Depois de ocupar posição mais ligada à especulação e busca por lucro rápido nos últimos dois anos, as criptomoedas devem engrenar um caminho de maior maturidade e solidez daqui por diante, avaliam especialistas em negócios digitaisinvestimentos. Isso significa que, além do sobe e desce da cotação em mercados internacionais para o deleite dos investidores, as moedas virtuaiscomeçam a ampliar a liquidez em negociações internacionais, serem apresentadas de forma mais ordenada em serviços de cotação e comparação e também submetidas a regras mais rígidas de autoridades monetárias.

Alexandre Wright, sócio da BeeTech, fintech brasileira especializada em soluções para vendas internacionais, acredita que o avanço das criptomoedas neste ano, com mais informações, adquirentes e variedade, ajudará a derrubar fronteiras para a maior transação de dinheiro entre consumidores de diferentes países. Ou seja, as moedas digitais serão instrumentos de câmbio com alto poder de liquidez e mobilidade.

“Hoje, as pessoas ficam muito restritas aos serviços financeiros do seu país, e as instituições tradicionais veem o câmbio apenas como mais um dos seus serviços”, explica o executivo.

“Por que uma pessoa não pode pegar um empréstimo no Japão? Fazer um investimento na Austrália? Fazer uma previdência nos Estados Unidos? As criptomoedas terão papel importante, uma vez que serão a provedora de liquidez de todo o sistema, hoje restrito principalmente às moedas fortes como dólar americano, euro e libra esterlina, entre outras”, avalia Wright.

Investidores que buscam ativos como Bitcoins, Cardano, Setllar, Verchain, Iota ou qualquer uma das mais de 2 mil moedas virtuais que se têm notícia no mundo também contarão com mais informações e plataformas de comparação. Diversos sites, aplicativos e softwares de negociação têm chegado ao Brasil para subsidiar investidores de informações. Alguns são pagos, como o site Confionacompra, que desenvolveu um curso especificamente sobre portifólios de criptomoedas. Outros, gratuitos, como o aplicativo TradeMap, que passou a trabalhar com informações em tempo real das moedas virtuais mais populares.

O CEO da Valemobi, empresa desenvolvedora do TradeMap, Nelson Massud, afirma que o objetivo de acrescentar informações sobre ativos como criptomoedasao App é organizar em um único canal informações que costumam ficar escondidas ou pulverizadas em diversos sites.

“É impressionante como o mercado financeiro dispõe de informações riquíssimas que ficam escondidas e distantes de quem precisa acessá-las”, comenta.

Com a organização e maior profundidade do sistema de criptomoedas, também avançam os mecanismos de controle dos governos. A Receita Federal do Brasil confirmou que está criando um sistema para fiscalizar as operações com moedas virtuais no país, semelhante ao que é feito no Japão, em que corretoras e traders repassam informações ao fisco. A medida busca evitar sonegação fiscal, corrupção e lavagem de dinheiro.

Ao longo de 2018, a receita fez diligências nas corretoras de moedas digitais para entender como controlam as próprias atividades. Nos meses seguintes, o órgão elaborou uma minuta de instrução normativa, que abriu para consulta pública. Agora, a ideia é que as corretoras de criptomoedas, empresas ou pessoas físicas que façam transações alertem a Receita sempre que o valor mensal ultrapassar R$ 10 mil. As informações disponíveis são que haverá multa de até 3% do valor da operação por omissão. Para prestação de dados fora do prazo, a penalidade será de R$ 1,5 mil.

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