As transações correntes foram superavitárias pelo sexto mês consecutivo em setembro, US$ 2,3 bilhões, ante déficit de US$ 2,7 bilhões em mês correspondente de 2019, segundo dados do Banco Central (BC). Seguindo a tendência dos meses anteriores, essa reversão decorreu do aumento de US$2,1 bilhões no superávit da balança comercial de bens, e das reduções de US$2,1 bilhões e de US$885 milhões nos déficits em renda primária e serviços, respectivamente. O déficit em transações correntes somou US$20,7 bilhões (1,37% do PIB) nos 12 meses encerrados em setembro, ante déficit de US$25,7 bilhões (1,66% do PIB) no período equivalente terminado em agosto.
As exportações de bens totalizaram US$18,5 bilhões em setembro, recuo de 9,1% ante igual mês de 2019, e as importações de bens, US$13,1 bilhões, declínio de 23,3%. Excluídas as operações do Repetro ocorridas em setembro de 2019; estimadas em US$1,5 bilhão de exportações e US$2,3 bilhões de importações, as reduções interanuais seriam, respectivamente, 1,9% e 11,3%. No acumulado do ano, as exportações e as importações recuaram 7,5% e 13,7%, na ordem, resultando em superávit comercial de US$37,0 bilhões, superior aos US$30,7 bilhões observados no mesmo período de 2019.
O déficit na conta de serviços atingiu US$1,6 bilhão no mês, recuo de 35,3% ante setembro de 2019, US$2,5 bilhões. A conta de viagens internacionais permanece evidenciando os impactos da pandemia, com diminuição interanual de 85,2% nas despesas líquidas; para US$138 milhões em setembro de 2020, ante US$930 milhões no mesmo mês do ano anterior. Destaque-se também, na mesma base comparativa, a redução de 65,1% nas despesas líquidas de transportes, de US$491 milhões para US$171 milhões.
Em setembro de 2020, o déficit em renda primária recuou 56,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior, atingindo US$1,6 bilhão. As receitas líquidas de lucros e dividendos atingiram US$50 milhões, comparativamente a gastos líquidos de US$2,6 bilhões no mês equivalente do ano anterior. Esse resultado decorreu da combinação do recuo nas despesas em US$2,2 bilhões, para US$1,5 bilhão; e do aumento nas receitas em US$416 milhões, para US$1,6 bilhão. Os gastos líquidos com juros somaram US$1,7 bilhão no mês, incremento de 41,4% na comparação interanual. No acumulado do ano, o déficit em renda primária totalizou US$30,1 bilhões, 29,7% inferior aos US$42,8 bilhões registrados no ano anterior.
No mês, os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$1,6 bilhão, ante US$6,0 bilhões observados em setembro de 2019, resultado majoritariamente de ingressos líquidos de US$1,6 bilhão em participação no capital. Nos doze meses encerrados em setembro de 2020, o IDP totalizou US$50,0 bilhões, correspondendo a 3,31% do PIB; em comparação a US$54,5 bilhões (3,52% do PIB) no mês anterior.
Em setembro, ocorreram ingressos líquidos de US$1,2 bilhão em instrumentos de portfólio negociados no mercado doméstico; resultado de saídas líquidas de US$972 milhões em ações e fundos de investimento e de ingressos líquidos de US$2,2 bilhões em títulos de dívida. Nos nove primeiros meses do ano, houve saídas líquidas de US$27,1 bilhões, ante ingressos líquidos de US$2,6 bilhões no mesmo período do ano anterior. Nos doze meses encerrados em setembro, a saída líquida de investimentos em portfólio no mercado doméstico somou US$37,3 bilhões.
Reservas internacionais
O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 356,6 bilhões em setembro, aumento de US$ 514 milhões em comparação ao mês anterior. As operações nos diferentes instrumentos de intervenção no mercado de câmbio – US$ 2,4 bilhões de retornos líquidos em linhas com recompra e US$ 877 milhões de vendas à vista – contribuíram em US$ 1,5 bilhão para elevar o estoque de reservas internacionais. A receita de juros atingiu US$408 milhões. Já as variações por paridades e por preço reduziram o estoque, respectivamente, em US$ 932 milhões e US$ 480 milhões.