menores P/L da bolsa hoje em dia.
As empresas que se destacam dos nossos Principais Dividendos
3º lugar – EDP Brasil (ENBR3) – 8,71 P/L
2º lugar – Copasa (CSMG3) – 8,33 P/L
1º lugar – Isa CTEEP (TRPL4) – 7,64 P/L
Outros setores que ficaram para trás na recuperação dos mercados foram o de Energia e Saneamento, onde as pessoas optaram por mais risco e evitaram os setores onde normalmente há menor volatilidade.
As empresas que se destacam das nossas Principais Small Caps
3º lugar – EDP Brasil (ENBR3) – 8,71 P/L
2º lugar – Minerva (BEEF3) – 6,60 P/L
1º lugar – Marfrig (MRFG3) – 4,76 P/L
Temos um domínio das frigoríficas em relação ao P/L nas Small Caps. Entretanto, esse é um ótimo exemplo prático para demonstrar como o P/L pode ser um múltiplo perigoso se analisado fora de contexto. Não que a Marfrig e a Minerva não sejam boas empresas, mas elas vivem em um momento que favoreceu os seus resultados de forma relevante.
Fatores como o dólar alto e a crise de peste suína fizeram com que as companhias exportassem muito mais do que o normal e a um preço mais elevado também, inflando seus resultados e as deixando com um P/L muito baixo.
Por isso, lembre-se sempre, fique atento ao contexto que cada empresa vive e nunca analise um múltiplo de forma isolada.
Foque sempre no longo prazo e nas perspectivas de cada setor e empresa, e você se surpreenderá com as oportunidades que podem ser encontradas utilizando os múltiplos a seu favor.
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