Esses foram os ingredientes de hoje para manter os mercados em queda, alguma aversão ao risco e investidores projetando que a recuperação econômica global não será fácil. Além disso, incluímos o tema recorrente das relações corroídas entre os EUA e a China, e Trump falando sobre a possibilidade de adiar eleições.

Durante a madrugada os mercados asiáticos mostravam sinais mais claros da aversão ao risco, movimento que ganhou força com quedas acentuadas nas Bolsas europeias e desaguou um pouco nos EUA (exceção para as ações de tecnologias negociadas na Nasdaq), e também na Bovespa. Petróleo também em queda pela leitura de que a demanda deve ficar fraca, e no ouro escapou, depois de forte escalada de alta nos últimos pregões.

Na sessão de hoje, muitas empresas mostraram prejuízos no segundo trimestre, algumas até reagindo bem já que a previsão era ainda pior. Porém, contaminou bons resultados como de Vale e Bradesco que não tiveram força para valorizar. Já a covid-19 seguiu aumentando a contaminação em diferentes países empurrando para um pouco mais longe a recuperação econômica global, com olhar ainda mais crítico sobre a Europa.

Logo cedo tivemos a notícia do PIB da Alemanha encolhendo surpreendentes 10,1% e ampliando o processo recessivo do país, para logo em seguida ser anunciada a contração do México de 17,3% e taxa anualizada de 18,9%. Para o PIB americano as previsões indicavam contração de 35%, mas o anúncio veio com queda de 32,9%. Junto com a queda do PIB, tivemos aumento dos pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior em 12 mil posições, para total de 1,43 milhão, pouco inferior ao projetado.

Do lado diplomático, o secretário Mike Pompeo voltou a pauta contra a China dizendo que eles são a ameaça central dos nossos tempos. Já China acusa o FBI de querer intensificar ataques contra chineses nos EUA. Ainda sobre China, com a recuperação mais forte da economia, a gigante Huawei passou a liderar a venda global de smartphones.

Voltando para a Alemanha, a inflação medida pelo CPI (consumidor) de julho mostrou, na verdade, deflação de 0,5%, quando o previsto era -0,3%. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY derretia 3,85%, com o barril cotado a US$ 39,68. O euro era transacionado em alta para US$ 1,183 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,54%. O ouro em leve queda e a prata perdendo forte na Comex e commodities agrícolas com leve viés de alta na Bolsa de Chicago. O minério teve dia de estabilidade de preço na China, com a tonelada em US$ 110,58.

No segmento local, o Itamarati colocou sobre sigilo toda a correspondência relacionada com a empresa Huawei e tecnologia 5G. Já o IBGE relacionou que 62,4% das empresas consultadas disseram ser afetadas negativamente pela pandemia na segunda quinzena de junho. Enquanto isso, o ministro Paulo Guedes e o relator da reforma tributária na comissão mista disseram não ser a intenção elevar a carga tributária e tão-somente simplificar a estrutura de impostos. Mas Paulo Guedes acena com aumento da isenção de IR para aprovar novos tributos.

A FGV anunciou o IGP-M fechado de julho em forte alta de 2,23% (anterior em +1,56%), maior variação desde fevereiro de 2003, com o índice acumulando alta em 2020 de 6,71% e em 12 meses de 9,27%. Já o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), disse que o Brasil concentrou a maior fatia dos financiamentos privados em infraestrutura da América latina.

No mercado local, o dólar teve novo dia de volatilidade, para fechar com -0,38% e cotado a R$ 5,155 e o índice DXY enfraqueceu ainda mais na parte da tarde. Na Bovespa, na sessão de 28/7, os investidores estrangeiros sacaram recursos no montante de R$ 748,6 milhões, deixando o saldo negativo de julho em R$ 6,58 bilhões e saques líquidos em 2020 em R$ 83,1 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda na Bolsa de Londres de 2,31%, Paris com -2,13% e Frankfurt com -3,45%. Madri e Milão também com quedas fortes de respectivamente 2,91% e 3,28%. Nos EUA, o Dow Jones com -0,85% e Nasdaq com +0,43%. Na Bovespa, dia de queda de 0,56% e índice em 105.008 pontos.

Na agenda de amanhã teremos a nota de política fiscal de junho e definição da bandeira de energia de agosto. Sai também o PIB da zona do euro do segundo trimestre e a inflação pelo CPI. Nos EUA, o deflator de preços do consumo PCE, a renda e o gasto pessoal, além da confiança do consumidor de Michigan de julho.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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