Caro Investidor!

Começamos hoje a série sobre as perspectivas, projeções, resoluções, horóscopo, mandingas, e tudo mais que possa influenciar a economia e também os seus investimentos em 2025. A propósito, informamos que no horóscopo chinês, será o ano da Serpente de Madeira, “associada a pessoas imaginativas, criativas, amigáveis e que usam os relacionamentos para atingir seus objetivos”. A paciência é considerada uma característica que pode levar ao sucesso. E você terá que exercer muito a sua paciência. De acordo com os especialistas que conversamos nos últimos dias, o ano começa conturbado no que diz respeito ao cenário macroeconômico.

Imagem: Freepik

Para os analistas da Suno, se entra em 2025 com uma expectativa otimista para a Renda Fixa no Brasil (nada de novo). Assim, o cenário ainda desafiador na economia global, com incertezas em relação à inflação, ao crescimento econômico e às políticas monetárias de grandes economias, também reflete no nosso mercado. “Nesse contexto, a renda fixa apresenta oportunidades interessantes para aqueles que buscam proteger seu patrimônio.”

Brasil

Para o economista e professor dos cursos de ciências contábeis e administração da Universidade de Franca (Unifran), Fabiano Siqueira dos Prazeres, levando em consideração o atual momento das contas públicas e a responsabilidade fiscal da gestão pública, o cenário do Brasil em 2025 se projeta em muitos desafios econômicos e fiscais, principalmente ao considerar a injeção de capital/investimento em áreas que necessitam de um olhar mais cuidadoso e responsável.

“Dessa forma, projeta-se cuidado com as contas públicas e sob a ótica microeconômica. Além disso, vale ressaltar que 2025 não será um ano indicado para o empresário arriscar em investimentos com riscos altos no retorno”, afirma .

Para o próximo ano, a previsão do Produto Interno Bruto (PIB), se configura entre 1,7% e 2,5% de crescimento, levando em consideração as altas taxas de juros e seu reflexo no pagamento dos juros da dívida pública.  

No caso das exportações, o cenário para o Brasil é bastante otimista, de acordo com o professor. “Hoje o Brasil está consolidado no mercado global, principalmente porque vários países ainda possuem escassez de produtos que apenas o Brasil, pelo seu solo e extensão geográfica, pode oferecer. Portanto vejo ainda o Brasil como protagonista nas exportações nos próximos anos”.

Mesmo com a vitória de Donald Trump, o economista destaca que os EUA é um grande parceiro do Brasil em negócios, principalmente com relação às commodities. Então é provável que terão mais acordos bilaterais entre EUA e Brasil.  

“Falando especificamente sobre o Brasil, observamos nas últimas semanas um aumento no pessimismo. Isso por conta da confirmação de que o país seguirá uma política fiscal bastante desalinhada com o que seria considerado ideal. A relação dívida/PIB continua alcançando patamares preocupantes, e o governo demonstra pouco interesse em corrigir essa trajetória – ainda mais porque já estão visando as eleições de 2026.”, comenta Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.

Segundo ele, essa percepção tem gerado ruído no mercado. “A perspectiva para a bolsa brasileira, o real e os juros foi amplamente revisada. O cenário atual desanima aqueles que acreditavam em uma recuperação mais rápida dos preços das ações no curto prazo. Para os próximos meses, há espaço para uma deterioração adicional: o dólar pode alcançar novos patamares acima de R$6, e a curva de juros projeta a Selic chegando a níveis próximos de 15%.”

Juros

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o Banco Central deve realizar pelo menos mais duas altas de um ponto percentual nos juros, com grande chance de a taxa alcançar 15%. 

“Dificilmente haverá espaço para cortes em 2024, considerando os efeitos das políticas americanas, especialmente do governo de Donald Trump, que podem gerar pressões inflacionárias e levar o Federal Reserve a subir os juros, limitando ações do Banco Central brasileiro”, comenta.

Câmbio

No câmbio, segundo Cruz, a tendência é de um patamar mais desvalorizado, acima de R$ 6, especialmente se a moeda americana se fortalecer com políticas econômicas de Trump.  “No entanto, uma reversão pode ocorrer caso ele adote medidas para enfraquecer o dólar.

Com juros elevados, a atividade econômica deve desacelerar de forma mais intensa, reduzindo o crescimento de 3,5% para cerca de 2,5% em 2024. Isso pode manter a inflação próxima ao teto da meta, de 4,5%.”

João Gentina, especialista em investimentos no exterior da WIT Invest, diz que há projeção de um dólar mais forte nos próximos anos, especialmente em uma administração em que Trump deve adotar políticas protecionistas, como o aumento de impostos sobre bens importados e a redução de impostos para empresas e cidadãos americanos. 

“Isto provavelmente fortaleceria o dólar em relação a outras moedas em todo o mundo. No entanto, o protecionismo poderá introduzir desafios para a economia dos EUA. Por exemplo, evitar importações mais baratas (por exemplo, um produto que custa 5 dólares da China) em favor de alternativas nacionais mais caras (por exemplo, 10 dólares pelo mesmo produto) poderia levar à inflação nos EUA. Além disso, este aumento de custos teria repercussões a nível mundial, uma vez que os produtos fabricados nos EUA que dependem de componentes importados (agora sujeitos a tarifas) se tornariam mais caros para exportar, amplificando a inflação nas cadeias de abastecimento globais”, comenta Gentina.