O ano de 2022 foi muito difícil para novas listagens. Tanto que até novembro — dado mais recente divulgado pela B3 —, a bolsa perdeu 14 empresas. E não ganhou nenhuma.

Sim, você leu certo. Neste ano a CVM não realizou nenhum registro de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

Muitas empresas tiveram seus registros cancelados pelo “xerife do mercado” pela falta de envio de documentos periódicos e outros problemas.

Mas muitas operações também foram suspensas ao longo do ano por causa da turbulência nos mercados.

Cancelamento de IPOs

Segundo Danielle Lopes, analista de ações da Nord Research, a conjuntura que combina juros maiores, desaceleração econômica global e tensões geopolíticas diminuiu o apetite dos investidores pela renda variável e aumentou o interesse pela renda fixa.

“Nossos juros saíram dos 2% para 13,75% atuais. Isso fez com que os investidores voltassem à busca por ativos de renda fixa, retomando a volatilidade usual da bolsa, mas com receios em relação ao novo cenário fiscal no Brasil, volta do ambiente inflacionário e também preocupações com o mercado externo. Dessa vez, não foi somente o Brasil que sofreu as consequências de juros e inflação em alta”, afirma Lopes.

Segundo dados publicados pelo Valor, a capitalização de mercado das 449 empresas listadas na B3 caiu R$ 193 bilhões no acumulado de 2022, totalizando R$ 4,409 trilhões em novembro.

Menos investidores, menos captação de recursos financeiros na bolsa.

Empresas que saíram da bolsa em 2022


O movimento de retração pode ser observado no mercado como um todo. Entre os exemplos estão nomes como Americanas, antes com dois tickers (LAME3 e LAME4) e agora unificou a base acionária para AMER3; a combinação de negócios de Hapvida Intermédica — ticker único HAVP3; a fusão entre Unidas Localiza — ficando as ações de RENT3; Focus Energia e Eneva — permanecendo as ações ENEV3; Mosaico Banco Pan — restando as ações de BPAN4; e o Inter que foi para a Nasdaq, ficando apenas o BDR INBR32 na B3.

Arrumando as malas, com processos de OPAs em andamento atualmente, estão empresas como Boa VistaGetnet Fertilizantes Heringer.

Veja as empresas que possuem chances de saírem da B3 em 2023:

  • brMalls com incorporação por Aliansce Sonae (ALSO3);
  • Hermes Pardini com incorporação por Fleury (FLRY3);
  • SulAmérica com incorporação pela Rede D’Or (RDOR3);
  • Dommo com incorporação pela PetroRio (PRIO3);
  • Getnet (GETT11) e Alliar (AALR3) –  cancelamento de seu registro de oferta pública.

O que esperar para as ofertas públicas em 2023?

As perspectivas para IPOs no ano que vem não são das melhores. Por outro lado, considerando o cenário ainda incerto, as empresas de capital aberto devem abrir mais processos de follow-on.

“Com a oferta de mais papéis no mercado (follow-on) as empresas podem seguir com sua captação de recursos, estruturação e reforço de balanço e financiamento para o crescimento mesmo em um cenário mais complicado”, diz a analista.

Ela acrescenta que as expectativas são baixas para novas ofertas em 2023. “Não imagino que tenhamos um ritmo forte de ofertas se a visibilidade não melhorar para o segundo semestre de 2023, com queda de juros e ambiental mais favorável para mercado de capitais. Para falarmos sobre o segundo semestre de 2023 e começo de 2024, temos que acompanhar tudo que será feito com muita cautela logo no começo do ano”, diz a analista.

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