Após o encerramento do pregão da terça-feira (9), a Via divulgou seus resultados referentes ao 4º trimestre de 2021.

Iago Souza, analista que assina o relatório destaca que no geral, avalia o resultado misto, com a primeira linha, referente às receitas, vindo abaixo do esperado, prejudicado por operações físicas marginalmente piores.

O lucro, por outro lado, veio conforme o esperado, com os custos de dívida pressionando a linha em meio ao aperto da política monetária brasileira.

A cifra ganhou um folêgo com a presença de um item não recorrente.

Mesmo tendo conseguido alongar suas dívidas para o longo prazo, com aumento do prazo médio de 595 para 742 dias, a posição de Via no setor de varejo requer cautela.

Em meio a tubarões e em um cenário inflacionário, a companhia conseguirá gerir com eficiência a sua monetização de crédito tributário e ainda ganhar espaço frente a players altamente captados? A ver.

Confira agora os principais pontos do balanço da Via para o 4º trimestre de 2021 na visão do analista.

Investimento bilionário

Em um mercado altamente competitivo, 2021 foi um ano que a Via acelerou seus investimentos para suportar o crescimento e digitalização da companhia.

A varejista ultrapassou a marca de R$ 1 b em investimentos no acumulado anual. Dos exatos R$ 1,04 b de Capex, quase 50% foi direcionado à tecnologia – o Capex para este segmento dobrou de valor na comparação ano a ano.

A segunda maior fatia ficou para abertura de novas lojas, abocanhando 21% dessa cifra bilionária.

GMV ganha inclinação

Fruto de um alto investimento e impactado positivamente por uma melhora operacional no processo de onboarding – a qual possibilitou uma maior celeridade a entrada de vendedores em seu marketplace (3P) -, o GMV bruto total da Via alcançou R$ 11,7 b no 4º trimestre de 2021.

E claro, a grande estrela do trimestre foram as vendas digitais (e-commerce + Retira Rápido), que ganharam participação de 9 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2020.

O analista da Genial Investimentos separou mais três pontos que merecem destaque dentro do GMV da Via, são eles:

Número de vendedores: a varejista ultrapassou a marca dos 130 mil sellers em seu marketplace. Só nesse 4º trimestre, a quantidade de vendedores aumentou em 23% – o que pode ser explicado pela melhor eficiência operacional no onboarding e campanha de degustação para pequenos sellers (take-rate zerado).

Número de SKUs: a Via aumentou quase em 500% a quantidade de produtos únicos comercializados em sua plataforma. Os SKUs de cauda longa – termo que representa itens de outros nichos fora do top 5 departamento da Via (excluem categorias como telefonia, móveis, eletroportáteis e eletrodomésticos) -, teve grande importância no trimestre, responsável por 60% dos pedidos da varejista.

Efeito de rede: com mais vendedores anunciando sortimentos de diferentes categorias, a Via conseguiu capturar aquele desejado “efeito de rede”, atraindo maior fluxo de clientes e, consequentemente, chamando a atenção de outros vendedores para a plataforma.

Receita um pouco amarga

Faturando R$ 8,2 b no 4º trimestre, a receita líquida da Via foi um dos principais pontos negativos do período. A cifra veio 5% abaixo do que esperávamos, impactado principalmente pelo desempenho das lojas físicas.

Margem bruta estável

Excluindo o item não recorrente do período do lucro bruto, que corresponde ao efeito trabalhista no valor de R$ 8 m, o analista da Genial destaca que a Via conseguiu manter sua margem estável em 28,2%. O resultado veio exatamente conforme o esperado.

No ano, a varejista conseguiu elevar sua margem bruta em 0,7 pp, mesmo com as vendas digitais (que possuem menores margens) ganhando participação no balanço. Essa elevação é explicada pelo efeito positivo da negociação comercial e da produção do crediário.

Lucro cai 91%

A última linha da varejista foi esmagada pelos resultados financeiros do período. Em particular, uma linha chama bastante atenção:

Financiamento a prazo: as operações de CDCI (Crédito Direto ao Consumidor), realizado pelo Crediário Casas Bahia, viu suas despesas aumentarem em 66%. A explicação é simples: em um ano, com a elevação da taxa Selic no Brasil, as taxas médias pré-fixadas desse tipo de contrato saltou de 5,39% aa para 9,47% aa.

O lucro contábil da companhia foi de R$ 29 m. No entanto, com uma “ajudinha” do efeito de subvenção recorrente no valor de R$ 96 m, a Via conseguiu emplacar um lucro líquido um pouco menos amargo, a R$ 125 m” Conclui o analista.

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