O mundo mudou. Todos já devemos estar enjoados de ler e ouvir a frase, mas será que todos fazem a pergunta sequencial: mudou o suficiente? Do ponto de vista corporativo não faltam teorias e novas práticas de gestão, no dia a dia, bem como inovação no jeito de vender e de se comunicar. No entanto, quando examinamos o Conselho de Administração, órgão máximo das companhias, fica claro que ainda há “um espaço extraordinário” para se avançar.

Maioria na população (51,8%, segundo o IBGE), as mulheres ocupam, atualmente, 14% das posições nos Conselhos de Administração das Companhias instaladas no Brasil. Se forem excluídas as suplentes e herdeiras, essa participação cai (ainda mais) para 4%. Há uma flagrante desigualdade que vai sendo desnudada nesses tempos em que as práticas ESG estão em alta – ao menos no discurso. E, por uma questão de coerência, é chegada a hora de se cobrar uma explicação palatável para o desalinhamento. Ou se dá o exemplo, vindo de cima, ou se para de falar em governança, inclusão, igualdade, piriri pororó

Como é certo que a coisa não anda sozinha (seja por “tradição”, “machismo”, “conveniência” ou qualquer outro argumento que se possa lançar), um grupo de refinadas e intrépidas mulheres decidiu botar a mão na massa e usar o que podem ter de melhor: a sagacidade e inteligência.  Em setembro passado, Rochana Grossi, Antônio Emílio Freire e Fábio Alperowitch iniciaram um curso chamado “ESG de Verdade”, dando a partida no que seria o canal (no youtube) Conselhos de Conselheira. Logo juntaram-se ao CC novas interessadas em prosseguir a discussão.

Há um mês ocorreu a primeira live, para se discutir a falta de representatividade da mulher nos Conselhos de Administração. E no dia 16 último aconteceu a segunda live, da qual este colunista teve a honra de participar juntamente com a Rochana (jornalista, economista, suplente fiscal e especialista em valoração econômica ambiental), Kika Ricciardi (conselheira de administração) e a também jornalista Mariana Barbosa (editora no jornal O Globo), além de uma assistência muito qualificada e interativa.  

Em pouco mais de uma hora de conversa, além da simpatia e aprendizados com mulheres muito inteligentes e sagazes, desenharam-se os próximos passos. Buscar participações em reuniões de Conselho, ainda que na condição de meras convidadas, poderá ser um movimento interessante. Tentar derrubar a intenção de monopólio para certificação de conselheiras é outro passo, necessário.

É certo que existe um rio Amazonas para se passar por baixo da ponte… por isso mesmo urge a construção de uma ponte sólida, e não só para vislumbrar as companhias, mas no plano político também, para que em uma próxima eleição para governadores de estado não se repita a estatística de apenas uma mulher a cada grupo de sete candidatos. Outros 7x 1 não.

COTA

Na live do dia 16 (ver texto acima) em momento algum se pronunciou “cota”, talvez porque este não seja um caminho natural no processo de conscientização para o aumento de participação das mulheres em Conselho.

Já a deputada Tábata Amaral (PSB-SP) pensa diferente. Autora do PL 785/21, cria a cota obrigatória (mínima) de 30% de mulheres em Conselhos de Administração de companhias abertas, de empresas públicas, de sociedades de economia mista, de suas subsidiárias e controladas, e outras companhias em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. Segundo a Agência Câmara, o projeto – que altera a Lei das S/A – ainda tramita pela Casa.

INTERNACIONAL

É bom que se diga a verdade, sempre. Para quem acha que a falta de representatividade feminina ocorre somente no Brasil ou em “meia dúzia” de países, junto aos Conselhos de Administração das companhias, uma informação importante: no mundo todo (pelo menos na parte civilizada) existe esta luta por maior equanimidade.

O país mais avançado no quesito é a Noruega, com a média de 1/3 das mulheres fincando bandeira neste território. Sequencialmente aparecem França, Bélgica e Reino Unido com participações menores.

ESTRANGEIROS

Na última sexta-feira a B3 divulgou comunicado sobre a conclusão de revisão dos números relativos ao fluxo do capital estrangeiro na Bolsa brasileira. Em síntese, o texto diz o seguinte: “A Bolsa anuncia a revisão final das estatísticas de fluxo de entrada e saída de investidores estrangeiros. Estão sendo publicados os dados das movimentações desses investidores nos anos de 2020 e 2021 no mercado secundário, adaptados para excluir as informações sobre empréstimo de ativos”.

Esse trabalho aponta que as operações nas estatísticas anteriores ocorreram de maneira incorreta desde outubro de 2020. Naquele ano o fluxo negativo ficou em R$ 39,7 bilhões, enquanto o número divulgado foi de R$ 31,8 bilhões. Já o fluxo positivo em 2021, de R$ 70,8 bilhões, na realidade era de R$ 7,2 bilhões negativos. O total revisado de 2022, anunciado em 1º de abril último, era menor que o saldo de R$ 91,1 bilhões informado na data. O valor corrigido é de R$ 64,1 bilhões, reconsiderou a B3.

BINGO!

No último dia 16, na coluna anterior, publicamos:

NU – Na visão de Tayllis Zatti, aqui do nosso time do Acionista, a ação no Nubank está… NU. Lembra ela, em post publicado neste Portal, que o valor das ações já despencou mais de 50% desde a data de abertura de capital (9 de dezembro último) e… vem mais ladeira pela frente; abaixo, assinala.

No último dia 17, as ações do Nubank registraram queda de 67%, desde a estreia em Bolsa. Os BDRs também levaram um tombo e tanto, acumulando desvalorização de 72% desde o IPO em dezembro…

Entendeu agora por que é importante ficar ligado no Portal e assinar o Clube Acionista?

ELETROBRAS

Reunido em sessão plenária, o Tribunal de Contas da União (TCU) avalizou a privatização da Eletrobras. Com isto, o governo está livre para desestatizar a gigante do setor, uma vez que já existia aprovação por parte do Congresso.

Apenas registrando o placar de votação no TCU: 7×1.   

INFLAÇÃO x PIB

A inflação medida pelo IPCA chegará a 7,65% este ano, preveem instituições financeiras no país. Já o crescimento do PIB, em sentido oposto, tem sido revisado pra baixo. O Itaú Unibanco, por exemplo, aposta em +0,97 % para este e +0,23% para o próximo ano!

Mais “otimista”, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mantém a previsão de crescimento de 1,1% para este ano.

BOLSA

É praticamente consenso no mercado que a B3 deverá passar dos 130 mil pontos no apagar das luzes de 2022.

RODOVIAS

A EcoRodovias arrematou, na sexta-feira última, em evento na B3, a concessão do Sistema Rodoviário Rio de Janeiro (RJ)/Governador Valadares (MG), que engloba o conjunto de trechos das rodovias BR-116, BR-465 e BR-493 e soma 726,9 quilômetros. Com isto, o grupo ampliará em 21% sua malha rodoviária passando a operar dez concessionárias e chegando a mais de 4 mil quilômetros administrados em oito estados brasileiros. A aquisição eleva a EcoRodovias ao status de operador com maior extensão de rodovias do país.

Para atender o novo projeto, a companhia assume o compromisso de investir um total de R$ 11 bilhões em obras a serem executadas ao longo dos 30 anos de concessão. Outros R$ 9,9 bilhões serão alocados no período para a operação da malha rodoviária.

SOLAR

Cientistas, empresários e membros da comunidade internacional vão se reunir nesta semana – entre os dias 23 e 27 –, na aprazível Florianópolis (SC), para debater o desenvolvimento científico e tecnológico da energia solar fotovoltaica no Brasil e no mundo. Trata-se do IX Congresso Brasileiro de Energia Solar (CBENS), promovido pela Associação Brasileira de Energia Solar (ABENS).

Na ocasião, o gerente de franquias do Portal Solar fará duas palestras sobre microfranquias, empreendimentos que pedem investimento inicial entre R$ 35 mil e R$ 45 mil.

MARINA WEEK

https://marinaweek.com.br/ (inscrições gratuitas)

A Marina Week, Semana do Mar em São Paulo, acontecerá entre os próximos dias 1º e 5 de junho, no Memorial da América Latina, com a proposta de discutir o uso sustentável do Oceano, nesta que é a “Década do Oceano”, estabelecida pela ONU.

Com apoios do Portal Acionista e de Plurale, na divulgação, ocorrerá no segundo dia (02/06, às 16h30) a Mesa 4 sob o título “O mercado financeiro e o investimento na Economia Azul”.

Debatedores:

  • Nelson Tucci (moderador) 
    Jornalista profissional diplomado (Universidade Metodista), tem Curso de Extensão Universitária sobre Meio Ambiente (ECA-USP), MBA em Comunicação e Relações com Investidores (Fipecafi-FEA/USP). É autor dos livros Parnahyba para Crianças (História do Brasil), Abamec 30 Anos (Mercado de Capitais) e Uma Jornada Adolescente (Terceiro Setor – Jovem Aprendiz). Atualmente é colunista do Portal Acionista e da Revista e Site de Plurale, escrevendo sobre Sustentabilidade.
  • Ricardo Martins

Economista pela Faculdade de Economia, Finanças e Administração de São Paulo (1986); com diversos cursos de especialização. Possui 30 anos de atuação no mercado de capitais; com expertise em Análise de Demonstrações Financeiras, Reestruturação Financeira, Fusões e Aquisições, Valuation, Analista Sell Side. Trabalha desde na Planner Corretora de Valores, foi analista chefe, assumiu área de projetos especiais junto a Superintendência em 02/2011 e o Departamento Econômico em 02/2014. Também foi presidente da Apimec-SP (2013/2016); Vice Presidente de Assuntos Técnicos da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) (2012/2017), Conselheiro Suplente do Conselho Regional de Economia (Corecon SP) (2014/2016);

  • Flávio Andrade 
    Engenheiro Naval formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), trabalhando há mais de 30 anos em negócios relacionados aos oceanos, com destacadas experiências em construção naval, pesca, navegação, combate a derramamentos de óleo, operação de embarcações de apoio offshore e aquisição de dados oceanográficos.  Flavio é o CEO e fundador da OceanPact, uma empresa brasileira de serviços marítimos, e conselheiro da Witt O’Brien’s do Brasil. Nascido no Rio de Janeiro, onde mora com sua mulher e três filhos, Flavio tem pós-graduação em Negócios pela COPPE/UFRJ, fala inglês, francês, espanhol e português e é velejador e mergulhador amador.
  • Rodrigo More
    Consultor de investimentos “anjo” e “venture capital” em startups nas áreas de biotecnologia, tecnologia, educação e cultura. É também professor do Instituto do Mar da Unifesp, diretor de novos projetos da TV Escola e ex-diretor de relações institucionais da Maraé Investimentos.

  • Cesar Sanches

Superintendente de Sustentabilidade da B3 (Bolsa de Valores), a ser confirmado.  

LIQUIDEZ

Tendo o Portal Acionista como parceiro de mídia, acontecerá nos dias 21, 22 e 23 de junho o 1º Encontro de Liquidez, Finanças e Tributação, promovido pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).

Veja os conteúdos:

Painel 1 – Ingresso do Brasil na OCDE
Painel 2 – TRIBUTAÇÃO | Modelos possíveis de tributação de renda (Vantagens e desvantagens)
Painel 3 – Redução do Contencioso Tributário X Litigiosidade – Adoção do Refis/Pert/Transação Tributária
Painel 4 – Projeto CONFIA – Mudança do paradigma de relacionamento Fisco X Contribuintes

Painel 5 Eficiência nos Instrumentos de liquidez

Painel 6 – Economia e política – cenários

Inscrições pelo link https://encontroclift.com.br/inscricoes/

VOLUNTARIADO

A Conexão Trabalho e a Skats realizam estudo pioneiro que visa mapear iniciativas sobre os temas e propor reflexões importantes que contribuam para apoiar as empresas na construção ou aprimoramento de seus programas. E convida: é uma oportunidade para sabermos o que está rolando no mercado nos temas de Voluntariado e Diversidade. Topa contribuir?

A pesquisa tem o olhar para empresas de diferentes tamanhos em todo Brasil e pode ser respondida por qualquer pessoa dentro da organização, independentemente de ter ou não programas de Voluntariado ou Diversidade estruturados. Todos os participantes receberão o relatório antes da divulgação oficial e serão convidados para um webinar exclusivo! Para participar é só clicar no link https://pt.surveymonkey.com/r/QCXWN8G

CARBONO

No dia 19 último o governo publicou o Decreto Nº 11.075 estabelecendo os procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas, instituindo o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa e a devida alteração do Decreto nº 11.003, de 21 de março de 2022.

Trata-se da criação do mercado de carbono no país. Na próxima quarta-feira, dia de ARTIGO na Coluna Via Sustentável, teremos uma colaboração de Natascha Trennepohl, especializada em Direito Ambiental, abordando o tema.

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