Muito além das expectativas e consenso de mercado, os EUA criaram 254 mil vagas em setembro, de acordo com o relatório de emprego, Payroll, divulgado nesta sexta-feira (4) pelo Departamento do Trabalho. Os dados aceleraram em relação a agosto, quando foram abertos 142 mil postos de emprego. O mercado esperava a criação de 147 mil vagas.

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, “a composição foi muito boa, com a criação de empregos bastante disseminada; indústria decepcionou um pouco, mas no geral os números muito fortes”. No entanto, de acordo com ele, isso gera duas consequências: a primeira é que cai por terra que o FED vai cortar os juros em 0.50 pp na próxima reunião em novembro; e a segunda é que em 2025 os cortes serão menores também, mais lentos. Borsoi acredita que serão dois cortes de 0,25, um em novembro e o outro em dezembro. Além disso, o economista afirma que “o Payroll reforça o mercado de trabalho resiliente e afasta os riscos de recessão”.

Antes a divulgação do Payroll, 68,1% do mercado esperava um corte de 0,25 p.p. nos juros, enquanto 31,9% cogitava uma redução de 0,50 p.p., segundo a ferramenta CME FedWatch.

A bolsa dos EUA

Vitor Melo, estrategista de Ações Internacionais do BTG Pactual destaca o impacto do Payroll na Renda Variável dos EUA. Para ele, o S&P 500 respondeu de uma maneira bem positiva. “O retorno do S&P vai ser meio ‘draivado’ por um crescimento de lucro do que eventualmente uma expansão de múltiplo, uma vez que o S&P está negociando 22x lucro para os próximos 12 meses”, comentou.

Segundo ele, quando se tem crescimento de lucro, se está falando de atividade econômica, se ela continuar de maneira forte como apresentado nesta sexta, essa simetria continua positiva. “Consideramos o Payroll como um dado positivo pra bolsa americana e mantendo o apetite pra ativos de risco”, afirma Melo.

Além disso, ele aponta que o valuation está acima da média histórica, mesmo com as mudanças estruturais do índice, mas acima quando comparado com outras regiões.

Outros números

A taxa de desemprego, por sua vez, teve leve queda de 4,2% para 4,1% nos EUA. O número de desempregados fechou o mês em 6,8 milhões. Já a taxa de participação da força de trabalho, de 62,7%, permaneceu a mesma da leitura de agosto. A métrica emprego-população subiu de 60% para 60,2%.

Em relação aos rendimentos, os ganhos médios por hora do trabalhador americano, de US$ 35,36, subiram 0,4% na comparação mensal e avançaram 4% em relação ao mesmo mês de 2023.

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