Ontem foi dia de a Bovespa andar na contramão positiva de vários mercados do mundo, dólar em queda e juros com comportamento mais brando, principalmente os de mais longo prazo que vinham com altas. A Bovespa valorizou 2,48%, com índice fechando em 102.065 pontos, dólar fechando em queda de 0,53% em R$ 5,467, Dow Jones com queda de 0,24% e o Nasdaq em novo recorde de pontuação com +0,73%.
Boa parte da recuperação local ficou na conta de declarações de Bolsonaro e Paulo Guedes, afastando possível saída do ministro, objeto de muitas especulações durante todo o final de semana. Mas as tensões sobre reforma tributária, teto de gastos mantidos ou não (sem maquiagem) e distribuição de verbas entre os ministérios; permanecem.
Hoje mercados da Ásia encerraram com comportamento misto, com Xangai em queda e Tóquio em alta; além de sessão mais curta em Hong Kong por causa de um tufão. Europa com comportamento positivo nesse início de manhã e já afastada das máximas e futuros do mercado americano com idêntico comportamento. Aqui voltamos para aquela zona de indefinição, no meio do caminho entre perder novamente os 100 mil pontos do Ibovespa, ou ganhar acima de 104 mil pontos, quando o mercado mostraria maior tração. Precisamos definir tendência nos próximos dias.
No exterior, a inflação no Reino Unido medida pelo CPI de julho mostrou alta forte para 1% anualizada, enquanto na zona do euro foi confirmada em 0,4%, mas ambas bem aquém da meta de inflação estabelecida em 2%. Na Indonésia, o banco central manteve a taxa de juros básica estabilizada em 4%. No Canadá, o primeiro-ministro Trudeau pediu a suspensão do parlamento até 23/9, quando pretende apresentar seu programa de recuperação econômica pós-pandemia.
Nos EUA, Joe Biden foi oficialmente confirmado como representante democrata nas próximas eleições contra Trump, e a terceira noite da convenção terá como protagonista o Barack Obama e a Kamala Harris (vice de Biden). A OMC (Organização Mundial do Comércio), confirmou queda histórica no comércio de bens no segundo trimestre, mas já mostrando que deve ocorrer uma recuperação nos próximos meses.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,91%, com o barril cotado a US$ 42,50. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,194 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,65%. O ouro e a prata tinham boas quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago.
Aqui, o gatilho para conter despesas de pessoal economizaria cerca de R$ 40 bilhões do orçamento, mas o Senado resiste a cortar salários de servidores. Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia e o presidente Bolsonaro tomam café da manhã para discutir o orçamento, depois de muitas críticas de atraso no envio e remanejamento de verbas de ministérios.
Agenda do dia é fraca, mas contém a divulgação da ata do FED da última reunião que não se espera grandes mudanças. A expectativa para o dia é de Bovespa ainda tentando recuperação, dólar fraco e juros oscilando perto da estabilidade.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado