O aumento das importações, em volume e preços, junto com a redução no volume exportado explica a queda do superávit em maio em relação ao mesmo mês de 2021, segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV). As exportações para a China caem, mas o país continua a liderar o resultado do saldo positivo da balança comercial. Destaque para o desempenho comercial da conta de petróleo e derivados que reduziu o seu superávit de US$ 2,8 bilhões para US$ 88 milhões.

O saldo da balança comercial foi de US$ 4,9 bilhões em maio, o que representou uma queda de US$ 3,6 bilhões, em relação a maio de 2021. No acumulado do ano até maio, a superávit passou de US$ 26,6 bilhões, em 2021, para US$ 25,4 bilhões, em 2022.

A variação interanual das exportações em valor no mês de maio foi de 13,2% e das importações de 39,9%. Na base de comparação do acumulado no ano até maio, as variações foram de 26,6%, para as exportações, e de 30,3%, para as importações.

O aumento em valor das exportações, em maio, é explicado pela variação positiva nos preços (22,5%), já que o volume exportado recuou (8,1%). O mesmo já havia ocorrido em abril, com queda no volume de 9,9% e aumento nos preços de 22,8%. No caso das importações, tanto o volume (3,2%), como os preços (35,2%) aumentaram. Observa-se que a variação mensal interanual no volume importado vinha numa trajetória de queda, desde fevereiro, e, em janeiro, o aumento havia sido de apenas 0,3%.

Com o resultado de maio, a variação no volume exportado no acumulado do ano foi de 0,6% e das importações um recuo de 2,1%. O aumento nos preços de importações supera o das exportações, o que se repete em toda a série da comparação interanual mensal, desde janeiro.

Até maio, as previsões eram de um superávit na balança comercial superior ao de 2021, que foi de US$ 61,2 bilhões, impulsionado pelo aumento nos preços das commodities e o menor crescimento econômico do país, o que reduz a demanda por importações. O aumento nos preços das commodities permanece, mas, o efeito tem sido maior sobre as importações, que era compensado pela redução no volume exportado.

No mês de maio, as maiores contribuições para o aumento do volume importado foram as de derivados de petróleo (óleo diesel, naftas, hulha betuminosa), petróleo e produtos associados a adubos e fertilizantes. Os importadores, com receio da conjuntura internacional e com as turbulências que vem ocorrendo no mercado de petróleo do Brasil, podem ter antecipado suas compras. É prematuro concluir que se iniciou uma mudança no rumo das importações. No caso das exportações, a Organização Mundial do Comércio (OMC) revisou o crescimento do comércio mundial de 4,7% para 3% para 2022, devido a Guerra na Ucrânia, a desaceleração do crescimento na China e aceleração da inflação, o que leva a políticas de aumento de juros e reduz o crescimento da demanda.

O superávit em 2022 pode ainda ser superior ao de 2021, desde que a variação no volume importado desacelere num cenário de elevação de preços das commodities.

As exportações de commodities, que, em maio, explicaram 69% do total exportado, recuaram 13%, em relação ao volume, e registrou aumento de preços de 24,6%. Na comparação do acumulado do ano até maio, a queda foi de 2,2% no volume exportado. Nas importações, as não commodities explicaram 89% das importações e o volume avançou 4% em relação a maio de 2021,com aumento de preços de 31,7%.

Todo o grupo de adubos e fertilizantes e seus componentes químicos são mercadorias não commodities. O aumento de preços das commodities importadas foi de 76,1%, mas com recuo no volume de 7,6%.
O aumento nos índices de preços abrange todas as categorias exportadas e importadas das commodities e não commodities.

Índices de preços e volume por tipo de indústria

No mês de maio, o volume exportado da agropecuária caiu 25,7% em relação a maio de 2021, o da extrativa recuou 6,4% e o da indústria de transformação aumentou em 1,4%. No acumulado do ano até maio, o mesmo comportamento se repete e apenas a indústria de transformação registrou variação positiva de 7,7%. Os preços aumentam para todas as atividades, mas foi a agropecuária que experimentou a maior elevação. A queda nas exportações é liderada, portanto, pela agropecuária.

A indústria extrativa se destaca na análise mensal pelo aumento de preços (149,4%) e foi a única que registrou queda no volume importado (0,3%). No comparativo interanual do acumulado do ano até maio, a indústria extrativa apresenta o maior aumento de preços (113,9%) e de volume (19,5%). Tanto a agropecuária como a indústria de transformação registram redução no volume importado e aumento de preços.

O aumento no volume importado total pelo Brasil em 3,2%, no mês de maio, foi explicado pela agropecuária e a transformação.

A análise por categoria de uso mostra que, no mês de maio, o setor de agropecuária liderou o volume de compras de bens intermediários (55,3%) e de bens de capital (144,3%). Receios de desabastecimento no setor de adubos e fertilizantes e perpespectivas de preços favoráveis das commodities influenciam esses resultados. Já a indústria mostrou queda na compra de bens intermediários e aumento de 14,5% nas compras de bens de capital. Observa-se a diferença nos aumentos de preços de bens intermediários na agropecuária e na indústria, o que ilustra o efeito da Guerra da Ucrânia no mercado de adubos e fertilizantes.

A Balança Comercial do Petróleo e Derivados

A balança comercial de petróleo e derivados foi de US$ 2,8 bilhões, em fevereiro de 2022, começou a declinar e chegou em maio com o valor de US$ 88 milhões. A participação desse grupo nas exportações totais foi 13% e nas importações de 15%. As exportações de petróleo e derivados aumentaram 23,9% e as importações desse mesmo grupo, 109%, na comparação entre maio de 2021 e 2022. As exportações dos demais produtos cresceram 11,7% e das importações dos demais, 32,1%.

O aumento das exportações, em maio, é explicado pelo crescimento dos preços (53,8%), pois o volume exportado caiu, 19,4%. O mesmo comportamento é observado no resultado do acumulado do ano. As variações nos preços de importações foram de 92,8% e de 81,2%, na base de comparação mensal e do acumulado, respectivamente. O volume importado aumentou, mas à taxas bem menores, 6,8% (mensal) e 13,3% (acumulado do ano).

O comércio com os principais parceiros (comparação jan-mai 2021 e jan-mai 2022)
No acumulado do ano até maio, as exportações aumentam para todos os mercados, exceto China e Ásia (exclusive China). A queda para a China foi de 13,1% e para os demais países da Ásia, de 2,4%. O maior crescimento foi registrado para América do Sul (exclusive Argentina), seguido da União Europeia e da Argentina. As importações caem em todos os mercados, exceto as originárias da China.

Para a China, o minério de ferro, que é o segundo principal produto de exportação, registrou queda no volume e nos preços. Os embarques de soja recuaram nesse período e, as exportações de carne suína caíram em valor. O principal destaque são as exportações de carne bovina, com aumento de 91%, em valor. Este país continua a registrar o maior supéravit no comércio bilateral do Brasil, US$ 14,4 bilhões.

Ganhos em 2020 foram no volume exportado e, desde maio de 2021, os ganhos passam a ser explicados pelos preços. Observa-se, porém, que a variação dos preços é menor em 2022, o que não compensa a queda de volume, que só não ocorreu entre fevereiro de 2022 e 2021. Se for mantido esse comportamento, será esperada uma queda no volume exportado para a China em 2022, o que parece provável no atual cenário.

O aumento das exportações para os Estados Unidos está associado ao crescimento das exportações de petróleo bruto (134%), semimanufaturas de ferro, café não torrado (51%), entre outros produtos. É o segundo principal mercado de destino das exportações e de origem das importações do Brasil. O país registrou um déficit de US$ 7 bilhões com os Estados Unidos.

Aumento das exportações para a América do Sul está associado ao setor de material de transportes, automóveis e outros veículos e a crescente importância, em alguns mercados, das exportações de petróleo. Um exemplo é o Chile, onde o petróleo representou 25,5% do total das exportações brasileiras, seguido de automóveis, com participação de 7,9% e aumento de 126% na comparação do acumulado do ano até maio. Com a América do Sul, o país teve um superávit de US$ 4,9 bilhões.

O crescimento das exportações de petróleo se destaca em todas as regiões.

Termos de troca

Os termos de troca registraram aumento de 0,5% entre abril e maio de 2022, mas, em relação ao ano de 2021, o resultado é de queda. Entre maio de 2021 e 2022, os termos de troca recuaram 9,4%.

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