Redes de farmácias, laboratórios e fabricantes de equipamentos hospitalares têm oportunidades importantes de fazer negócios no longo prazo no Brasil. Com demanda garantida e espaço para ajustes de preços em razão da pandemia, empresas do setor da saúde têm conseguido manter negócios em um contexto em que a economia, como um todo, naufraga. E, aquelas com boa gestão, são consideradas terrenos seguros e com boas margens para investimentos no longo prazo.
“As empresas do setor de saúde têm excelentes fundamentos, em sua maioria. E são boas opções para investir porque são perenes, ou seja, à medida que a população vai envelhecendo, como é o caso da brasileira, a demanda pelos seus serviços vai crescendo”, avalia o consultor de investimentos Rodolfo Cavancanti.
O Grupo Fleury, um das mais conhecidos no mercado de capitais dentro deste segmento, é um dos exemplos a ser olhado com atenção, avalia o analista de investimentos Fernando Magalhães (CNPI). “A empresa está passando por um forte processo de digitalização, que coloca, remotamente, os médicos em contato com os pacientes e usa a tecnologia para marcar exames e até para marcar o recolhimento de amostras. Então é uma empresa alinhada às tendências deste setor e que vem se preparando bem”, afirma.
Ele lembra também que a companhia tem feito muitas aquisições, o que, a curto prazo pode afetar o caixa, mas, no longo, deixá-la mais relevante no segmento da saúde. Isso pode ajudar a explicar porque suas ações estão em queda neste ano. Desde o início de janeiro, a ação caiu de R$ 31 para R$ 24, em fechamento na sexta-feira passada.
Eduardo Cavalcanti, analista de investimentos do serviço Fundamentei, menciona outro exemplo: a Raia DrogaSil. Em um segmento de alto potencial de crescimento e ainda fragmentado, a empresa desponta como um verdadeiro titã, em razão de sua presença crescente. “A empresa vem atuando com maestria em um segmento que não é para qualquer um, abrindo muitas unidades e aumentando seu patrimônio”, menciona o especialista. A variação da ação no acumulado do ano é nula, permanecendo em R$ 114, no fechamento do dia 24 de julho.
As aquisições são um termômetro para analistas identificarem empresas que melhor se movimentam neste setor, e observá-las com mais atenção – junto, é claro, com as condições de mercado e a qualidade da gestão. Tiago Prux, sócio da Capitalizo Análise, menciona o exemplo da Hapvida. “É um setor bem interessante e que se consolida por aquisições, pois há muitas empresas no setor e de diversos tamanhos”, afirma.
No dia 15 de julho, a operadora de planos de saúde assinou memorando de intenção de compra de 85,7% do capital votante do Grupo São José, no interior de São Paulo. Essa participação pode chegar a 100% e, nesse caso, o preço de aquisição é de R$ 320 milhões. A aquisição do Grupo incluí o caixa líquido, a carteira de 51 mil beneficiários, os imóveis dos dois hospitais, que possuem mais de 7 mil metros quadrados de aérea construída e, ainda, um terreno de 4 mil metros quadrados adjacente ao hospital geral.