Quem conhece o Brasil, um filetezinho que seja, sabe que por aqui não se tem uma vida propriamente monótona. Às vezes fortes, às vezes de média intensidade, as emoções estão sempre presentes. Com isto, a economia vai andando de uma forma não exatamente linear. Mas vai. O atraso na reforma do IR e as injunções políticas (que temos observado neste espaço com certa frequência) deram pano pra manga na semana recém-encerrada. Em meio a este cenário, a Bolsa de Valores brasileira, um excelente termômetro da vida nacional, mostrou força.   

Afirmando estar “em linha com o crescimento do mercado e a retomada econômica”, a B3 divulgou o resultado do 2TRIM21, apurando receita de R$ 2,676 bilhões; ou seja, 25,7% acima de igual período do ano anterior. O lucro líquido atribuído aos acionistas foi de R$ 1,193 bilhão (aumento de 33,7%), refletindo o desempenho operacional positivo da companhia em todas as linhas de negócio. Os números são superlativos. Somente no segmento de ações, o Volume Médio de Negociações do 2T21 foi de R$ 33,1 bilhões (+17% sobre o 2T20). O número de investidores no primeiro semestre totalizado é 43% maior que o registrado no mesmo período de 2020. Em 30 de junho havia 3,8 milhões de contas na Bolsa brasileira.  

A partir deste terceiro trimestre, a B3 vai incorporar a seus materiais de divulgação índices ESG (gestão ambiental, social e governança) de desempenho. Desta forma, a Bolsa pretende ser indutora do mercado, ao mesmo tempo em que acrescenta novos elementos a seus níveis de transparência.

Mas como a B3 opera no Brasil, e não na Nova Zelândia, Noruega, Suíça ou Dinamarca, volta e meia sente o tranco. Em julho, por exemplo, o investidor estrangeiro repatriou R$ 8,3 BI aplicados em títulos brazucas e, com isto, interrompeu três meses de saldo positivo. Ao mesmo tempo em que se avista um céu azul no horizonte (até o dia 13 de agosto foram registrados 44 IPO´s neste ano, superando com folga 400 companhias listadas), surge ao nível do chão uma cortina de fumaça fossilizada de um velho motor.

REFORMA IRPJ

A Abrasca, Associação Brasileira das Companhias Abertas (que reúne pouco mais de 80% do valor das companhias listadas em Bolsa), divulgou nota à imprensa afirmando que o quarto relatório do PL 2337/21, tramitando na Câmara, “não atingirá os objetivos estabelecidos de neutralidade arrecadatória, incentivo à retomada do desenvolvimento, promoção do investimento, geração de emprego nem de simplificação”.  

De acordo com a entidade, “a redução de alíquota corporativa, de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), menor do que a que constava do substitutivo preliminar, levará a aumento de tributação”. E acrescenta: “A incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) pela alíquota de 20% sobre dividendos distribuídos a partir de 2022, apenas parcialmente compensada pela referida redução da alíquota corporativa, ao longo dos próximos dois anos, inibirá investimento das empresas”. 

IPCA

Pra quem perdeu, na semana, o Portal Acionista noticiou que o IPCA de julho apresentou alta de 0,96% m/m (versus 0,95% m/m de consenso pelo mercado), acelerando com pressões disseminadas. Esta foi a maior variação para o mês de julho, desde 2002.

INFLAÇÃO

Só lembrando que a gasolina já aumentou 51% neste ano (com a troca de presidente da Petrobras e tudo) e que a safra de cana de açúcar vai ter quebra, a ser confirmada nos próximos dias…

Projeção de inflação para este ano, segundo cinco instituições financeiras: Barcleys, 7,25%; Credit Suisse, 8,25%; XP, 7,25%; Bradesco, 7% e Itaú, 7,5%.

IPO 

A Kora Saúde (KRSA3), empresa que opera rede independente de 12 hospitais, no ES, MT, DF, TO e CE, captou R$ 1,6 BI em seu IPO realizado dia13 último. Esta foi a 44ª abertura de capital, neste ano, oficializada na B3.

IPO 2

O Grupo Oncoclínicas (ONCO3), que opera em 10 estados mais o DF, com 69 unidades especializadas em oncologia, radioterapia e transplantes de medula óssea, entre outros, levantou R$ 3,6 bilhões em seu IPO no último dia 10. 

IPO 3

A semana que passou começou com o toque de campainha da Viveo (VVEO3). A distribuidora de medicamentos (controladora das marcas Mafra e Cremer) atuou junto a investidores profissionais e captou R$ 1,8 BI.

STAND BY

A Agribrasil, companhia exportadora de soja e milho, interrompeu o prazo de análise de pedido de registro para o IPO e de migração para o Novo Mercado. Sem mais explicações, diz em nota que informará o mercado “qualquer novidade sobre o tema”.

AUTÔNOMOS

Como anunciado, na edição anterior, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu Audiência Pública para agentes autônomos de investimento.

Acesse o link https://www.gov.br/cvm/pt-br/assuntos/noticias/cvm-lanca-consulta-publica-sobre-novas-regras-aplicaveis-a-agentes-autonomos-de-investimento

AQUISIÇÃO

A Americanas S/A adquiriu, por R$ 2,1 BI, o controle da Hortifruti Natural da Terra, maior rede varejista em produtos frescos do país, com 73 lojas em quatro estados: SP, RJ, ES e MG.

A operação, agora, será analisada pelo Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (CADE). 

AZUL

Pelo menos no balanço a Embraer voltou a ser azul. Depois da queda de movimento na aviação internacional e da desistência da Boeing em adquirir suas ações, a fabricante brasileira de aeronaves apresentou lucro líquido consolidado. A própria companhia lembra que isto não ocorria desde o 1T18.

No 2T21 o lucro ajustado é de R$ 212,8 milhões.

ELÉTRICO

A propósito, a Embraer realizou, na última sexta-feira, o primeiro voo de seu avião elétrico, na cidade paulista de Gavião Peixoto (240 Km da capital). Na definição da empresa, é mais uma iniciativa rumo ao futuro de zero emissões de carbono. O modelo tem parceria técnica da catarinense WEG (maior fabricante de motores do país) e da luso-brasileira EDP, desenvolvendo tecnologias que possibilitem a propulsão elétrica em 100%.  

Nas primeiras avaliações em voo tripulado foram analisadas características primárias como potência, desempenho, controle, gerenciamento térmico e segurança de operação. O objetivo é demonstrar em condições reais os resultados obtidos em simulação computacional, ensaios em laboratório e integração da tecnologia em solo, que acontecem desde o segundo semestre de 2019 na unidade de Gavião Peixoto.

FERROVIA

A VLI, empresa de logística que opera terminais, ferrovias e portos, anuncia a implementação de nova estrutura de carregamento permitindo que fertilizantes importados via Porto de Santos (SP) sejam movimentados integralmente por um modal ferroviário até o Terminal de Transbordo do TFER, em Uberaba, no Triângulo Mineiro. O investimento é de R$ 107 milhões e a capacidade instalada comportará a movimentação de 825 mil toneladas/ano.

AGRO

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou, dia 12, o fechamento dos dados de julho do comércio exterior do agronegócio brasileiro. A balança comercial setorial encerrou o mês com saldo positivo de US$ 10,1 bilhões, sendo registradas exportações de US$ 11,29 bilhões e importações de R$ 1,23 bilhão.

Na comparação com julho de 2020, registra alta de 38,6% nos preços médios das exportações, enquanto no acumulado dos sete primeiros meses de 2021 a alta é de 20,8%. De acordo com o Ipea, o preço médio dos produtos embarcados no Brasil segue com tendência de alta.

No acumulado do ano, de janeiro a julho de 2021, os produtos com maior variação positiva nos preços médios foram a soja (28,6%), a carne bovina (12,2%), o açúcar (14,7%), a madeira (15%) e o milho (22,2%).

ARTIGO

Hidrogênio verde: o combustível do futuro

(*) Andreas F. H. Hoffrichter

Imagine se fosse possível obter energia usando água como matéria-prima em substituição ao petróleo e ao gás natural, reduzindo a zero a emissão de gás carbônico (CO2) nesse processo.  

A solução, cada vez mais viável economicamente, é a produção de hidrogênio por meio da separação da água em hidrogênio e oxigênio pela utilização da energia elétrica, processo conhecido como hidrólise. Se essa energia gerada vier de fontes limpas e sustentáveis como a eólica, hídrica e solar, resulta o hidrogênio verde, o combustível do futuro!

O Brasil produz 83% de sua energia por meio dessas fontes, que são abundantes. O potencial é enorme e constitui uma vantagem competitiva sem igual, e, também, um meio para reduzir drasticamente as emissões de carbono de modo a atingir as metas firmadas no Acordo de Paris, do qual o Brasil é signatário.

O hidrogênio é três vezes mais potente que a gasolina. A sua combustão libera água na forma de vapor, e, portanto, trata-se de uma energia limpa, um gás de fácil armazenamento e transporte, muito flexível na sua utilização.

O uso da energia elétrica na indústria da mobilidade é irreversível. A indústria automotiva já anunciou o fim do motor a combustão até o final desta década. O hidrogênio pode ser aplicado como alternativa nos casos em que não faz sentido usar uma bateria, e sim um gás ou líquido que pode ser armazenado em tanques, por exemplo, nos ônibus, trens, caminhões pesados e empilhadeiras. Ele também pode ser utilizado na siderurgia, na indústria química, na produção de cimento, do vidro e da cerâmica, entre outros.

Para o Brasil, o hidrogênio pode ser a chave para impulsionar ainda mais um setor que contribui muito para a geração do nosso PIB, o agronegócio. O nosso país é um dos principais produtores mundiais de alimentos – não à toa, é chamado de celeiro do mundo. Ele é o quarto maior consumidor de fertilizantes e importa aproximadamente 80% do total de que necessita.

O hidrogênio é utilizado para sintetizar a amônia, base para produzir a ureia e o nitrato de amônia, que são fertilizantes amplamente utilizados na nossa agricultura. Se produzirmos hidrogênio verde sem emissão de gás carbônico, teremos uma matéria-prima de origem nacional para a produção desses fertilizantes, reduzindo a nossa dependência estratégica das importações e fortalecendo a nossa produção agrícola de modo sustentável.

A produção do hidrogênio verde ainda é cara, mas o seu custo tende a cair, à medida que aumentarmos a produção de energia elétrica renovável e avançarmos no desenvolvimento de processos inovativos de hidrólise com maior eficiência.

Atualmente, são necessários 50.000 KWh para produzir 1.000 KG de hidrogênio verde, quantidade suficiente para abastecer 11 domicílios, com três moradores cada, por um período de um ano.

A Alemanha lançou, recentemente, por meio do seu Ministério Federal da Economia e Energia, o Plano Nacional de Hidrogênio Verde, que constitui e regula a produção, o transporte e a utilização do hidrogênio verde, bem como as inovações e investimentos necessários.

Já foram investidos mais de 8 bilhões de euros para a ampliação da produção de hidrogênio verde, o que representa uma economia de milhões de toneladas de gás carbônico.

Na Europa, estima-se um mercado que crie um faturamento de 800 milhões de euros por ano e que gere 5,4 milhões de empregos até 2050.

A AHK Paraná trabalha intensamente para estimular e intensificar a cooperação entre o Brasil e a Alemanha, e fomentar a produção de hidrogênio verde a fim de promover o progresso econômico sustentável.

(*) Andreas F. H. Hoffrichter é diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná). 

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