Os mercados da Ásia já tinham demonstrado alguma indefinição durante a madrugada. A Europa abriu em baixa e seguiu esse curso durante todo o dia. Já nos EUA, o Dow Jones operou no negativo, enquanto o S&P e Nasdaq tinham valorizações. Aqui, mercados começaram positivos, passaram toda manhã assim, e na parte da tarde viraram para o campo negativo.
No Brasil, os investidores começaram o dia aliviados por declarações de Bolsonaro dizendo respeitar o teto de gasto e responsabilidade fiscal, mas as preocupações foram se sobrepondo e mercado enfraqueceu. Durante a tarde, soubemos da intenção do governo emitir MP com crédito extra de R$ 5 bilhões para a área de infraestrutura. Apesar disso, o dólar permaneceu fraco e os juros longos ainda pressionados em alta, como havíamos prognosticado.
No exterior ainda persiste a dicotomia entre o aumento da contaminação em diferentes países e a proximidade de testes em humanos da nova vacina contra a covid-19. Também pesam as dificuldades de republicanos e democratas chegarem a um acordo sobre novo programa de estímulos e a preocupação com a expansão da dívida pelo governo.
Nancy Pelosi, presidente da Câmara, disse que os dois partidos estão a milhas de distância de um acordo. Já o presidente do FED de Atlanta, segue aguardando novos estímulos fiscais para recuperação da economia. O secretário de Trump, Kudlow, ainda prevê recuperação em “V” para a economia, mas fez coro com o secretário Mike Pompeo contra a China, dizendo que é força subversiva e influência perigosa nas Américas. Pompeo seguiu fazendo carga pela Europa contra a tecnologia 5G da Huawei e também contra a Rússia sobre dependência energética. A China disse ter encontrado contaminação por covid-19 em importação de asas de frango do Brasil e frigoríficos tiveram dia ruim.
No mercado internacional, dia de petróleo WTI negociado em NY em queda de 1,05% e barril cotado em US$ 42,22. O euro era transacionado em alta para US$ 1,18 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,71%. O ouro e a prata recuperando em alta na Comex e commodities agrícolas em alta na Bolsa de Chicago. Minério de ferro fechou com pequena queda de 0,11% na China, com a tonelada em US$ 121,38.
No cenário local, o IBGE anunciou o volume de serviços prestados em junho com expansão de 5%, mas no ano, com contração de 8,3%. A receita bruta nominal crescendo 2,9% e expansão em 21 dos 27 estados da federação. Ainda precisamos expandir 17% para chegar ao patamar e fevereiro de 2020. Já a Receita Federal disse não haver ainda definição de alíquota para o novo imposto sobre transações digitais.
O ex-secretário Cintra demitido pela defesa da CPMF disse que agora, Paulo Guedes acha a CPMF viável, enquanto Bolsonaro desinterdita o debate sobre. No mercado, o dólar teve dia de queda de 1,53% e fechou cotado a R$ 5,368. Na Bovespa, na sessão de 11/8, os investidores estrangeiros voltaram a sacar recursos no montante de R$ 122,3 milhões, deixando o saldo de agosto ainda positivo em R$ 2,3 bilhões, mas o ano de 2020 com saídas líquidas de R$ 82,6 bilhões.
No mercado acionário, dia de queda na Bolsa de Londres de 1,50%, Paris com -0,61% e Frankfurt com -0,50%. Madri e Milão com quedas de respectivamente 0,62% e 0,88%. No mercado americano, o Dow Jones com -0,29% e Nasdaq com +0,27%. Na Bovespa, dia de queda de 1,62% e índice em 100.460 pontos, em zona perigosa.
Na agenda de amanhã começamos na madrugada com bateria de dados sobre a economia da China em julho (vendas no varejo, produção industrial, investimentos em ativos fixos, etc.). Aqui, teremos o IGP-10 agosto, e o IBC-Br de junho fechando o semestre de previsão do PIB. Nos EUA, produção industrial e vendas no varejo de julho e a confiança do consumidor de Michigan de agosto.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado