A BRF divulgou na terça feira (22) resultados neutros no 4T21 após o fechamento do mercado, com EBITDA ajustado (excluindo vendas de ativos, provisões e contingências), a principal métrica para os investidores, ficando em linha com consenso em R$ 1.647 milhões, embora 4% acima das estimativas do BBI.

Receita acima do esperado

De acordo com os analistas da Ágora, o faturamento da BRF no 4T21 ficou em linha com o consenso em R$ 13.724 milhões, mas 8% acima da estimativa do BBI.

A receita acima do esperado pode ser explicada principalmente por preços consolidados acima do esperado (+9% vs. BBI,+21% em base anual), impulsionados por preços mais altos das Exportações Diretas (35% acima do previsto pelo BBI), e Brasil (+6% vs BBI) no aumento da demanda do mercado internacional como Oriente Médio, África e América do Sul e Central, e em preços processados no Brasil.

Os analistas destacam que esta receita líquida mais forte levou a um EBITDA 4% acima das suas estimativas, embora amplamente em linha com o consenso, já que as margens ficaram um pouco abaixo da nossa estimativa (-0,46 p.p vs. BBI) e compensou parte do benefício da receita líquida mais forte.

Essa margem menor em relação ao esperado deve-se a margens abaixo do esperado na Ásia (demanda mais fraca da China), apesar das margens muito mais altas das Exportações Diretas (beneficiando-se do crescimento da demanda de turismo e foodservice em alguns mercados internacionais).

Por fim, o lucro líquido de R$ 932 milhões ficou bem acima dos R$ 319 milhões estimados pelo BBI e dos R$ 345 milhões do consenso devido ao maior reconhecimento de créditos tributários sobre prejuízos.

Ágora recomenda compra

A ação teve desempenho inferior ao IBOV em 26pp no acumulado do ano, dada a incerteza sobre possíveis mudanças na governança corporativa e aumento nos custos de insumos com riscos de um conflito militar entre os produtores de grãos Rússia e Ucrânia.

Dito isso, vemos as ações sendo negociadas em um atraente EV/EBITDA 2022E de 6x, com um desconto de 25% em relação à média histórica de 3 anos de 8,0x.

Apesar do recente rali dos preços dos grãos, continuamos com visão de baixa para os preços agrícolas, pois, entre outros motivos, acreditamos que a demanda chinesa por grãos decepcionará em 2022, o que deve proporcionar alívio nos custos de insumos ainda não precificados nas ações da BRF em 2022 e 2023, enquanto a recente oferta de follow-on desalavancou o balanço da BRF para um nível pró-forma saudável de 2,2x dívida líquida/EBITDA no 4T21.

Após esses resultados, mantemos a recomendação de Compra para a ação e preço-alvo de R$ 32,00″ Afirmam os analistas da Ágora.

Por fim, a eleição do conselho de administração em 28 de março pode trazer mais clareza sobre a governança corporativa.

Nesse contexto, as ações da BRF subiram cerca de 5% ontem, após o anúncio de que a Marfrig apresentou candidatos ao conselho de administração da BRF, que inclui Marcos Molina e Sergio Rial, ex presidente da Marfrig e, entre outros cargos, presidente do Santander Brasil.

Confira onde estão os ativos mais recomendados pelos analistas

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