Para medir esse engajamento entre as empresas, a plataforma criou o ranking das 100 corporações que mais tiveram relacionamento com os empreendedores em 2020. No topo da lista, estão Natura, ArcelorMittal e BMG. “Em 2016, eram 82 empresas com algum tipo de parceria com startups. Neste ano, temos 1.635 companhias com contratos firmados”, afirma o presidente da 100 Open Startups, Bruno Rondani.
Na avaliação dele, as startups são hoje a principal fonte de inovação do mercado – espaço antes dominado pelas universidades, que ainda têm papel importante no setor. De 2016 para cá, os negócios entre empresas maduras e aquelas em estágio inicial somaram mais de R$ 1 bilhão, segundo o executivo. “As grandes companhias querem aumentar a capacidade de inovação em todos os níveis.”
Com estruturas mais pesadas e complexas, que dificultariam a contratação de uma companhia pequena, essas empresas têm apostado na criação de hubs de inovação ou programas específicos para se aproximarem desse ecossistema e desenvolver soluções para problemas específicos.
“Trazemos essas empresas para que elas nos ofereçam algum tipo de serviço”, diz Agenor Leão, vice-presidente da Plataforma de Negócios da Natura, que este ano ficou em primeiro lugar no ranking da 100 Open Startups. Em 2019, o vencedor foi o BMG e, em 2018, a Accenture.
Leão conta que a aproximação com as startups tem o objetivo de acelerar processos que poderiam demorar muito tempo para serem concluídos. Desde 2016, a empresa vem investindo na transformação digital, sobretudo, com a criação do Natura Startup, um ambiente onde empreendedores podem se conectar com a companhia.
Nesse período, a gigante do setor de beleza analisou 5 mil startups, interagiu de alguma forma com 100 e firmou contrato com 40. Só durante a pandemia, foram 9 parcerias. Uma das soluções resultantes de contratos com startups foi o espelho virtual, um simulador de maquiagem que dá às clientes a possibilidade de “experimentar” os produtos da empresa por meio de realidade virtual.
Outro exemplo, diz Leão, é o investimento recém-anunciado na Singu – um marketplace de serviços de beleza delivery. “Esse é um exemplo de como as startups nos acelera. Poderíamos levar até um ano para desenvolver uma plataforma como a Singu, que já está em operação.”
Formatos
Os modelos de parcerias entre as grandes e as pequenas empresas têm ocorrido por meio de contrato de prestação de serviço, aquisição do produto (caso da Singu) ou apenas o acesso à rede da empresa para o desenvolvimento de ferramentas.
Segundo Rondani, da 100 Open Startups, 54% dos contratos firmados com os empreendedores são de prestação de serviços e envolvem pagamento em dinheiro. O restante compreende parceria de colaboração e projetos-piloto que podem ou não ser pagos. Na produtora de aço ArcelorMittal, segunda no ranking das mais engajadas deste ano, projetos envolvendo startups já somam R$ 30 milhões desde 2018, quando a empresa decidiu apostar nesse ecossistema.
“Percebemos que tínhamos de ser humildes e trazer esse novo universo para dentro da empresa. Queremos ser uma empresa de solução de aço, e não só uma empresa de commodities”, diz Paula Harraca, diretora de Pessoas e Inovação Aços Longos e Mineração da ArcelorMittal.
Foi aí que a empresa criou o Açolab, um espaço para interação com startups, que permitiu mais de 1.500 conexões com empreendedores em dois anos. O principal objetivo, diz Paula, é desaprender e aprender de forma diferente. Segundo ela, 54% das iniciativas visam ao aumento da produção e redução de custos.
A lista da 100 Open Startups de 2020 inclui ainda Unilever e Raízen entre as Top 10. Em sétimo lugar, a fabricante de açúcar e etanol e distribuidora de combustíveis Raízen criou a Pulse, um hub de inovação que nasceu como uma forma de incentivar a tecnologia no setor de agronegócios.
Hoje, no entanto, a empresa busca soluções também para a área de logística, distribuição comercial, operação e recursos humanos. Pedro Noce, gerente de inovação digital da empresa, afirma que desde sua criação, há três anos, o Pulse já soma 38 startups associadas, 54 projetos-piloto executados e 15 contratos firmados.
A Unilever, que saltou do 23.º para o 8.º lugar neste ano, também tem elevado as conexões com as startups por meio de sua Garagem de Inovação. “Nós trazemos a escala e a startup traz a profundidade num determinado assunto”, diz a gerente de transformação digital da empresa, Cecilia Varanda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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