Prof. Rodrigo Antonio Chaves da Silva

Participante do Simpósio Internacional das Fronteiras do Conhecimento Contábil

Um dos principais elementos para aumento do desenvolvimento econômico é uma estabilidade das taxas de juros.

Primeiro, a parte fixa da taxa de juros deve ser mantida nos patamares menores possíveis, e a parte variável vinda do mercado financeiro e de capitais, deve acompanhar esta taxa, fazendo com que o custo financeiro seja baixo.

No Brasil, por todo o período da década de 70 para cá, o que houve foi uma alimentação da especulação, de maneira a beneficiar mais a rentistas e especuladores, pois, a política monetária era bastante desastrosa.

O capital ganhava no mínimo 10% de ganho, fora a cobrança do Imposto de renda em cada unidade ou montante de investimento, isso nos últimos anos.

No período militar foi, no entanto, pior neste aspecto.

A política monetária desastrosa, amparada por grandes quantidades de empréstimos, fez com que o dinheiro não tivesse adequada movimentação, e nisso as altas de inflação e taxas de juros que chegavam a mais de 100% ao mês.

Chegou num ponto que as prefeituras pequenas colocavam o dinheiro no banco para ter mais ganho e assim poderem pagar os funcionários.

Era um problema sério de liquidez, de tal ordem, que o dinheiro ganhava nominalmente, mas o seu poder circulatório não existia, tinha muito valor com pouco poder de compra, com isso as perdas graves para a economia, para o emprego, para a circulação e para toda a sociedade inclusive os mais simples.

Na Nova República tínhamos tudo para manter uma política monetária menos desastrosa, mas os planos de correção monetária ou criação de novas moedas foram desastrosas para o patrimônio e ainda para a melhoria da sociedade, só geraram inflação e perda da capacidade de compra da própria população.

Com o plano real houve uma estabilidade da moeda, mas do crédito não.

As taxas de juros chegaram a patamares altos, quando no término de 2002 ela estava no patamar de 30% o que era alto demais. Só que teve períodos que ela estava muito mais alta, quase o dobro disto. O que era impossível ao empreendimento se manter com empréstimos, ou mesmo a população ter crédito e financiamento. Era um tipo de liberdade econômica com as travas do governo. Impossível ter evolução neste cenário que fosse ligada à qualidade de vida.

Um empréstimo ganharia no mínimo 30% de juros, todavia, havia empréstimos que estavam ganhando mais de 300%, fora os juros do cartão e das linhas de crédito, fazendo com que a especulação ganhasse muito mais que o capital produtivo, pois, ainda há uma conceituação que diz que o capital de especulação não é realmente riqueza, apenas o capital produtivo envolvido no mercado.

Todavia, mesmo assim o Brasil tinha alguma estabilidade monetária e a perda grave do capital estava para com a dinâmica econômica que não era favorecida com a taxa de juros.

Ou seja, tínhamos moeda, mas não tínhamos circulação monetária, e muito menos capacidade de dinamizar a economia, pois, todavia, não havia crédito, e existia mais tratamento da circulação do dinheiro.

Portanto, as taxas caíram numa mudança de governo para 20%, mas giravam durante quase 15 anos cerca de 15% a 10%, chegando num patamar mais baixo de 8%, este por pouco tempo. A taxa de juros favorecia a menos condição de circulação econômica, e mais rentabilidade para os bancos, que emprestavam menos. A população tinha crédito familiar, mas com alto custo. Essa bola de neve poderia estourar a qualquer momento, foi o que aconteceu com a nossa crise aos finais de 2013.

De dois anos para cá, porém, a taxa tem caído para 5% e hoje está em 2%. É uma medida competitiva no mercado internacional. E no Brasil tende a gerar favorecimento para a população, e para o empresariado de modo geral.

Claro que se a economia estivesse normal, isso seria um ganho muito maior, porque o custo fixo do dinheiro a 2% ao ano, ou num período específico (como querem alguns), estaria deixando o mercado mais aquecido pelo dinheiro mais barato, e obviamente, por ganhos que seriam muito mais adequados.

Enquanto o dinheiro que vinha do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento), era exclusivamente para manter outros países, com taxas de juros que custavam ao tesouro nacional, e ainda ao povo brasileiro, para nós o custo do dinheiro, ou mesmo a altura dessa quantidade monetária era muito cara, com taxas na época que rodavam em torno de 10% a 15%.

Isso favorecia apenas aos bancos, e ainda às empresas de rentabilidade com investimentos. Mais a estes segmentos, todavia, a outros não, muito menos no contexto geral mercadológico. O mercado que seria favorecido com tais ganhos, com a condição de crescimento da circulação, do crédito, e da capacidade produtiva não recebia absolutamente nada. Ou absorvia menos desta condição, mesmo com taxas variadas de financiamentos disponíveis.

A taxa de juros é fundamental para o desenvolvimento de um Estado, pois, ela mantém o crédito para as empresas, e para as pessoas físicas, diminuindo o endividamento e aumentando a produção e as vendas, fazendo com que o dinheiro que circule mais na sociedade gere mais emprego, e mais tributos, com isso muito mais políticas públicas para a população, chegando no chamado círculo virtuoso.

Claro que esta condição só pode ser alcançada com cifras muito menores, no caso, as que estamos tendo agora.

Contudo, o efeito disso não será totalmente eficaz, o mercado não está trabalhando como deve, temos pois uma crise que está gerando paralisação social, os setores da economia travaram um pouco a sua dinamização, a clientela parou de comprar, os correios agora entraram em greve num momento crucial para a nação, evitando assim mais a circulação das mercadorias em parte, só a classe dos caminhoneiros  que é a mais importante para o pais, está conseguindo manter o Brasil de pé, de tal sorte que temos mais condição para o melhoramento da nossa dinâmica financeira, todavia, seria muito mais bem utilizada a taxa quando realmente fosse aproveitado o credito num mercado de ativos que funcionasse normalmente, coisa que só acontecerá no ano que vem.

O favorecimento de uma taxa acontece de um curto para longo prazo, portanto, os efeitos benéficos dessa taxa somente acontecerão mesmo no ano que vem.

A taxa de juros portanto está competitiva, está igual ou menor que a de alguns países da Europa, o efeito não será pleno, porém, a também não será excluído totalmente, teremos muitos benefícios dessa política.

Por outro lado, quando a dinâmica se favorecer com esta taxa que não crescerá tão facilmente, o crédito mais barato, os bancos terão que acostumar a emprestar mais e mais barato do que acontece hoje, com diversas revisões contratuais que existirão por conta do mau uso das taxas, e continuarão existindo pelos abusos de tal percentual.

O efeito benefício para a prosperidade será claro quando nós tivermos, pois, crescimento da circulação econômica, melhoria da condição social, e ao mesmo tempo emprego derivado de mais empresas e muito mais produtividade, esta é a questão crucial e final de uma redução da taxa de juros numa análise dedutiva normal.

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