Após o pregão de ontem, a empresa divulgou seus resultados do 2T20 apresentando forte redução de vendas, da receita e das margens, o que levou ao prejuízo. Isso ocorreu mesmo com os expressivos ganhos dados pela contabilização créditos fiscais (R$ 16,4 bilhões). O resultado operacional refletiu a forte redução da demanda e dos preços ocorrida no 2T20.

No 2T20, a Petrobras sofreu um prejuízo de R$ 12,3 bilhões (R$ 0,21 por ação), valor 94,4% menor que o resultado negativo do trimestre anterior e revertendo os ganhos de R$ 18,9 bilhões auferidos no 2T19.

A forte retração na demanda por combustíveis, com as medidas de afastamento social para combater a pandemia no 2T20; levou a uma expressiva redução nas vendas de derivados no mercado interno, que foram compensadas pela elevação das exportações. O volume total vendido no Brasil caiu 15,4% em relação ao 2T19 pela razão já destacada. Porém, a Petrobras conseguiu mais que compensar isso com a elevação de 61,7% no volume exportado.

Entre os derivados, é importante notar que as vendas de diesel no 2T20 já até cresceram em relação ao primeiro trimestre. Outro comportamento interessante foi da nafta, cujas vendas aumentaram 51,8% na comparação com o 2T19, devido ao aumento das compras da Braskem.

As exportações cresceram forte no 2T20, compensando as perdas no mercado interno. Comparado ao 2T19, o volume exportado de petróleo aumentou 65,4% e dos derivados teve elevação de 44,2%. Com a menor demanda interna, a importação total de petróleo e derivados caiu 64,3%, permitindo o forte incremento (279,3%) no saldo da “balança comercial” da Petrobras.

Além da redução nas vendas, os resultados da Petrobras também foram negativamente impactados no 2T20 pela forte redução das cotações do petróleo (57,6%) em relação ao 2T19, que levaram à diminuição dos preços médios dos derivados praticados no mercado interno (35,8%). A queda nos preços no Brasil não foi maior pela desvalorização do real médio entre os dois períodos (37,5%).

A queda dos custos foi importante para o resultado do 2T20. O custo de extração (lifting cost) com participações governamentais e afretamentos em dólares caiu 27,1%, comparado ao 1T20 e 54,4% em relação ao 2T19. Esta redução ocorreu por conta da maior participação do petróleo proveniente do pré-sal, que tem custo menor de extração, e da desvalorização do real. No pré-sal, o lifting cost sem participações governamentais foi de US$ 4,17 por barril, valor 7,7% menor que no mesmo trimestre do ano passado (-25,0%) no trimestre.

No 2T20, o custo de refino foi de R$ 9,68 por barril, valor 1,9% menor que no trimestre anterior e 4,5% acima do 2T19. Esta queda de custos foi resultado da diminuição dos preços do petróleo e de ganhos de estoque.

Foi muito importante no trimestre, a contabilização de créditos tributários com a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS; que gerou um efeito líquido de R$ 7,2 bilhões incluídos em Outras Receitas/Despesas Operacionais. Outra parcela destes créditos foi contabilizada como resultado financeiro.

A queda das vendas e nas margens da operação, mesmo com os ganhos tributários, levaram o EBITDA do 2T20 (R$ 25 bilhões) a ficar 23,5% abaixo do mesmo trimestre de 2019. O EBITDA recorrente do trimestre foi R$ 17,7 bilhões, 47,0% menor que no 2T19.

O resultado financeiro negativo no 2T20 (R$ 12,3 bilhões), altamente impactado pela oscilação da taxa de câmbio, foi melhor que no trimestre passado, mas 43,5% acima do 2T19. No 2T20, a atualização monetária do PIS/COFINS, com a exclusão do ICMS da base de cálculo (R$ 9.250 milhões), permitiu uma redução dos custos financeiros.

Ao final do 1T20, a dívida líquida em reais da Petrobras (incluindo arrendamentos) era de R$ 390 bilhões, 2,6% maior que no trimestre anterior e 21,6% acima do 2T19. Este aumento pode ser explicado pela desvalorização do real na dívida denominada em moeda estrangeira. A relação dívida líquida/EBITDA no 2T20 era de 3,2x, vindo de 2,7x no trimestre anterior e 1,5x no 2T19.

Nossa recomendação para PETR4 é de Compra com Preço Justo de R$ 26,00 (potencial de alta em 14%). Em 2020, esta ação caiu 24,4%, bem mais que o Ibovespa, cuja queda foi de 9,2%. A cotação de PETR4 no último pregão (R$ 22,82) estava 27,0% abaixo da máxima alcançada em 2020 e 110,3% acima da mínima.

Publicidade

CONHEÇA A COBERTURA QUE VAI

AUMENTAR SEU DINHEIRO NOS INVESTIMENTOS

Agendas, Análises, Recomendações, Carteiras e muito mais!