O 1T20 já demonstrou sinais de atividade econômica enfraquecida.
À redução das exportações para a Argentina se somaram o menor número de dias úteis em fevereiro (dois a menos que no ano anterior) e os primeiros efeitos da crise do coronavírus (COVID-19) sobre a indústria nacional.
Segundo uma pesquisa do IBGE, a produção de Bens de Capital apresentou ligeira queda, de 0,6%, enquanto a produção de Bens de Consumo Duráveis caiu 5,4%, sob influência da queda na fabricação de automóveis.
Entre os principais destaques do resultado, estão:
• A receita líquida do 1T20 foi de R$ 3,8 bilhões, inferior em 1,7% em relação ao 4T19 (R$ 3,9 bilhões);
• As despesas com vendas do 1T20 totalizaram R$ 100 milhões, uma elevação de 30,7% em relação ao 4T19 (R$ 76 milhões), principalmente em função de reversão de provisão para crédito de liquidação duvidosa ocorrida no 4T19, evento que não se repetiu no 1T20;
• O EBITDA foi de R$ 569 milhões no 1T20, uma elevação de 21,5% em relação ao 4T19 (R$ 468 milhões). Esta elevação deve-se principalmente aos melhores resultados das unidades de Siderurgia e Mineração;
• A Companhia registrou prejuízo líquido de R$ 424 milhões (4T19: lucro de R$ 268 milhões);
• O CAPEX totalizou R$ 182 milhões no 1T20 (4T19: R$ 356 milhões), uma redução de 48,8%, em função da concentração de projetos ocorrida no último trimestre do 2019;
• O indicador dívida líquida/EBITDA encerrou o 1T20 em 1,7x (4T19: 1,6x). Tiveram uma elevação na dívida bruta que deve-se, principalmente, à desvalorização do real frente ao dólar no período em 29,0%, que impactou a parcela em moeda estrangeira da dívida, parcialmente compensada pela amortização de encargos de R$ 97 milhões dos Bonds em janeiro, e de R$ 55 milhões das Debêntures em março.
Impacto: Negativo. O cenário é bastante desafiador para a companhia, e deve seguir nessa linha nos próximos trimestres. A Usiminas foi negativamente impactada pelas variações cambiais. Contaram com a paralização de operações em Ipatinga e Cubatão, o que provavelmente prejudicará seu resultado operacional em cerca de 50%. Ainda, seu resultado mostrou bons volumes de aço e minério, com resultado operacional positivo.
PLANNER: USIMINAS (USIM5) – Desvalorização do real leva a expressivo prejuízo no 1T20
A empresa divulgou seus resultados do 1T20 nesta manhã, mostrando aumento das vendas de aço e da receita, mas a forte elevação dos custos financeiros, derivada da desvalorização do real, levaram a empresa ao prejuízo.
Após a teleconferência de hoje às 11 horas, faremos maiores comentários sobre este resultado e as perspectivas da empresa.
A Usiminas teve no 1T20 um resultado negativo de R$ 477 milhões (R$ 0,38 por ação), contra lucros de R$ 219 milhões no trimestre anterior e R$ 47 milhões no 1T19.
A área de siderurgia da Usiminas apresentou aumentos nas vendas de 4,4%, sempre comparando ao 1T19. Além disso, o preço médio de venda apresentou uma pequena elevação (0,8%), permitindo um aumento de 5,2% na receita. O custo caixa de produção de placas no trimestre ficou em R$ 2.318 por tonelada, com crescimento de 8,9%. Porém, menores despesas não recorrentes no segmento permitiram que o EBITDA (R$ 370 milhões)
ajustado da siderurgia fosse 23,1% maior que no 1T19.
Na mineração, a Usiminas teve 4,4% menores no 1T20, devido às fortes chuvas deste ano. No entanto, os melhores preços permitiram o aumento de 39,1% na receita com a venda de minério de ferro. Mesmo com o aumento de custos nesta área, o EBITDA no trimestre (R$ 214 milhões) foi 40,2% maior no 1T20 com margem similar.
O aumento dos custos financeiros no 1T20 (531,6%) foi devido à forte desvalorização do real no trimestre, que somou R$ 775 milhões.
A dívida líquida da Usiminas ao final do 1T20 era de R$ 3,6 bilhões, maior em 10,9% que no trimestre anterior, mas 5,0% abaixo do 1T19. A relação dívida líquida/EBITDA no 1T20 ficou em 1,7x, vindo de 1,6x do 4T19 e 1,5x no 1T19.
Em 2020, USIM5 caiu 47,3%, maior que o Ibovespa, cuja desvalorização no período foi de 28,2%. A cotação desta ação no último pregão (R$ 4,97) estava 56,5% abaixo da máxima alcançada neste ano e 32,7% acima da mínima.