“Mantivemos os direitos do funcionalismo atual e lançamos as bases de um funcionalismo futuro com muito mais meritocracia, muito mais avaliação de resultados, em que a prática e a avaliação ao longo de anos, dependendo da carreira dos quadros típicos de Estado… Cada um desses quadros típicos de Estado é que vai decidir se é preciso seis anos, sete anos para adquirir estabilidade. Na Receita Federal pode ser que sejam quatro anos, no Itamaraty pode ser que sejam oito anos. Cada um é que vai definir os quadros desse funcionalismo futuro”, disse Guedes durante o 10º Seminário de Administração Pública e Economia, promovido pelo IDP.
Na apresentação da reforma administrativa, em 3 de setembro, a equipe econômica informou que o novo regime jurídico de servidores federais terá cinco tipos de vínculos: cargos típicos de Estado, cargo por prazo indeterminado, vínculo de experiência (uma espécie de estágio para migrar aos dois anteriores), vínculo de prazo determinado e cargos de liderança e assessoramento. Desses, apenas o cargos típicos de Estado terão “estabilidade após três anos”, segundo o próprio documento do Ministério da Economia.
O texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma administrativa também fixa o período para que os novos servidores de carreiras típicas de Estado ganhem a estabilidade no cargo. “Adquire a estabilidade o servidor que, após o término do vínculo de experiência, permanecer por um ano em efetivo exercício em cargo típico de Estado, com desempenho satisfatório, na forma da lei”, diz a proposta. O período em vínculo de experiência é de “no mínimo dois anos com desempenho satisfatório”.
A proposta não fixou quais serão as carreiras típicas de Estado na nova administração pública, pois isso será regulamentado posteriormente por projeto de lei. Auditores fiscais da Receita Federal e diplomatas, exemplos citados indiretamente pelo ministro da Economia ao mencionar o Fisco e o Itamaraty, estão hoje no grupo de carreiras típicas de Estado.
Durante o processo de discussão da reforma administrativa dentro do governo, a área econômica chegou a cogitar uma regra que exigiria até 10 anos de serviço público até que o funcionário obtivesse o direito à estabilidade, como mostrou o Estadão em outubro de 2019. Essas propostas depois foram adaptadas e amenizadas. Na reta final, o próprio Palácio do Planalto pediu à equipe econômica mudanças que reduziram o poder de fogo da PEC, com exclusão de servidores atuais e de membros de outros Poderes, como juízes, desembargadores, procuradores e parlamentares.
Economia mínima de R$ 300 bilhões
A aprovação da reforma administrativa pode render uma “economia mínima” de R$ 300 bilhões, de acordo com Guedes. Segundo ele, o valor pode ser até maior porque os cálculos foram feitos considerando uma taxa de reposição de 70% – ou seja, a cada 10 funcionários que se aposentam ou deixam a carreira, há sete novas contratações.
Hoje, essa taxa de reposição é até menor, de 26%. “Os ganhos podem ser maiores”, afirmou Guedes.
Como antecipou o Estadão/Broadcast em setembro, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calcula que iniciativas para reduzir a reposição de servidores daqui para frente, cortar salários iniciais para novos entrantes e alongar os degraus das carreiras podem resultar em impactos de R$ 202,5 bilhões a R$ 318,5 bilhões em União, Estados e municípios num período de dez anos, a depender do alcance das medidas.
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