A Enauta (ENAT3) e a 3R Petroleum (RRRP3) anunciaram que chegaram a um acordo para a fusão de seus negócios, em transações estimadas em US$ 1,5 bilhão pelo mercado e que cria uma nova consolidada no setor do petróleo.
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, essa fusão é mais vantajosa para a 3R, já que a alternativa envolvendo a PetroReconcavo (RECV3) resultaria em uma empresa ligeiramente mais endividada, ao contrário da situação com a Enauta.
Com a união dos negócios entre Enauta e 3R, o mercado espera o surgimento de uma nova empresa parecida com a Prio (PRIO3).
“Com a fusão, a nova entidade terá uma alavancagem baixa, inferior a 2 vezes o EBITDA (lucro antes juros), o que evita possíveis problemas. Acredito que a empresa resultante se tornará uma grande produtora, conforme mencionado na notícia, atingindo uma produção de 86 mil barris por dia neste ano e 120 mil no próximo. Isso a posicionará como uma alternativa significativa ao risco de interferência política enfrentado pela Petrobras, seguindo o exemplo de como a Prio tem se beneficiado nos últimos anos”, comenta Cruz.
Para efeito de comparação, a Prio tem uma produção de cerca de 88 mil barris por dia.
“Se as empresas conseguirem articular um plano para atingir um patamar mais competitivo em dois anos, isso certamente será bem recebido pelo mercado”, considera o especialista.
“De toda forma, acredito que o mercado reagirá favoravelmente à nova companhia, pois oferece uma alternativa ao risco político associado à Petrobras (PETR3)(PETR4). Em um cenário internacional marcado por tensões no Oriente Médio e entre Rússia, Ucrânia e Europa, onde os preços do petróleo permanecem elevados, há um interesse considerável dos investidores tanto no próprio petróleo quanto nas empresas envolvidas na sua exploração”, acrescenta Cruz.
Acordo de fusão
Sobretudo, a assinatura do memorando de entendimento (MOU) vem apenas uma semana depois da Enauta ter enviado uma carta ao conselho da 3R propondo a transação.
O MOU garante a exclusividade nas negociações por 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
As diligências já começaram, com as equipes de ambos os lados fazendo apresentações dos campos.
A relação de troca que a Enauta havia sugerido na carta não sofreu alterações nas negociações. Com isso, a fusão vai dar 53% da empresa combinada aos acionistas da 3R; os acionistas da Enauta vão ficar com 47%.
A Enauta e a 3R também assinaram um acordo com a Maha Energy — a petroleira listada na Bolsa de Estocolmo que tem o Starboard como acionista de referência.
Pelo acordo, a Maha se compromete a vender à companhia combinada sua participação de 15% na 3R Offshore, que é dona dos campos de Peroá e Papa-Terra.
Em troca desses ativos, a Maha receberá 2,17% do capital da nova empresa, elevando sua participação final para 4,5%. A Maha já tinha uma participação direta na 3R.
Depois da fusão, os maiores acionistas da nova empresa serão o Bradesco, com 9% do capital, a Jive, 7,6%, as famílias Gerdau e Queiroz Galvão, com cerca de 6% cada, e a Maha.
Para a operação, o Itaú e o BTG assessoram a 3R. A XP e o Citi assessoram a Enauta.