O desempenho operacional da Petrobras no terceiro trimestre de 2020 (3T20) foi muito bom, considerando-se o cenário desafiador imposto pela pandemia da COVID-19. Nossa produção de óleo e gás no Brasil cresceu em 9,0% nos primeiros nove meses deste ano em relação ao ano passado. A produção dos campos do pré-sal se expandiu em 32%, enquanto nas demais áreas, pós sal, águas rasas e terrestres, houve contração.
Estimamos que a produção média em 2020 chegue em 2,84 MMboed, sendo 2,28 MMbpd de óleo, com variação de 1,5% para cima ou para baixo, superando o limite superior (2,5%) das metas originalmente divulgadas para o ano (2,7 MMboed e 2,2 MMbpd). O crescimento da produção acima do esperado não resultou em estoques excessivos, o que seria possível face à expressiva redução da demanda global por petróleo. Pelo contrário, temos trabalhado com estoques inferiores aos do período pré-COVID graças à maior integração entre produção, refino, logística e comercialização.
A proteção da saúde de nossos colaboradores tem sido prioridade número um da companhia. Home office, redução de pessoal a bordo e nas plantas industriais, higienização contínua, assistência médica com acesso à telemedicina e adoção da estratégia de testagem maciça com seleção, testagem, rastreamento e quarentenagem têm sido nossas principais ações. Até o momento aplicamos mais de 270.000 testes, e as empresas prestadoras de serviços para a Petrobras cerca de 110.000, o que tem permitido diminuir a taxa de transmissão da COVID através da identificação de muitos casos de assintomáticos.
O cenário de contingência da COVID-19 continua limitando os efetivos a bordo das nossas instalações marítimas de produção; nos levando a postergar parte das paradas programadas no 4T20 para início de 2021. Entretanto, conseguimos executar atividades de manutenção, o que contribuiu para aumentar a eficiência operacional, operar com segurança e manter ótima performance. Outro destaque foi o sucesso obtido na campanha de inspeção dos dutos suscetíveis à corrosão sob tensão por CO2 realizada com novas tecnologias e ferramentas; cujos resultados viabilizaram a continuidade operacional de dutos de injeção de gás, reduzindo gastos e perdas de produção.
A produção média de óleo, LGN e gás natural no 3T20 atingiu 2,95 MMboed, 5,4% acima do 2T20. Concorreram para esse resultado o crescimento da produção no campo de Atapu, com a entrada em operação da FPSO P-70 e primeiro óleo no final de junho e a maior eficiência operacional da P-74, P-75, P-76 e P-77, no campo de Búzios. O desempenho dessas plataformas foi suportado pela ampliação temporária da capacidade de processamento de óleo e gás das unidades, utilizando folgas de capacidade de geração de energia e compressão de gás disponíveis até o início da exportação de gás, e pelo alto potencial de produção dos poços e do reservatório. Isso possibilitou o atingimento de recordes de produção mensal em Búzios, de 615 Mbpd de óleo e 765 Mboed no mês de julho e da maior produção mensal alcançada por um poço no Brasil, com a marca de 69,6 Mboed do poço BUZ-10 registrada em setembro. Nesse mês, ainda tivemos 2 poços de Búzios que superaram a marca dos 65 Mboed (BUZ-12 e BUZ-24, respectivamente com 67,4 e 65,8 Mboed). Em agosto, iniciamos o escoamento de gás da P-74.
O Campo de Tupi alcançou a marca histórica de produção acumulada de 2 bilhões de barris de óleo equivalente; após 20 anos de assinatura do contrato de concessão e 10 anos da instalação do primeiro sistema definitivo de produção. É atualmente o campo com maior produção em águas profundas do mundo e respondeu por 28% da nossa produção no 3T20. Em julho, atingimos a capacidade de produção instalada na plataforma P-67, de 150 Mbpd, em operação nesse campo. Tupi foi também pioneiro para o desenvolvimento do pré-sal e revelou a existência de um novo modelo exploratório, até então desconhecido no mundo. Avançamos, também, no ramp-up das plataformas P-68, nos Campos de Berbigão e Sururu, e P-70, no Campo de Atapu; com destaque para o início do escoamento de gás da P-70, no dia 15 de outubro de 2020.
Dando continuidade à gestão ativa de portfólio, concentrando recursos em ativos de classe mundial em águas profundas e ultraprofundas; no 3T20 assinamos contrato de venda da totalidade de nossa participação em 3 campos de águas rasas e 37 campos onshore. Adicionalmente, finalizamos a venda da totalidade da nossa participação nos Polos de Pampo e Enchova (Bacia de Campos), no Polo Lagoa Parda (Bacia do Espírito Santo) e nos campos Ponta do Mel e Redonda (Bacia Potiguar), pelo valor de US$ 437 milhões em caixa* e US$ 650 milhões em earn-outs que deverão ter impacto positivo sobre a geração de caixa da companhia nos próximos anos. Estes campos produziram 21,9 Mbpd nos primeiros seis meses de 2020, equivalente a 0,9% de nossa produção. Realizamos neste trimestre a hibernação adicional da plataforma de Merluza, localizada na Bacia de Santos, totalizando 63 plataformas em águas rasas hibernadas desde março de 2020. Ressalta-se que o Polo Merluza, composto pelos campos de Merluza e Lagosta, segue em processo de desinvestimento, conforme divulgado no dia 31 de março de 2020.
No refino, a retomada da demanda no mercado doméstico resultou em recuperação das vendas e da produção de derivados. Consequentemente, o fator de utilização (FUT) das refinarias passou a flutuar em torno de 80% no 3T20, depois de atingir 55% em abril. Desse modo, a produção de combustíveis foi 17,8% maior do que no 2T20 e nos 9M20 superou em 1,7% a do mesmo período do ano passado.
Desde julho a produção de diesel S-10, com baixo teor de enxofre, tem batido recordes, refletindo ações comerciais implementadas pela companhia para ampliar a oferta de diesel S-10 em substituição ao S-500, consistente com a estratégia de produzir combustíveis mais amigáveis ao meio ambiente. Em setembro, alcançamos a marca de 396 Mbpd. O crescimento da produção do diesel S-10 reflete a maior demanda pelo produto no Brasil; acompanhando a evolução dos motores de veículos pesados e utilitários movidos a diesel, responsáveis pela maior parte da circulação de mercadorias no território nacional. Em relação ao total de vendas, houve recuperação da demanda e de market share de diesel e gasolina em relação ao 2T20; período em que a demanda foi mais impactada pelas ações de isolamento social.
Lançamos em setembro de 2020 o programa Biorefino 2030, que prevê projetos para a produção de uma nova geração de combustíveis; mais modernos e sustentáveis que os atuais, como o diesel renovável e o bioquerosene de aviação (BioQAv). O diesel renovável é um biocombustível avançado, produzido a partir de óleos vegetais e com a mesma estrutura do óleo diesel convencional; capaz de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 70% quando comparado ao diesel regular e em 15% quando comparado ao biodiesel. Concluímos com sucesso os testes em escala industrial e aguardamos a autorização do Conselho Nacional de Política Energética para comercialização do diesel renovável no Brasil. Já o BioQAv passará a ser obrigatório no Brasil a partir de 2027 e seu processo de hidrogenação utiliza as mesmas matérias primas necessárias para a produção do diesel renovável. As unidades industriais que produzem o BioQAv têm como coproduto o diesel renovável.
As vendas de asfalto também foram recordes, em julho, atingindo 227 mil toneladas, o maior volume mensal desde setembro de 2016. Em agosto de 2020 a entrega de bunker no Porto de Santos foi de 190 mil toneladas, 46% do mercado brasileiro; a maior quantidade entregue desde abril de 2009, motivada pela exportação de grãos do período e a retomada da movimentação de contêineres. No 3T20, a exportação de petróleo e derivados totalizou 983 Mbpd. Atingimos em setembro novo recorde de exportação de petróleo de 1.066 Mbpd. A exportação de correntes de óleo combustível subiu 5% em comparação com 2T20.
No segmento de Gás e Energia, a recuperação da demanda foi observada principalmente nas vendas para o mercado não termelétrico e se intensificou no 3T20, com destaque para volume vendido de 36 MM m³/dia em setembro, aproximando-se dos patamares pré-crise, fruto da retomada gradual da indústria e afrouxamento do isolamento, com maior consumo de GNV e recuperação do consumo comercial.