De acordo com o BB, a Cielo apresentou um resultado em linha com suas expectativas, com lucro líquido recorrente de R$ 490 mi (+63% a/a), sendo o 6° trimestre consecutivo de crescimento; e fechando o ano de 2022 com lucro de R$ 1.480 mi (+78,7% em relação a 2021). Contudo, o resultado foi impulsionado principalmente por:
i) crescimento do volume capturado;
ii) recuperação do yield da receita;
iii) bom controle de custos e
iv) forte desempenho da Cateno.
Destaques operacionais da Cielo
Conforme o relatório do BB, os destaques operacionais deste trimestre ficaram por conta do EBITDA recorrente de R$ 1,1 bilhão (+40% a/a); do volume de transações capturado, que bateu o recorde histórico de R$ 231 bilhões (+11% a/a). E pela continuidade na expansão dos Negócios de Antecipação de Recebíveis, que também registraram novo recorde, com R$ 30,2 bi em volumes antecipados (+25% a/a).
Pelo lado negativo, o BB destaca a queda na base ativa de clientes (-12,45% a/a) e a redução da representatividade dos produtos de prazo em relação aos volumes transacionados (-1 p.p. a/a).
“Apesar do crescimento dos volumes transacionados e do atingimento de seu notável recorde, observamos consecutivas quedas na base ativa de clientes, o que pode representar um ponto de alerta. Além disso, a penetração de produtos de prazo sofreu queda de 1 p.p. t/t. Ainda que pequena, tal queda também pode representar um ponto a ser observado nos próximos trimestres. Em contrapartida, pelo lado positivo, observamos manutenção de patamar no yield da receita e melhora no mix de transações (volumes de crédito crescendo mais do que os volumes de débito), o que configura maior eficiência e rentabilidade para a Cielo”. Disseram os analistas do BB.
R$ 2,2 bilhões em disponibilidades de caixa
Segundo o BB Investimentos, em 31 de dezembro de 2022, a Cielo registrou R$ 2,2 bilhões em disponibilidades de caixa (R$ 3,7 bilhões a menos do que em 31 de dezembro de 2021 e R$ 1,4 bilhões a menos do que em 30 de setembro de 2022). A redução em ambas as bases de comparação é explicada pelo aumento do caixa alocado em Produtos de Prazo. Adicionalmente, após o encerramento do quarto trimestre, a companhia registrou um total de empréstimos e financiamentos de R$ 6,6 bilhões (R$ 348 milhões a mais do que 31 de dezembro de 2022 e R$ 68 milhões a mais do que em 30 de setembro de 2022.), explicado pela 6° emissão de Debêntures Públicas realizadas no 2S22.
Momento
“A Cielo finaliza o ano de 2022 demonstrando sua eficiência e capacidade operacional. Em nossa interpretação, de acordo com os consecutivos resultados positivos apresentados, o pior momento de sangria competitiva definitivamente já passou e o ano de 2023 deve ser de maior estabilidade. Estratégias de reprecificação, reposicionamento de mercado, priorização dos segmentos comerciais mais rentáveis, estímulo à penetração dos produtos de prazo e desinvestimentos de subsidiárias e/ou produtos deficitários mostraram-se acertadas e merecem nosso reconhecimento. Não à toa, a campeã de mercado manteve seu cinturão em 2022″. Destacaram os analistas do BB.
Perspectivas e recomendação para Cielo
Para os próximos trimestres, os analistas do BB esperam continuidade do crescimento da Cielo, mas em menor ritmo, impactada pelo ambiente macroeconômico desfavorável, com maior endividamento das famílias e menor apetite ao consumo. O ambiente competitivo no mercado de adquirência e o risco de disrupção por novas tecnologias, apesar de mais amenos neste momento, devem continuar em 2023 e permanecem provocando ceticismo. Por isso, o BB mantem a recomendação neutra para CIEL3, com preço-alvo, após atualização, de R$ 6,20 para o final de 2023.