Ontem a Bovespa teve seu segundo pregão de queda seguido e encerrou com perda de 2,20% e índice em 102.507 pontos, retornando para aquela zona de concentração ao redor dos 100 mil pontos. Mercados no exterior também não ajudaram, com a aversão ao risco voltando por conta da contaminação pela covid-19.

Ao longo do dia, foram vários os formadores de opinião que se referiram ao crescimento da contaminação pela covid-19, dentre eles os presidentes do FED (BC dos EUA), BCE (BC europeu) e BOE (BC inglês). Nos EUA, tivemos o nono recorde seguido de contaminação atingindo em 24 horas 144 mil pessoas, e não parou por aí, com recordes também no Japão e Coreia do Sul.

Hoje mercados da Ásia encerraram o dia com comportamento majoritariamente em queda. Europa com comportamento misto, mas já mostrando recuperação nesse início de dia e futuros do mercado americano com altas. Mas persiste a preocupação com a contaminação pelo vírus. Aqui, há espaço para recuperação, mas existe grande preocupação com o lado político carregado e também com a diplomacia local, com o Brasil se isolando. Também temos o período final da safra de balanços do terceiro trimestre afetando pontualmente os preços das ações.

A China disse ter identificado o vírus da covid-19 novamente em exportação de carne bovina do Brasil e o presidente Xi Jinping parabenizou Joe Biden pela eleição, depois de nova confirmação das urnas no Arizona. Na zona do euro, o PIB do terceiro trimestre, em sua segunda leitura confirmou expansão de 12,6%, de previsão de +12,7%. Lá, as exportações de setembro expandiram 4,1% e as importações com +2,7%, gerando superávit de 24 bilhões de euros, maior que no mês anterior de 21 bilhões de euros.

No mercado internacional, o petróleo WTI era negociado em NY em queda de 0,95%, com o barril cotado a US$ 40,73. O euro era transacionado em alta para US$ 1,183 3 notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,89%. O ouro e a prata operando próximos da estabilidade na Comex e commodities agrícolas com viés de queda na Bolsa de Chicago.

Ontem, o ministro Paulo Guedes disse que se tivermos segunda onda de contágio pelo vírus, os auxílios emergenciais serão estendidos e voltou a falar na contribuição sobre transações digitais para cobrir a desoneração da folha de pagamentos. Isso ampliou a preocupação com o quadro fiscal e mercados reagiram mal.

Também tivemos novo potencial conflito entre o vice Mourão e o presidente por conta de estudos para expropriação de terras com registro de desmatamento, com Jair Bolsonaro dizendo que isso não irá acontecer e que demite quem falar. O dia ainda contem indicadores que podem mexer com os mercados. Aqui, sairá o IBC-BR, uma prévia do PIB de setembro e terceiro trimestre, com expectativa de respectivamente +1% e +9%. Nos EUA, a inflação pelo PPI (atacado) de outubro e a confiança do consumidor de Michigan de novembro.

Nesse início de dia, a expectativa é de Bovespa tentando recuperar, dólar mais fraco e juros ainda pressionado, notadamente os vencimentos mais longos.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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