Os investidores estão oscilando entre o medo de uma segunda onda de contágio da covid-19 e a perspectiva de desenvolvimento em aplicação de vacinas contra o vírus. Hoje foi dia típico disso. Os EUA voltaram a bater recorde de casos com mais de 60 mil, enquanto a empresa Moderna anunciou progressos no desenvolvimento da vacina, e os testes entrando em sua terceira fase ainda no mês de julho.
Nos EUA, a imprensa explica que Trump está atrás nas pesquisas por conta da percepção de falta de competência para administrar a crise. O secretário de Trump, Kudlow, segue afirmando que todos os indicadores até aqui divulgados indicam que a recuperação da economia está em formato de “V”.
O FED de NY também colabora com essa percepção ao declarar que se as condições de mercado continuarem a melhorar, o FED pode ir reduzindo a compra de ativos.
Mike Pompeo voltou a dizer que a China não é transparente e que tem que ser responsabilizada pela expansão da pandemia. Já o presidente do FED de Atlanta, Bostic, deixa claro que talvez seja preciso prolongar alguns programas fiscais de ajuda. O Reino Unido também fez movimento de ajuda, criando programa de contratação de jovens com benefício de 1 mil para o empresário por cada contratado; além de outros estímulos.
A União Europeia declarou que o mundo entrou na pior recessão em 100 anos, mas entende que a recuperação está em curso, com caminho de grandes incertezas pela frente. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 0,84%, com o barril cotado a US$ 40,96. O euro era transacionado em alta para US$ 1,13 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,65%. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas com viés de queda na Bolsa de Chicago. O minério de ferro é que teve forte alta de 3,39% na China durante a madrugada, com a tonelada fechando em US$ 106,50.
No segmento local, o IBGE anunciou que as vendas no varejo de maio cresceram acima do previsto em 13,9%, mas contra igual período de 2019 encolheram 7,2%. O varejo ampliado que inclui veículos e construção mostrou expansão de 19,6%, mas encolhe 14,9% sobre maio de 2019. Estamos 12,3% abaixo do pico alcançado em outubro de 2014. E a média trimestral ainda fica negativa em 2,6%
O Banco Central também anunciou o fluxo cambial de junho negativo em US$ 2,9 bilhões (fluxo financeiro negativo em US$ 4,7 bilhões), gerando fluxo negativo também no ano de US$ 12,9 bilhões. Os bancos encerraram junho vendidos em câmbio no montante de US$ 26,9 bilhões. As operações de swap cambial acumulada até 3/7 mostram prejuízos de R$ 52 bilhões, mas tem os ganhos da administração das reservas. A posição cambial líquida está em US$ 299,4 bilhões. O presidente do Bacen disse que o fluxo de capitais tende a acomodar e melhorar nossas contas externas.
Do lado político destacamos a dura carta do PSDB criticando postura do ministro Paulo Guedes em entrevista no final de semana para a CNN, quando criticou o plano real e os governos do PSDB. No mercado, o dólar terminou o dia com -0,62% e cotado a R$ 5,347. Na Bovespa, na sessão de 6/7, os investidores estrangeiros voltaram a sacar recursos no montante de R$ 286,7 milhões, deixando o saldo de julho negativo em R$ 1,27 bilhão e o ano muito negativo em R$ 77,77 bilhões.
No mercado, dia de queda da Bolsa de Londres em 0,55%, Paris com -1,24% e Frankfurt com -0,97%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 1,62% e 0,57%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,68% e Nasdaq com +1,44%. Na Bovespa, dia de alta de 2,05% e índice em 99.769 pontos.
Na agenda de amanhã teremos dados da inflação na China referente ao mês de junho, e os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado